Apelo a que se abandonem os objectivos relativos aos biocombustíveis
A União Europeia deve abandonar os seus objectivos relativamente aos biocombustíveis porque estes estão a causar sérios danos ao ambiente, propôs uma comissão de deputados ingleses.
A Comissão de Auditoria ao Ambiente refere que os biocombustíveis são ineficazes na redução de emissões de gases de efeito de estufa e podem ainda ser muito dispendiosos. Para além disso, continua o relatório, as emissões problemáticas dos automóveis podem ser reduzidas de forma mais económica e com menores riscos para o ambiente.
O relatório chega na semana em que a União Europeia vai lançar a sua grande e abrangente estratégia para lidar com as alterações climáticas, que inclui regras para reduzir os riscos associados aos biocombustíveis.
Num versão preparatória, a União Europeia admite que o actual objectivo de ter 5,75% de biocombustíveis nas estradas até 2010 é muito improvável que seja alcançado mas mantém o seu objectivo de 10% destes combustíveis em circulação até 2020.
A União afirma que no futuro os biocombustíveis não serão obtidos a partir de culturas feitas em terrenos florestais, zonas húmidas ou savanas e pradarias, uma decisão que irá agradar aos mais críticos.
A União também vai estipular que os biocombustíveis atinjam um patamar mínimos de poupança em emissões de gases de efeito de estufa mas estes números são contestados e parece que os cálculos tencionam excluir o carbono produzido e libertado pela perturbação do solo aquando das plantações para biocombustíveis. Só esse aspecto já tornará a situação muito controversa.
Também não é claro de que forma a União Europeia tenciona garantir que a sua produção de biocombustíveis em terrenos agrícolas não inflacione o preço dos alimentos ou mesmo substitua a sua produção totalmente, levando as comunidades locais a derrubar mais floresta virgem para cultivar alimentos.
O comité de deputados ingleses refere que os objectivos europeus estão a levar à subida dos preços dos alimentos e a ameaçar o fornecimento de comida aos mais pobres.
A União Europeia e o governo inglês deviam concentrar-se numa utilização de biocombustíveis sustentáveis, como o óleo vegetal das frituras, bem como no desenvolvimento de tecnologias para biocombustíveis mais eficientes, dizem eles.
O Comité de Auditoria Ambiental diz que o governo inglês e a União Europeia têm vindo a laborar em erro ao dar prioridade aos biocombustíveis para o transporte rodoviário, quando é muito mais eficiente com a tecnologia actual utilizá-los para a climatização.
Ainda na semana passada foi publicada uma declaração do comissário europeu para o ambiente Stavros Dimas admitindo que a União não tinha previsto todos os problemas relacionados com os biocombustíveis. Segundo os deputados, isso só prova a necessidade de uma moratória sobre este objectivo até que os biocombustíveis possam ser produzidos de forma sustentável.
O presidente do comité, Tim Yeo, comenta: "Os biocombustíveis podem reduzir as emissões de gases de efeito de estufa no transporte rodoviário mas actualmente a maioria deles tem um impacto negativo no ambiente como um todo."
O relatório é fortemente apoiado pela RSPB que considera os objectivos relativos aos biocombustíveis "falaciosos". A Royal Society partilha as preocupações do comité sobre a questão de a União não garantir que apenas os biocombustíveis mais eficientes são encorajados mas ao mesmo tempo teme que surja uma onda anti-biocombustíveis que leve a que os investidores não busquem novas e melhores tecnologias.
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Fonte: Simbiotica
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