Das dietas da moda aos novos produtos alimentares, o debate de ideias sobre o peso dos estilos de vida e hábitos nutricionais emergentes esteve aceso no II Congresso Luso-Espanhol de Alimentação, Nutrição e Dietética e VI Congresso de Nutrição e Alimentação, no EuroParque, em Santa Maria da Feira, Porto.
Em entrevista
A Performance falou com alguns dos especialistas presentes no Congresso e quis saber quais os novos desafios que se colocam actualmente à ciência nutricional e aos consumidores.
Dietas hiperproteicas, vegetarianismo e macrobiótica
"(…) A dieta no vegetarianismo e na macrobiótica é um dos componentes de um estilo de vida cuja adopção pode englobar motivações filosóficas, políticas, religiosas, ambientais, económicas e evidentemente também as relacionadas com a saúde e bem-estar. A contribuição deste tipo de dietas para uma maior esperança e melhor qualidade de vida é reconhecida, desde que não estejamos a falar das suas formas mais radicais onde as deficiências do ponto de vista nutricional podem ocorrer, principalmente se o seu planeamento não for acautelado por pessoal habilitado. Nutricionalmente, beneficiam da riqueza em hidratos de carbono complexos, micronutrientes e fibra a par de um valor calórico menor pela diminuição do conteúdo em gordura e proteína. Por outro lado, o comportamento alimentar está aqui frequentemente associado a outros comportamentos saudáveis como por exemplo o incentivo à prática regular de actividade física (...)”
Carla Pereira, nutricionista, Hospital de Nossa Sra. do Rosário
Novos produtos alimentares: “mais em menos”.
“Esta terminologia, “mais em menos”, significa, sobretudo, que o desenvolvimento das ciências da nutrição tem levado a indústria alimentar a produzir e levar até ao consumidor produtos cada vez mais diferenciados sob o ponto de vista nutricional, procurando satisfazer não só o gosto como as necessidades de cada um. (…) Constituem exemplos do que foi afirmado, a adição de fitosteróis a alimentos como o leite ou leite fermentado, que propiciam uma melhoria nos níveis de colesterol plasmático, a adição de cálcio a diversos produtos alimentares, que ajuda a colmatar a carência deste mineral em alguns grupos de indivíduos, ou ainda a supressão de ácidos gordos trans em margarinas, o que melhora de sobremaneira o seu perfil lipídico e consequentemente os seus efeitos sobre a saúde cardiovascular.”
Nuno Borges, FCNAUP, Doutorado em biologia humana
Os mutagéneos nos alimentos
“De entre os muitos tipos de compostos com a actividade mutagénica, destacaria as aminas heterocíclicas: o Homem está continuamente exposto às aminas heterocíclicas. Formam-se em processos culinários de alta temperatura (> 200 º C) por pirólise de proteínas, aminoácidos ou creatina. Razões pelas quais a sua formação pode ocorrer ao fritar carnes (…)”
Alejandro Santos, doutorado pela FCNAUP
Fonte: Performance - 27/9/2007
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