Da evolução à extinção

A vida na Terra surgiu há milhões de anos, evoluiu lentamente e está desaparecendo a um ritmo sem precedentes: um em cada quatro mamíferos, um em cada oito pássaros, um terço de todos os anfíbios e 70 por cento das plantas catalogadas do planeta aparecem agora na Lista Vermelha de Plantas e Animais em Perigo, da World Conservation Union (IUCN), responsável pelo relatório anual das espécies em risco de extinção, segundo o qual, o ritmo de extinção atual é 10.000 vezes mais alto do que se estimava.

A atividade humana, destruindo os habitats naturais através da urbanização, agricultura e desmatamento, juntamente com as mudanças climáticas representam as maiores ameaças às plantas e animais. Hoje, 16.306 espécies estão ameaçadas de extinção, enquanto as já extintas somam 785. Nossas vidas, é bom lembrar, dependem da biodiversidade e sua proteção é essencial para a nossa sobrevivência.

Segundo o World Wildlife Fund (WWF), estamos em alerta vermelho, e a situação das espécies é um espelho da situação do planeta; elas estão sendo submetidas a enormes pressões à medida que nós sistematicamente destruímos seus habitats ou as superexploramos para sustentar nosso cada vez mais exigente modo de vida; precisamos urgentemente reverter esta ameaça e começar a viver conforme a real disponibilidade de recursos naturais do planeta.

Tradução: sustentabilidade, palavra da moda, derivada de sustentar, entre cujos significados encontram-se conservar, agüentar, suportar e, principalmente, lutar em defesa de algo. Quando se fala com tanta freqüência em desenvolvimento sustentável, incorre-se em certo abuso da expressão, a menos que se lha acrescente o adjetivo limitado. Desenvolvimento sustentável limitado, aí sim. Limitado pela quantidade de recursos naturais disponíveis, e as opiniões acerca dessa disponibilidade são controversas, há quem diga que ela já ultrapassou em muito o limite do razoável, porque estes recursos precisam ser divididos entre todos os seres vivos.

A questão da água é tão importante quanto a da energia, e um terço da humanidade – por enquanto - sofre com a sua falta, e por “água” deve-se entender aquela que se presta ao consumo, a qual está tendo sua quantidade gradualmente reduzida pela contaminação dos lençóis freáticos, lagos e rios. O maior consumidor de água é a agricultura, que requer, atualmente, 78% de toda ela, e a plantação intensiva de cana, beterraba e tudo o mais que se preste à produção de biocombustíveis tende a acentuar este consumo.

O pintor novaiorquino Walton Ford dá uma visão artística da disputa entre os seres vivos, ou melhor, entre os homens e os demais seres vivos, em sua crítica das relações dos homens com os animais e a natureza. Todas as suas obras são produto de histórias e fábulas que o autor lê e nelas se inspira. Preocupado com o meio-ambiente, Ford pinta a própria cadeia alimentar: leões que dominam humanos, gorilas que se rebelam contra as câmeras dos fotógrafos, leões que engolem crocodilos, como que ilustrando a justiça implacável da Natureza. Ele fala sobre um espécime conhecido como Martha, a remanescente única de bilhões que existiam na América do Norte no século XVII. Seu corpo foi doado ao Smithsonian Institute, onde foi mantida, empalhada, sob a epígrafe: “Martha, a última de sua espécie, falecida às 13 horas de 1º de setembro de 1914, aos 29 anos, no Zoológico de Cincinatti, Ohio. Sua obra ‘Pancha Tantra’ será publicada em novembro pela editora Taschen. www.taschen.com

Como se viu acima, apenas com o exemplo de algo tão comum como a água, a competição entre os seres vivos é absurdamente intensa, e pode ser amenizada se o homem mudar seus hábitos de consumo. Ou isso, ou acabará figurando na Lista Vermelha.

Luiz Leitão
luizmleitao@gmail.com
http://detudoblogue.blogspot.com

Fonte: [ Olhar Direto ]

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