Pesquisa busca a cura de doenças a partir das plantas da Amazônia

Mirtes Bogéa

Parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e a Unip vai rastrear novas moléculas que poderão resultar em medicamentos contra o câncer, hipertensão e outros

Em 1995, os médicos Drauzio Varella e Riad Younes, membros do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, decidiram iniciar uma busca pelo conhecimento de extratos de plantas e árvores em uma região que contém uma das maiores biodiversidades do mundo: a Amazônia. O objetivo da iniciativa era identificar novas moléculas que levassem ao desenvolvimento de medicamentos contra doenças como o câncer e a hipertensão.

“Cerca de 60% dos remédios se originam de plantas e na época, a flora amazônica era sub-pesquisada. Fazia sentido rastrear essas plantas” garante o cirurgião torácico Riad Younes, diretor clínico do Hospital Sírio-Libanês.

Baseados no modelo do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, os pesquisadores contaram com o patrocínio da Universidade Paulista - UNIP e estabeleceram um laboratório (em São Paulo e em Manaus) onde já foram classificadas 1 mil espécies de plantas, obtidos 2,2 mil extratos vegetais e 1.220 extratos já testados.

Até o momento, 120 extratos já testados apresentaram atividades antitumorais e/ou antibacterianas e agora, o Laboratório de Extratos da UNIP une-se ao Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês para aumentar a velocidade do rastreamento e dar os próximos passos na pesquisa de novos fármacos.

Segundo o Dr. Riad Younes, o Laboratório integrado das duas instituições usará uma metodologia que poderá ser aplicada em vários modelos, possibilitando que pesquisadores conduzam estudos em várias linhas. Ou seja, no futuro, poderão ser descobertas drogas para vários tratamentos.

A parceria com o IEP - Hospital Sírio-Libanês, que investirá R$ 600 mil na iniciativa, em 2008, proporcionará um passo importante para os estudos. O novo laboratório contará com equipamentos mais sofisticados que permitirão o fracionamento das substâncias em busca de novas moléculas. Uma das ações do laboratório, que começa a funcionar no início do ano, pretende iniciar os ensaios na área de hipertensão.

Um projeto sustentável

O trabalho dos médicos Drauzio Varella e Riad Younes foi o primeiro projeto de bioprospecção a solicitar autorização junto ao Ibama, e um dos poucos projetos autorizados a conduzir a extração nas áreas sob a responsabilidade do órgão governamental.

Ainda de acordo com a autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, órgão que conta com representantes de vários Ministérios, o projeto não visa nenhum lucro e as eventuais descobertas reverterão divisas para a sustentabilidade da própria Amazônia.[14]

Estão previstas ainda pesquisas com plantas da Mata Atlântica.

O novo laboratório, na sede do IEP, em São Paulo, oferecerá oportunidades para pesquisadores de várias áreas. A previsão de descoberta de uma nova molécula, que possa levar a um novo remédio, é de um a dois anos.

Fonte: [ SEGS.com.br ]

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