Barriga grande aos 40 aumenta risco de Alzheimer, diz estudo
Abdômen largo pode interferir no cérebro? |
Os pesquisadores monitoraram, ao longo de uma média de 36 anos, 6.583 pessoas com idades entre 40 e 45 anos, do norte do Estado da Califórnia, e registraram suas medidas do abdômen.
Ao chegar aos 70 anos, quase 16% dos participantes receberam um diagnóstico de demência. O estudo constatou que quem tinha um abdômen mais avantajado tinha uma probabilidade quase três vezes maior de desenvolver doenças deste tipo do que os que tinham pouca gordura abdominal.
Ter uma barriga grande aumentou o risco de demência mesmo em casos em que os participantes tinham um peso geral normal.
Pessoas com o peso um pouco acima do considerado normal e com uma barriga avantajada tinham uma probabilidade 2,3 vezes maior de desenvolver demência em relação a pessoas com o peso normal e medida abdominal normal.
Pessoas obesas e barrigudas tinham uma probabilidade 3,6 maior de desenvolver demência em comparação às com peso e barriga considerados de dimensões normais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são consideradas acima do peso as pessoas com índice de massa corporal (IMC, uma relação entre o peso e a altura) acima de 25, enquanto aqueles com um índice superior a 30 são consideradas obesas.
Diabete e derrame
Os pesquisadores dizem que já foi demonstrado que ter barriga avantajada na meia-idade pode aumentar o risco de diabete, derrame e doenças coronárias, mas esta é a primeira vez que foi mostrado que isto também leva a um aumento do risco de demência.
No estudo, mulheres, pessoas com pressão arterial alta, colesterol elevado ou diabete apresentaram maior probabilidade de ter uma barriga maior.
Os cientistas aventaram a hipótese de que a associação de um abdômen avantajado à demência não seja provocado mais por um complexo conjunto de atitudes ligadas à saúde do que pela barriga em si.
"Autópsias mostraram que mudanças no cérebro associadas ao mal de Alzheimer podem começar na fase inicial ou média da vida adulta, e outro estudo mostrou que grande concentração de gordura no abdômen em adultos mais velhos está ligada a uma maior atrofia do cérebro", disse a autora do estudo, Rachel A. Whitmer, pesquisadora da Kaiser Permanente Division of Research em Oakland e integrante da Academia Americana de Neurologia.
"Estas conclusões implicam que os efeitos danosos da obesidade abdominal no cérebro pode começar muito antes do aparecimento de sinais de demência".
Segundo ela, são necessárias mais pesquisas para determinar quais os mecanismos que ligam obesidade abdominal à demência.
O estudo foi publicado na edição online da revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia.
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