Alterações climáticas requerem hábitos alimentares mais "ecológicos"
Dr.ª Vanessa Candeias*
Data: 2008-04-06
Existe uma complexa matriz de interacção entre as condições climatéricas e a alimentação (produção agrícola, criação de gado, pescas, transporte de alimentos, produção alimentar industrial, etc.).
A produção de alimentos influencia o clima e vice-versa, alterações no clima influenciam a produção, cadeia de distribuição e comércio dos alimentos, a quantidade e variedade de alimentos disponíveis para consumo, a segurança e a salubridade alimentar.
O nível de produção agrícola que se verificou nos últimos 50-60 anos não tem qualquer precedente histórico. A produção alimentar adaptou-se às condições climatéricas características das diferentes regiões do mundo, e os produtores conseguiram manter níveis de produção alimentar elevados mesmo com pequenas variações climáticas.
No entanto, prevê-se que alterações climáticas bruscas resultantes do aquecimento global vão criar desafios para os quais os ecossistemas agrícolas não estão preparados e, dificilmente, conseguirão reagir mantendo os níveis de produção alimentar actuais. Por isso, o elevado risco de redução na quantidade de alimentos disponíveis é uma das mais alarmantes consequências do aquecimento global.
Globalmente, cerca de 850 milhões de pessoas passam fome. Destas, cerca de 820 milhões vivem em países em desenvolvimento que, segundo as previsões meteorológicas, serão os mais afectados pelas alterações climatéricas. Para além das variações climatéricas regionais e sazonais, prevê-se que o aquecimento global afecte a produção agrícola, especialmente em regiões tropicais e subtropicais deixando as populações que vivem nestas zonas mais vulneráveis a baixos rendimentos, fomes e insegurança alimentar.
A problemática das secas
As altas temperaturas exacerbam os efeitos das secas, danificam as plantações, e destroem colheitas. As secas reduzem o crescimento vegetal e a produção animal e, por isso, têm adicionalmente um efeito directo nos rendimentos dos produtores. Chuvas abundantes causam inundações e a saturação dos solos com água. Ventos fortes, ciclones ou furacões causam danos mecânicos nas culturas, erosão dos solos e degradação da terra arável.
O actual sistema de produção alimentar (caracterizado por agricultura intensiva, transporte de alimentos para longas distâncias, produção industrial de alimentos, bebidas e refeições, etc.) contribui para o aquecimento global. Para minimizar o impacto dos seus hábitos alimentares no clima considere as seguintes recomendações quando faz as suas escolhas:
- Atente na origem dos alimentos que consome e, sempre que possível, prefira os alimentos produzidos localmente, cuja produção tem modo geral um menor impacto sobre o meio ambiente;
- Consuma preferencialmente alimentos da época;
- Pense nos quilómetros que o alimento que vai consumir fez para chegar ao seu prato. Considere não só, o local de produção do alimento, mas também o sítio onde este foi processado, armazenado e embalado;
- Atente nos materiais utilizados para embalar os alimentos e sempre que for possível envie as embalagens para a reciclagem;
- Procure variar o mais possível a sua alimentação. Deste modo, vai contribuir para a promoção da biodiversidade das espécies alimentares .
Fonte:
Dr.ª Vanessa Candeias *
Nutricionista do Instituto de Medicina Preventiva
da Faculdade de Medicina de Lisboa
Jornal do Centro de Saúde
Data: 2008-04-06
Existe uma complexa matriz de interacção entre as condições climatéricas e a alimentação (produção agrícola, criação de gado, pescas, transporte de alimentos, produção alimentar industrial, etc.).
A produção de alimentos influencia o clima e vice-versa, alterações no clima influenciam a produção, cadeia de distribuição e comércio dos alimentos, a quantidade e variedade de alimentos disponíveis para consumo, a segurança e a salubridade alimentar.
O nível de produção agrícola que se verificou nos últimos 50-60 anos não tem qualquer precedente histórico. A produção alimentar adaptou-se às condições climatéricas características das diferentes regiões do mundo, e os produtores conseguiram manter níveis de produção alimentar elevados mesmo com pequenas variações climáticas.
No entanto, prevê-se que alterações climáticas bruscas resultantes do aquecimento global vão criar desafios para os quais os ecossistemas agrícolas não estão preparados e, dificilmente, conseguirão reagir mantendo os níveis de produção alimentar actuais. Por isso, o elevado risco de redução na quantidade de alimentos disponíveis é uma das mais alarmantes consequências do aquecimento global.
Globalmente, cerca de 850 milhões de pessoas passam fome. Destas, cerca de 820 milhões vivem em países em desenvolvimento que, segundo as previsões meteorológicas, serão os mais afectados pelas alterações climatéricas. Para além das variações climatéricas regionais e sazonais, prevê-se que o aquecimento global afecte a produção agrícola, especialmente em regiões tropicais e subtropicais deixando as populações que vivem nestas zonas mais vulneráveis a baixos rendimentos, fomes e insegurança alimentar.
A problemática das secas
As altas temperaturas exacerbam os efeitos das secas, danificam as plantações, e destroem colheitas. As secas reduzem o crescimento vegetal e a produção animal e, por isso, têm adicionalmente um efeito directo nos rendimentos dos produtores. Chuvas abundantes causam inundações e a saturação dos solos com água. Ventos fortes, ciclones ou furacões causam danos mecânicos nas culturas, erosão dos solos e degradação da terra arável.
O actual sistema de produção alimentar (caracterizado por agricultura intensiva, transporte de alimentos para longas distâncias, produção industrial de alimentos, bebidas e refeições, etc.) contribui para o aquecimento global. Para minimizar o impacto dos seus hábitos alimentares no clima considere as seguintes recomendações quando faz as suas escolhas:
- Atente na origem dos alimentos que consome e, sempre que possível, prefira os alimentos produzidos localmente, cuja produção tem modo geral um menor impacto sobre o meio ambiente;
- Consuma preferencialmente alimentos da época;
- Pense nos quilómetros que o alimento que vai consumir fez para chegar ao seu prato. Considere não só, o local de produção do alimento, mas também o sítio onde este foi processado, armazenado e embalado;
- Atente nos materiais utilizados para embalar os alimentos e sempre que for possível envie as embalagens para a reciclagem;
- Procure variar o mais possível a sua alimentação. Deste modo, vai contribuir para a promoção da biodiversidade das espécies alimentares .
Fonte:
Dr.ª Vanessa Candeias *
Nutricionista do Instituto de Medicina Preventiva
da Faculdade de Medicina de Lisboa
Jornal do Centro de Saúde
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