Mundo saudável precisa de muitas espécies

A perda da biodiversidade pode ter um enorme impacto na produção de alimentos, na qualidade da água e nos níveis de dióxido de carbono presentes nas atmosfera, muito mais do que antes se pensava, alertam os cientistas.

Andy Hector, da Universidade de Zurique, Suíça, e o seu colega Robert Bagchi, da Universidade de Oxford, Reino Unido, desenvolveram um método de análise da forma como o número de espécies de um dado local afecta o conjunto total de processos do ecossistema, como a decomposição, a formação do solo, reciclagem de nutrientes e água ou o crescimento vegetal.

Uma estimativa feita em 1997 colocava o valor económico desses serviços, prestados pelos ecossistemas à humanidade, em cerca de US$33 triliões por ano.

Usando dados das planícies europeias, Hector e Bagchi descobriram que à medida que mais processos ecológicos são tidos em conta, o número de espécies necessárias para os manter também aumenta drasticamente. A maioria dos estudos anteriores analisaram cada um dos processos, ou seja, serviços prestados pelos ecossistemas, de forma isolada.

"As análises anteriores focavam-se de forma demasiado estreita e assumiram efectivamente que as espécies que são importantes num processo de um dado ecossistema também são capazes de realizar todos os restantes serviços", diz Hector. "Mas afinal essa situação não é real." Os resultados deste estudo aparecem publicados na última edição da revista Nature.

O estudo fornece as primeiras evidências de que os diferentes processos de um ecossistema de um dado local são afectados por diferentes grupos de espécies. "As pessoas já tinham falado disto antes mas não havia dados que o apoiassem até agora", diz Owen Petchey, da Universidade de Sheffield, Reino Unido.

"Este estudo sugere que para um ecossistema plenamente funcional, com muitas funções portanto, o número máximo de espécies tem que ser preservado", diz Petchey. "Toda a biodiversidade é essencial e nenhuma é redundante. Esta descoberta tem um potencial enorme em termos de políticas de conservação, porque a humanidade depende de muitos serviços essenciais prestados pelos ecossistemas."

Um relatório de 2005 das Nações Unidas concluiu que o Homem causou mais danos à diversidade biológica nos últimos 50 anos que em qualquer outra época da história.

A não ser que esta tendência seja parada e revertida, alertava já o relatório nesse ano, as populações irão perder os benefícios vitais concedidos pelo mundo natural.


Saber mais:

Millennium Ecosystem Assessment

Lançada Enciclopédia da Vida

Biodiversidade está a desaparecer

Salve-se as espécies emblemáticas em primeiro lugar

Século passado assistiu ao declínio da biodiversidade


Nove novas áreas de crise para a biodiversidade

Este boletim é mantido por simbiotica.org, a Rede Simbiótica de Biologia e Conservação da Natureza

Comentários

Postagens mais visitadas