VONTADE DE SALADA - Concelhos para crianças
Adaptação de Luis Guerreiro do folheto - alimentação, Vontade de salada de Iara Biderman
Especialistas dão dicas -sem aviãozinho!- para ensinar as crianças a terem bons hábitos alimentares.
Hora do almoço e começa a missão impossível -pela milésima vez, pais, mães, babás ou professores tentam fazer com que as crianças comam uma refeição equilibrada. Ou simplesmente que comam -qualquer coisa.
A queixa de que o filho não come bem é uma das mais comuns e antigas nos consultórios pediátricos. A preocupação é legítima, mas há suspeitas de que, se os pais se preocupassem menos e relaxassem mais, boa parte do problema estaria resolvida. "Se a felicidade da família depende do que o filho de quatro anos come, ele está frito", avisa o pediatra Fabio Ancona Lopes, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Explica-se: os sensores que regulam a fome e a saciedade estão em uma esfera do sistema nervoso central ligada às sensações primitivas dos indivíduos; estímulos intelectuais e afetivos acionam outras esferas. Se, na hora de comer, essas esferas entrarem em conflito -por exemplo, se a sensação de fome ou de saciedade não corresponder à percepção emocional de que a mãe "está feliz" com o que a criança comeu-, o circo estará armado.
E haja circo. Do aviãozinho à chantagem, da verdura escondida às promessas, pais e mães acabam achando que qualquer tentativa é válida. O problema é que essas estratégias não costumam funcionar sistematicamente. Por isso, mesmo quando os pais conseguem fazer com que a criança engula o alimento desejado, não se obtém o mais importante: criar o hábito da boa alimentação.
"Em uma casa onde todos têm bons hábitos, mesmo a criança que "não come" tem uma grande chance de estar se alimentando bem. E um dia a ficha cai. Ela vai saber e conseguir comer de uma forma saudável", acredita a nutricionista Maria Luiza Ctenas.
Duro é esperar até a ficha cair. Mas os pediatras garantem que, se os parâmetros de crescimento estão normais, não há porque se preocupar com a criança que, aparentemente, come pouco. E esses parâmetros são mais bem observados nos consultórios, por meio da curva de crescimento anotada pelo pediatra a cada consulta. Isso é importante, explica Lopes, porque a partir do segundo ano de vida até o início da puberdade a velocidade de crescimento é, naturalmente, bem menor do que a do lactente e a do adolescente.
Isso tudo não quer dizer que basta relaxar e deixar o filho comer quanto, o que e como quiser. Baixar a ansiedade é apenas o primeiro passo para fazer a questão da comida passar de problema a prazer. Esse é o segredo. Descobrir novas formas de apresentar os alimentos, prepará-los junto das crianças, além de adotar e transmitir bons hábitos à mesa podem exigir paciência. Mas esse processo não deve ser penoso. É o que mostram as 40 dicas dos especialistas ouvidos por Equilíbrio.
Misturar alimentos não é bater tudo junto em uma pasta sem cor nem gosto definido. É importante deixar a criança entrar em contato com sabores variados e aprender a diferenciá-los. Mesmo em uma sopa feita com vários legumes, escolha a cada vez um que será predominante, na cor e no sabor: cenoura, beterraba, etc.
Inclua nas refeições comidas que a criança pode pegar com as mãos: cenoura baby, tomate-cereja, espiga de milho, hortaliças cortadas em palito (erva-doce, pepino).
Coloque os alimentos que compõem a refeição separadamente no prato ou em cumbucas individuais. Eles devem ter cores e texturas diferentes. Deixe a criança se servir sozinha e provar cada uma das diferentes porções.
Para deixar a salada mais atraente, espalhe sobre as folhas pedaços de frutas amarelas e vermelhas (para contrastar com o verde), como manga ou morango.
Cremes ou pastas de vegetais, frutas e legumes no espetinho, também são maneiras simples de valorizar o visual da comida.
Fica mais gostoso quando é a própria criança quem faz a decoração de seu prato.
Espante o tédio da mesa variando o preparo de cada alimento: um dia sirva em forma de bolinhos, cortado em rodelas, ralado etc.
Brincar com a apresentação do prato não significa esconder algum tipo de alimento. Abacaxi é abacaxi, tomate é tomate, mesmo que eles sejam, por exemplo, apresentados em forma de flor.
Sem neuras
Comer é um processo instintivo. O organismo regula a quantidade de energia que precisa por dia; se a criança não comer nada no almoço, por exemplo, ela acabará compensando nas outras refeições. Portanto, respire fundo e e espere até seu filho ter fome.
Nenhum alimento é insubstituível. Seu filho não come cenoura? Ofereça abóbora, mamão ou outros vegetais amarelos e alaranjados, e as fontes de vitamina A estão garantidas. E ele nem precisa comer desses alimentos todo dia, porque o organismo estoca a vitamina A.
A mesma idéia vale para qualquer grupo de nutrientes ou micronutrientes (vitaminas e sais minerais). O ideal é equilibrar todos os grupos em uma refeição, mas não se preocupe se seu filho passar mais de um dia sem comer algum tipo de nutriente. Espere por até uma semana e é provável que ele busque naturalmente alimentos que reponham sua necessidade.
Sem chance
Não sirva no jantar o mesmo cardápio do almoço. Se for reaproveitar os pratos, reinvente as combinações.
Não "ajude" a criança a finalizar o prato. Cada um come aquilo que está no seu próprio prato, a quantidade que achar necessária.
"Raspar" o prato não é uma coisa linda, obrigatória, nem necessariamente desejável. Não obrigue seu filho a isso.
Não faça ameaças de nenhum tipo, como dizer para seu filho que, se ele não comer, ficará doente e terá de ir ao médico. Aliás, quando a criança está doente mesmo, não a obrigue a comer. Mantenha a tranqüilidade e espere até ela sentir fome (isso é um sinal de que ela está se recuperando).
Premiar quem come tudo também não é uma boa prática. É comum os adultos sugerirem que a criança deve comer os legumes, por exemplo, para poder ter a sobremesa. Nenhuma parte da refeição é um prêmio, cada uma tem a sua função, porção e lugar.
O lanche também tem sua função, mas na dose, hora e lugar certo. Não compense no lanche o pouco que seu filho comeu no almoço. O máximo que vai acontecer é ele ficar com mais fome até a hora do jantar e, na melhor hipótese, comerá bem.
Crianças de 5 ou 6 anos estão na fase de estímulos primários. Elas são atraídas por cores, formas, novidades. Nessa fase, os pais podem proporcionar novas experiências gastronômicas para seus filhos, apresentando os diferentes sabores dos alimentos.
Na boca, somos capazes de sentir apenas quatro gostos: doce (na ponta da língua), salgado e ácido (nas laterais) e amargo (no fundo da boca). A criança que já mastiga pode e deve entrar em contato com todos esses tipos de gosto; dessa forma, poderá reconhecê-los e formar um repertório de sabores (que é a mistura das sensações gustativas com as olfativas). Quanto mais amplo for esse repertório, maior a chance de seu filho comer (quase) tudo.
O ambiente da refeição deve ser tranqüilo, sem TV, música e muito menos gritaria. Deixe as conversas sérias e broncas para depois. Todas as refeições (lanches inclusive) devem ser feitas à mesa.
Sempre que possível, faça pelo menos uma das refeições principais com seus filhos. Se o horário de trabalho for muito complicado, tente estabelecer um dia da semana para isso, como rotina.
Comida de crianças a partir de dois anos é a mesma dos adultos -elas seguem os hábitos alimentares da casa. Isso significa que, se os pais não comem frutas ou verduras, os filhos seguirão o exemplo e forçá-los a comer salada pode ser um trabalho inútil. Nesses casos, é preciso rever os hábitos de toda a família.
Leve as crianças para a cozinha. Quando elas mesmas preparam os alimentos, certamente vão querer provar o que fizeram. É uma experiência lúdica, prazerosa, como deve ser a relação com a comida.
Ir à feira com as crianças é um jeito divertido de apresentá-las ao mundo das frutas e verduras. E os feirantes têm técnicas infalíveis para fazer o filho do freguês provar as frutas que querem vender.
Fazer o supermercado com a família toda é um pouco mais complicado, mas vale a pena. É uma boa ocasião para fazer acordos - para levar sorvete, é preciso levar cenoura.
Vê se cola
Sirva porções pequenas -até para dar oportunidade de a criança pedir mais, se quiser, porque gostou ou porque ainda está com fome.
Se o seu filho diz que não gosta de um alimento que não conhece, proponha que ele prove um pedaço (tem de ser pequeno mesmo) e, se não gostar, não precisa comer. Dê um tempo e ofereça pelo menos por mais cinco vezes, em ocasiões e formas de preparo diferentes.
No lugar do doce com açúcar refinado, ofereça banana-passa -o açúcar da fruta pode saciar a vontade irresistível de comer um doce.
Ofereça as comidas que as crianças gostam preparadas de forma mais saudável.
Fontes: FABIO ANCONA LOPEZ, professor de nutrologia do departamento de pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente do departamento de nutrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo; MARIA LUIZA CTENAS, nutricionista e autora de "Crescendo com Saúde" (ed. C2); BETTY KÖVESI; BRANCA SISTER, autora de "Socorro, Meu filho Não quer Comer" (ed. Campus Elsevier)
Adaptação de Luis Guerreiro do folheto - alimentação, Vontade de salada de Iara Biderman
Especialistas dão dicas -sem aviãozinho!- para ensinar as crianças a terem bons hábitos alimentares.
Hora do almoço e começa a missão impossível -pela milésima vez, pais, mães, babás ou professores tentam fazer com que as crianças comam uma refeição equilibrada. Ou simplesmente que comam -qualquer coisa.
A queixa de que o filho não come bem é uma das mais comuns e antigas nos consultórios pediátricos. A preocupação é legítima, mas há suspeitas de que, se os pais se preocupassem menos e relaxassem mais, boa parte do problema estaria resolvida. "Se a felicidade da família depende do que o filho de quatro anos come, ele está frito", avisa o pediatra Fabio Ancona Lopes, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Explica-se: os sensores que regulam a fome e a saciedade estão em uma esfera do sistema nervoso central ligada às sensações primitivas dos indivíduos; estímulos intelectuais e afetivos acionam outras esferas. Se, na hora de comer, essas esferas entrarem em conflito -por exemplo, se a sensação de fome ou de saciedade não corresponder à percepção emocional de que a mãe "está feliz" com o que a criança comeu-, o circo estará armado.
E haja circo. Do aviãozinho à chantagem, da verdura escondida às promessas, pais e mães acabam achando que qualquer tentativa é válida. O problema é que essas estratégias não costumam funcionar sistematicamente. Por isso, mesmo quando os pais conseguem fazer com que a criança engula o alimento desejado, não se obtém o mais importante: criar o hábito da boa alimentação.
"Em uma casa onde todos têm bons hábitos, mesmo a criança que "não come" tem uma grande chance de estar se alimentando bem. E um dia a ficha cai. Ela vai saber e conseguir comer de uma forma saudável", acredita a nutricionista Maria Luiza Ctenas.
Duro é esperar até a ficha cair. Mas os pediatras garantem que, se os parâmetros de crescimento estão normais, não há porque se preocupar com a criança que, aparentemente, come pouco. E esses parâmetros são mais bem observados nos consultórios, por meio da curva de crescimento anotada pelo pediatra a cada consulta. Isso é importante, explica Lopes, porque a partir do segundo ano de vida até o início da puberdade a velocidade de crescimento é, naturalmente, bem menor do que a do lactente e a do adolescente.
Isso tudo não quer dizer que basta relaxar e deixar o filho comer quanto, o que e como quiser. Baixar a ansiedade é apenas o primeiro passo para fazer a questão da comida passar de problema a prazer. Esse é o segredo. Descobrir novas formas de apresentar os alimentos, prepará-los junto das crianças, além de adotar e transmitir bons hábitos à mesa podem exigir paciência. Mas esse processo não deve ser penoso. É o que mostram as 40 dicas dos especialistas ouvidos por Equilíbrio.
Misturar alimentos não é bater tudo junto em uma pasta sem cor nem gosto definido. É importante deixar a criança entrar em contato com sabores variados e aprender a diferenciá-los. Mesmo em uma sopa feita com vários legumes, escolha a cada vez um que será predominante, na cor e no sabor: cenoura, beterraba, etc.
Inclua nas refeições comidas que a criança pode pegar com as mãos: cenoura baby, tomate-cereja, espiga de milho, hortaliças cortadas em palito (erva-doce, pepino).
Coloque os alimentos que compõem a refeição separadamente no prato ou em cumbucas individuais. Eles devem ter cores e texturas diferentes. Deixe a criança se servir sozinha e provar cada uma das diferentes porções.
Para deixar a salada mais atraente, espalhe sobre as folhas pedaços de frutas amarelas e vermelhas (para contrastar com o verde), como manga ou morango.
Cremes ou pastas de vegetais, frutas e legumes no espetinho, também são maneiras simples de valorizar o visual da comida.
Fica mais gostoso quando é a própria criança quem faz a decoração de seu prato.
Espante o tédio da mesa variando o preparo de cada alimento: um dia sirva em forma de bolinhos, cortado em rodelas, ralado etc.
Brincar com a apresentação do prato não significa esconder algum tipo de alimento. Abacaxi é abacaxi, tomate é tomate, mesmo que eles sejam, por exemplo, apresentados em forma de flor.
Sem neuras
Comer é um processo instintivo. O organismo regula a quantidade de energia que precisa por dia; se a criança não comer nada no almoço, por exemplo, ela acabará compensando nas outras refeições. Portanto, respire fundo e e espere até seu filho ter fome.
Nenhum alimento é insubstituível. Seu filho não come cenoura? Ofereça abóbora, mamão ou outros vegetais amarelos e alaranjados, e as fontes de vitamina A estão garantidas. E ele nem precisa comer desses alimentos todo dia, porque o organismo estoca a vitamina A.
A mesma idéia vale para qualquer grupo de nutrientes ou micronutrientes (vitaminas e sais minerais). O ideal é equilibrar todos os grupos em uma refeição, mas não se preocupe se seu filho passar mais de um dia sem comer algum tipo de nutriente. Espere por até uma semana e é provável que ele busque naturalmente alimentos que reponham sua necessidade.
Sem chance
Não sirva no jantar o mesmo cardápio do almoço. Se for reaproveitar os pratos, reinvente as combinações.
Não "ajude" a criança a finalizar o prato. Cada um come aquilo que está no seu próprio prato, a quantidade que achar necessária.
"Raspar" o prato não é uma coisa linda, obrigatória, nem necessariamente desejável. Não obrigue seu filho a isso.
Não faça ameaças de nenhum tipo, como dizer para seu filho que, se ele não comer, ficará doente e terá de ir ao médico. Aliás, quando a criança está doente mesmo, não a obrigue a comer. Mantenha a tranqüilidade e espere até ela sentir fome (isso é um sinal de que ela está se recuperando).
Premiar quem come tudo também não é uma boa prática. É comum os adultos sugerirem que a criança deve comer os legumes, por exemplo, para poder ter a sobremesa. Nenhuma parte da refeição é um prêmio, cada uma tem a sua função, porção e lugar.
O lanche também tem sua função, mas na dose, hora e lugar certo. Não compense no lanche o pouco que seu filho comeu no almoço. O máximo que vai acontecer é ele ficar com mais fome até a hora do jantar e, na melhor hipótese, comerá bem.
Crianças de 5 ou 6 anos estão na fase de estímulos primários. Elas são atraídas por cores, formas, novidades. Nessa fase, os pais podem proporcionar novas experiências gastronômicas para seus filhos, apresentando os diferentes sabores dos alimentos.
Na boca, somos capazes de sentir apenas quatro gostos: doce (na ponta da língua), salgado e ácido (nas laterais) e amargo (no fundo da boca). A criança que já mastiga pode e deve entrar em contato com todos esses tipos de gosto; dessa forma, poderá reconhecê-los e formar um repertório de sabores (que é a mistura das sensações gustativas com as olfativas). Quanto mais amplo for esse repertório, maior a chance de seu filho comer (quase) tudo.
O ambiente da refeição deve ser tranqüilo, sem TV, música e muito menos gritaria. Deixe as conversas sérias e broncas para depois. Todas as refeições (lanches inclusive) devem ser feitas à mesa.
Sempre que possível, faça pelo menos uma das refeições principais com seus filhos. Se o horário de trabalho for muito complicado, tente estabelecer um dia da semana para isso, como rotina.
Comida de crianças a partir de dois anos é a mesma dos adultos -elas seguem os hábitos alimentares da casa. Isso significa que, se os pais não comem frutas ou verduras, os filhos seguirão o exemplo e forçá-los a comer salada pode ser um trabalho inútil. Nesses casos, é preciso rever os hábitos de toda a família.
Leve as crianças para a cozinha. Quando elas mesmas preparam os alimentos, certamente vão querer provar o que fizeram. É uma experiência lúdica, prazerosa, como deve ser a relação com a comida.
Ir à feira com as crianças é um jeito divertido de apresentá-las ao mundo das frutas e verduras. E os feirantes têm técnicas infalíveis para fazer o filho do freguês provar as frutas que querem vender.
Fazer o supermercado com a família toda é um pouco mais complicado, mas vale a pena. É uma boa ocasião para fazer acordos - para levar sorvete, é preciso levar cenoura.
Vê se cola
Sirva porções pequenas -até para dar oportunidade de a criança pedir mais, se quiser, porque gostou ou porque ainda está com fome.
Se o seu filho diz que não gosta de um alimento que não conhece, proponha que ele prove um pedaço (tem de ser pequeno mesmo) e, se não gostar, não precisa comer. Dê um tempo e ofereça pelo menos por mais cinco vezes, em ocasiões e formas de preparo diferentes.
No lugar do doce com açúcar refinado, ofereça banana-passa -o açúcar da fruta pode saciar a vontade irresistível de comer um doce.
Ofereça as comidas que as crianças gostam preparadas de forma mais saudável.
Fontes: FABIO ANCONA LOPEZ, professor de nutrologia do departamento de pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente do departamento de nutrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo; MARIA LUIZA CTENAS, nutricionista e autora de "Crescendo com Saúde" (ed. C2); BETTY KÖVESI; BRANCA SISTER, autora de "Socorro, Meu filho Não quer Comer" (ed. Campus Elsevier)
Adaptação de Luis Guerreiro do folheto - alimentação, Vontade de salada de Iara Biderman
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