mais uma das verdinhas
O coração fica bem com chapéu-de-couro
Essa planta semi-aquática brasileira é uma das promessas da fitomedicina para combater a hipertensão
Por Adriana Toledo
Revista Saúde - 01/2008
O Brasil é um terreno fértil para a pesquisa de novos fitoterápicos. Boas descobertas não param de brotar e uma das mais recentes tem suas raízes no Laboratório de Farmacologia Neurocardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Ali se revelou que uma de nossas espécies nativas, o chapéu-de-couro, pode ser muito eficaz no combate à hipertensão — um benefício que, diga-se, já era conhecido popularmente, mas que só agora começa a
ganhar o aval científico.
Os pesquisadores primeiro usaram substâncias capazes de contrair as artérias de coelhos para simular o que ocorre na hipertensão, quando os vasos sangüíneos parecem viver no maior aperto. Então, notaram que o extrato da folha do chapéu-de-couro conseguia relaxá-las. Sem se dar por contentes, repetiram o teste do extrato, mas dessa vez em ratos que eram hipertensos por natureza. "Outra vez os vasos sangüíneos se dilataram e, com isso, a pressão baixou", conta o farmacologista Eduardo Tibiriçá. Segundo ele, que coordenou a investigação, os resultados se assemelham àqueles produzidos por drogas existentes no mercado.
A aposta de Tibiraçá é de que o segredo do chapéu-de-couro atenda pelo nome de glicosídeo cardiotônico. O nome estranho designa uma molécula capaz de bloquear a ação do hormônio adrenalina. "E, de fato, a adrenalina faz a pressão subir", comenta.
A biomédica Bruna Polacchine é autora de outro estudo com a erva, este realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. "A planta também tem um efeito diurético que contribuiu para o controle da hipertensão", observa. Justamente por aumentar a eliminação de urina, o chá feito de chapéu-de-couro é consagrado, no uso popular, para tratar problemas renais. Ele também tem fama de aliviar inflamações diversas e acelerar a recuperação de lesões de pele. "A espécie está cheia de taninos, componentes fungicidas, bactericidas, cicatrizantes e antiinflamatórios", enumera Bruna Polacchine. "Tem ainda boa quantidade de flavonóides que reforçam o efeito contra inflamações. Tudo isso junto pode explicar os benefícios descritos pelo povo. Mas, do ponto de vistacientífi co, fique claro, a gente precisa de vários estudos para comprovar essas outras atuações", diz ela.
O próximo passo é avaliar a toxicidade do chapéu-de-couro para estipular a dose ideal a ser utilizada como medicamento — aquela que porá a pressão nos eixos sem comprometer a sua saúde.
A RECEITA DO CHÁ
Antes de experimentar, claro, converse com o seu médico. Se ele aprovar, compre folhas secas de chapéu-de-couro em uma farmácia de produtos naturais. E atenção: confira se a embalagem contém o registro do Ministério da Saúde. Ponha 2 colheres de chá dessas folhas em 1 xícara de água. Então ferva por três minutos, abafe e espere mais 15 minutos. Coe e beba imediatamente. Faça isso duas ou, no máximo, três vezes por dia, nunca mais do que isso.
Para tratar lesões de pele, prepare o chá da mesma maneira, mas aumentando a quantidade de folhas para 4 colheres de chá. Espere esfriar e aplique em compressas sobre a lesão. "O tanino desse chá é anti-séptico e ajuda na cicatrização", garante Denise Polato, farmacêutica de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Receita da farmacêutica Denise Polato, de Juiz de Fora, Minas Gerais
[img01]CONHEÇA A ESPÉCIE
Chapéu-de-couro, a planta, nada tem a ver com um chapéu de couro pra valer. Mas a textura áspera, há quem diga, lembra mesmo a da pele curtida de animais, por isso a associação.
›› Nome científico: Echinodorus grandiflorus.
›› Nomes populares: chapéu-de-couro, chá-mineiro, chá-do-pobre, chá-do-brejo, chapéu-de-coiro, erva-do-pântano, erva-do-brejo, chá-da-campanha.
›› Onde é encontrada: Cuba, sul do México, América Central, Colômbia, Venezuela e Brasil, com exceção da região Nordeste.
›› Características: possui folhas simples, com 20 a 30 centímetros de comprimento, e flores brancas, dispostas acima da folhagem. É tida como uma erva daninha que cresce a torto e a direito em várzeas e na beira de lagoas. Muita gente a cultiva como planta ornamental.
O Brasil é um terreno fértil para a pesquisa de novos fitoterápicos. Boas descobertas não param de brotar e uma das mais recentes tem suas raízes no Laboratório de Farmacologia Neurocardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Ali se revelou que uma de nossas espécies nativas, o chapéu-de-couro, pode ser muito eficaz no combate à hipertensão — um benefício que, diga-se, já era conhecido popularmente, mas que só agora começa a
ganhar o aval científico.
Os pesquisadores primeiro usaram substâncias capazes de contrair as artérias de coelhos para simular o que ocorre na hipertensão, quando os vasos sangüíneos parecem viver no maior aperto. Então, notaram que o extrato da folha do chapéu-de-couro conseguia relaxá-las. Sem se dar por contentes, repetiram o teste do extrato, mas dessa vez em ratos que eram hipertensos por natureza. "Outra vez os vasos sangüíneos se dilataram e, com isso, a pressão baixou", conta o farmacologista Eduardo Tibiriçá. Segundo ele, que coordenou a investigação, os resultados se assemelham àqueles produzidos por drogas existentes no mercado.
A aposta de Tibiraçá é de que o segredo do chapéu-de-couro atenda pelo nome de glicosídeo cardiotônico. O nome estranho designa uma molécula capaz de bloquear a ação do hormônio adrenalina. "E, de fato, a adrenalina faz a pressão subir", comenta.
A biomédica Bruna Polacchine é autora de outro estudo com a erva, este realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. "A planta também tem um efeito diurético que contribuiu para o controle da hipertensão", observa. Justamente por aumentar a eliminação de urina, o chá feito de chapéu-de-couro é consagrado, no uso popular, para tratar problemas renais. Ele também tem fama de aliviar inflamações diversas e acelerar a recuperação de lesões de pele. "A espécie está cheia de taninos, componentes fungicidas, bactericidas, cicatrizantes e antiinflamatórios", enumera Bruna Polacchine. "Tem ainda boa quantidade de flavonóides que reforçam o efeito contra inflamações. Tudo isso junto pode explicar os benefícios descritos pelo povo. Mas, do ponto de vistacientífi co, fique claro, a gente precisa de vários estudos para comprovar essas outras atuações", diz ela.
O próximo passo é avaliar a toxicidade do chapéu-de-couro para estipular a dose ideal a ser utilizada como medicamento — aquela que porá a pressão nos eixos sem comprometer a sua saúde.
A RECEITA DO CHÁ
Antes de experimentar, claro, converse com o seu médico. Se ele aprovar, compre folhas secas de chapéu-de-couro em uma farmácia de produtos naturais. E atenção: confira se a embalagem contém o registro do Ministério da Saúde. Ponha 2 colheres de chá dessas folhas em 1 xícara de água. Então ferva por três minutos, abafe e espere mais 15 minutos. Coe e beba imediatamente. Faça isso duas ou, no máximo, três vezes por dia, nunca mais do que isso.
Para tratar lesões de pele, prepare o chá da mesma maneira, mas aumentando a quantidade de folhas para 4 colheres de chá. Espere esfriar e aplique em compressas sobre a lesão. "O tanino desse chá é anti-séptico e ajuda na cicatrização", garante Denise Polato, farmacêutica de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Receita da farmacêutica Denise Polato, de Juiz de Fora, Minas Gerais
[img01]CONHEÇA A ESPÉCIE
Chapéu-de-couro, a planta, nada tem a ver com um chapéu de couro pra valer. Mas a textura áspera, há quem diga, lembra mesmo a da pele curtida de animais, por isso a associação.
›› Nome científico: Echinodorus grandiflorus.
›› Nomes populares: chapéu-de-couro, chá-mineiro, chá-do-pobre, chá-do-brejo, chapéu-de-coiro, erva-do-pântano, erva-do-brejo, chá-da-campanha.
›› Onde é encontrada: Cuba, sul do México, América Central, Colômbia, Venezuela e Brasil, com exceção da região Nordeste.
›› Características: possui folhas simples, com 20 a 30 centímetros de comprimento, e flores brancas, dispostas acima da folhagem. É tida como uma erva daninha que cresce a torto e a direito em várzeas e na beira de lagoas. Muita gente a cultiva como planta ornamental.
O Brasil é um terreno fértil para a pesquisa de novos fitoterápicos. Boas descobertas não param de brotar e uma das mais recentes tem suas raízes no Laboratório de Farmacologia Neurocardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Ali se revelou que uma de nossas espécies nativas, o chapéu-de-couro, pode ser muito eficaz no combate à hipertensão — um benefício que, diga-se, já era conhecido popularmente, mas que só agora começa a
ganhar o aval científico.
Os pesquisadores primeiro usaram substâncias capazes de contrair as artérias de coelhos para simular o que ocorre na hipertensão, quando os vasos sangüíneos parecem viver no maior aperto. Então, notaram que o extrato da folha do chapéu-de-couro conseguia relaxá-las. Sem se dar por contentes, repetiram o teste do extrato, mas dessa vez em ratos que eram hipertensos por natureza. "Outra vez os vasos sangüíneos se dilataram e, com isso, a pressão baixou", conta o farmacologista Eduardo Tibiriçá. Segundo ele, que coordenou a investigação, os resultados se assemelham àqueles produzidos por drogas existentes no mercado.
A aposta de Tibiraçá é de que o segredo do chapéu-de-couro atenda pelo nome de glicosídeo cardiotônico. O nome estranho designa uma molécula capaz de bloquear a ação do hormônio adrenalina. "E, de fato, a adrenalina faz a pressão subir", comenta.
A biomédica Bruna Polacchine é autora de outro estudo com a erva, este realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. "A planta também tem um efeito diurético que contribuiu para o controle da hipertensão", observa. Justamente por aumentar a eliminação de urina, o chá feito de chapéu-de-couro é consagrado, no uso popular, para tratar problemas renais. Ele também tem fama de aliviar inflamações diversas e acelerar a recuperação de lesões de pele. "A espécie está cheia de taninos, componentes fungicidas, bactericidas, cicatrizantes e antiinflamatórios", enumera Bruna Polacchine. "Tem ainda boa quantidade de flavonóides que reforçam o efeito contra inflamações. Tudo isso junto pode explicar os benefícios descritos pelo povo. Mas, do ponto de vistacientífi co, fique claro, a gente precisa de vários estudos para comprovar essas outras atuações", diz ela.
O próximo passo é avaliar a toxicidade do chapéu-de-couro para estipular a dose ideal a ser utilizada como medicamento — aquela que porá a pressão nos eixos sem comprometer a sua saúde.
A RECEITA DO CHÁ
Antes de experimentar, claro, converse com o seu médico. Se ele aprovar, compre folhas secas de chapéu-de-couro em uma farmácia de produtos naturais. E atenção: confira se a embalagem contém o registro do Ministério da Saúde. Ponha 2 colheres de chá dessas folhas em 1 xícara de água. Então ferva por três minutos, abafe e espere mais 15 minutos. Coe e beba imediatamente. Faça isso duas ou, no máximo, três vezes por dia, nunca mais do que isso.
Para tratar lesões de pele, prepare o chá da mesma maneira, mas aumentando a quantidade de folhas para 4 colheres de chá. Espere esfriar e aplique em compressas sobre a lesão. "O tanino desse chá é anti-séptico e ajuda na cicatrização", garante Denise Polato, farmacêutica de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Receita da farmacêutica Denise Polato, de Juiz de Fora, Minas Gerais
Eduardo Uchôa
CONHEÇA A ESPÉCIE
Chapéu-de-couro, a planta, nada tem a ver com um chapéu de couro pra valer. Mas a textura áspera, há quem diga, lembra mesmo a da pele curtida de animais, por isso a associação.
›› Nome científico: Echinodorus grandiflorus.
›› Nomes populares: chapéu-de-couro, chá-mineiro, chá-do-pobre, chá-do-brejo, chapéu-de-coiro, erva-do-pântano, erva-do-brejo, chá-da-campanha.
›› Onde é encontrada: Cuba, sul do México, América Central, Colômbia, Venezuela e Brasil, com exceção da região Nordeste.
›› Características: possui folhas simples, com 20 a 30 centímetros de comprimento, e flores brancas, dispostas acima da folhagem. É tida como uma erva daninha que cresce a torto e a direito em várzeas e na beira de lagoas. Muita gente a cultiva como planta ornamental.
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