Estados Unidos ponderam proibição da pesca do salmão no Pacífico
O governo americano vai decidir esta semana se proíbe totalmente e durante toda a época a pesca de salmão ao largo da costa do Pacífico.
A proposta surge em resposta a um colapso drástico no stock desta espécie mas os pescadores já estão a alegar que a proibição irá devastar a industria e custar à economia local milhares de milhões de dólares.
Phil Bentivegna é comandante do Butchie B e depende do oceano há 41 anos, a maioria dos quais alugando o seu barco para pescadores desportivos, uma industria importante na zona de San Francisco.
Mas a pesca desportiva tem estado em baixa e Bentivegna considera que o ano passado foi provavelmente o pior de que se lembra na captura de salmão.
Os pescadores comerciais não estão em águas mais pacíficas. A Califórnia e o Oregon, estados com industrias comerciais e recreativas de pesca consideráveis, enfrentam a possibilidade muito real de não pescarem nenhum salmão este ano, o que teria prejuízos de mais de $3 mil milhões.
A razão para esta situação é o facto de os stocks de salmão selvagem do Pacífico, um prato emblemático da costa oeste dos Estados Unidos desde há centenas de anos, estarem em queda livre de forma alarmante.
Um bom indicar da saúde da população é o número de salmões que se dirigem para o oceano a partir dos terrenos de desova dos seus pais nos cursos de água doce da costa oeste, um processo conhecido por 'o regresso'.
Este ano, o regresso de salmão Chinook deve alcançar os 56 mil animais, quando se considera que o mínimo necessário para manter a industria de pesca do salmão sustentável é de 122 mil animais. Em anos passados, o regresso de mais de 200 mil animais era comum.
A época da pesca desportiva de salmão já devia ter tido início mas está em vigor uma proibição temporária, enquanto os peritos decidem como reagir a esta crise.
Esta semana, o governo americano deve decretar a proibição total da pesca do salmão, afectando tanto as variedades Chinook como a Coho, ao longo de 1200 milhas ao largo da costa oeste dos Estados Unidos. A proibição deve estender-se a toda a época, que dura até 7 meses. Uma alternativa seria permitir capturas muito limitadas.
Duncan Maclean, conselheiro da industria pesqueira da Califórnia, diz que os pescadores compreendem que não existem alternativas. "É suposto eu lutar por todos os peixes que capturamos mas este ano não há peixe por que lutar, os números são tão baixos."
Para variar, os pescadores não estão a ser os principais culpados desta situação. Não se trata apenas de uma questão de exploração excessiva das capturas, várias factores estão em jogo, alguns naturais, outros de acção humana. Alterações nas condições dos oceanos, talvez causadas pelo aquecimento global, significam menos alimento para o salmão logo menos animais conseguem chegar em boas condições aos locais de desova.
Os salmões que alcançam os locais de desova também não estão a salvo pois as águas estão poluídas pela agricultura e ela industria, criando ambientes tóxicos, e os níveis dos rios estão frequentemente demasiado baixos pois a água é cada vez mais desviada para irrigação de culturas ou para consumo humano em cidades como Los Angeles.
E pode não haver alívio num futuro próximo.
O ribeiro Putah é um pequeno tributário do rio Sacramento, exactamente o tipo de curso de água onde a maioria dos salmões selvagens começam a vida.
O ictiólogo Peter Moyle lidera uma equipa de cientistas da Universidade da Califórnia, Davis. Eles arrastam redes de 6 metros através do ribeiro e examinam o seu conteúdo. O processo é uma forma rudimentar de avaliar o número de jovens salmões num rio. Num ano normal contam-se entre 5 a 10 jovens salmões mas este ano não encontraram nenhum.
Segundo Moyle, o número de jovens salmões este ano deve rondar, quando muito, um quarto do que deveria ser. Ele, como muitos outros peritos, não prevê nada de bom para os próximos tempos: "As capturas devem ser completamente encerradas pelo menos durante dois anos."
Bentivegna considera que a proibição das capturas de salmão podem ser uma solução neste momento mas o problema é mais profundo e tem origem na humanidade: "Temos que começar a olhar para nós próprios, temos que deixar de poluir e proteger mais os nossos recursos naturais."
Fonte: Simbiotica
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