Disputas marcam debate de texto final da ONU sobre clima


Membros do Greenpeace colocam faixa em Valência
Grupos como Greenpeace acompanham encontro em Valência
Representantes de 130 países estão se esforçando nesta semana para ter sua visão sobre aquecimento global expressa na versão final do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, que será lançado no próximo sábado, dia 17.

Segundo observadores que estão acompanhando os debates iniciados na segunda-feira, em Valência, na Espanha, não existe dúvida sobre as linhas gerais do relatório: ninguém discute a base científica de que as emissões de gases estufa causados pela ação humana são os maiores culpados pelo aquecimento da temperatura do planeta.

Apesar desse consenso, os diplomatas e representantes dos governos estão debatendo linha por linha do documento de pouco mais de 20 páginas, chamado de síntese executiva, que será o grande resumo do ano sobre o assunto e deverá ser usado como base para as futuras discussões políticas em torno da questão.

Um exemplo das disputas na Espanha, dizem observadores, é a diferente abordagem entre os representantes americanos e chineses.

De acordo com essas fontes, os americanos estão tentando dar mais ênfase ao volume de emissões de gás carbônico no final do século, especialmente a partir de 2000.

Por trás dessa opção, estaria a intenção americana de evidenciar a contribuição de países em desenvolvimento para o fenômeno e colocar todos os países em patamares semelhantes de responsabilidade.

Os representantes da China, por sua vez, estariam trabalhando pelo foco em um período mais longo de tempo, desde meados do século 20, o que colocaria mais peso na contribuição histórica dos países desenvolvidos.

Importância

Na percepção de especialistas, o documento final do IPCC neste ano ganhou ainda maior importância porque será apresentado menos de um mês antes de uma reunião global em Bali para debater o futuro do combate ao aquecimento.

A síntese executiva do IPCC será um documento importante nas discussões políticas que acontecerão na pequena ilha da Indonésia.

"Há muita pressão política (agora, no IPCC) por conta da reunião de Bali, que se realiza dentro de apenas três semanas para discutir um acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. Por isso, os governos têm de tirar daqui de Valência o melhor que puderem", disse um observador.

Organizações que acompanham as negociações dizem, entretanto, que independentemente das mudanças de última hora, a mensagem dada pelo IPCC já é "forte e clara" e não deverá mudar em substância.

O ponto mais importante possivelmente é a ênfase dada à ação humana no aquecimento global.

Outros pontos importantes são a ênfase no perigo do aumento do nível dos oceanos e – o painel afirmou que o nível do mar pode subir entre 18 cm e 58 cm ate 2100 – e a afirmação que a concentração de CO2 – o principal gás que causa o efeito estufa e relacionado à ação humana – na atmosfera é a maior dos últimos 650 mil anos.

Pontos como esses estarão refletidos no relatório final e servirão como de base dos debates políticos.

Ao longo do ano, o painel da ONU publicou três relatórios - que agora estão sendo resumidos em um relatório final – nos quais atribui a maior parte da mudança climática dos últimos 50 anos "muito provavelmente" (ou seja, com mais de 90% de certeza) à emissão de gases de efeito estufa causados pela ação humana.



Fonte: BBC Brasil

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