Por que os alimentos transgênicos não vão acabar com a fome no mundo

O problema da fome no mundo certamente não ocorre por falta de produção de alimentos, mas sim devido a causas sócio-econômicas. Acontece que a maior parte da riqueza, especialmente nos países pouco desenvolvidos (onde ocorre a maior parte do problema), está concentrada nas mãos de uma minoria, assim os que podem comprar comida o fazem, mas os que não têm condições para isso passam fome.

Se a questão fosse acabar com a fome, haveria maior preocupação no transporte, armazenamento, enfim, cuidados pós-colheita em geral, e assim não seriam perdidos tantos alimentos. Além disso o desperdício de comida causado por restaurantes e por nós mesmos é muito alto!

Outro fator é a padronização dos produtos para comercialização, que também faz com que parte da produção, que não obedece esse critérios (produtos feios, pequenos ou grandes demais, manchados, etc.) seja perdida. Quem passa fome não se importa com tamanho ou cor de um alimento. Além disso existem ainda os “excedentes de produção” que costumam ocorrer, e ao invés de se fazerem doações desses alimentos, os deixam estragar, como já aconteceu há pouco tempo com a soja, que teve "excedente" de produção e empresas pagaram para ela não entrar no mercado, porque se entrasse seu preço cairia. Então por quê não pagar para distribuí-la a quem não tem o que comer?

Isso mostra que as grandes empresas, na verdade, não querem alimentar os famintos, mas sim vender sementes transgênicas usando a fome no mundo como desculpa. Além disso existe o aumento da dependência do produtor, que passa a ser um "fantoche" da empresa, pois precisa estar sempre comprando suas sementes, porque elas não podem ser reproduzidas a partir do que foi plantado - pagando um preço alto. Como se não bastasse este tipo de cultura geralmente está associada ao uso de produtos químicos produzidos pela mesma empresa.

Enquanto que nos E.U.A. existe um número excessivo de obesos e na Europa inúmeras toneladas de alimentos são destruídos a fim de manter preços estáveis, em todo o mundo (principalmente na África) milhões de pessoas morrem de fome por motivos puramente lucristas (guerras nos países pobres geram elevados lucros aos países fabricantes de armas que coincidentemente são os mesmos que fornecem “ajuda” alimentar – curioso não?!).

E mesmo que se considere que a produção alimentar deverá aumentar para aliviar a fome mundial, então porque não são produzidas sementes com capacidade de crescer em solos pobres, com maior conteúdo protéico por hectare, sem necessidade de fertilizantes, pesticidas, regas ou maquinaria cara, com características baratas e próprias para alimentar pessoas ?

O que se observa nas variedades já patenteadas é precisamente o oposto: as sementes requerem solos de alta qualidade, grandes investimentos em maquinaria e defensivos e por vezes apresentam uma produtividade mais baixa, em relação às variedades tradicionais.

Podemos citar alguns exemplos recentes que demonstram a insegurança com que o assunto vem sendo tratado no meio científico. O pesquisador alemão Hans-Hinrich Kattz divulgou, recentemente, o registro da primeira transferência genética conhecida entre uma planta geneticamente alterada e outros seres, no caso, fungos e bactérias. A informação foi divulgada pelo Greenpeace e pela televisão alemã. Segundo Kaatz, uma seqüência de DNA geneticamente alterada de canola foi encontrada no material genético de bactérias e fungos que estavam no intestino de uma abelha. A abelha teria se alimentado do pólen da canola geneticamente alterada. O pesquisador Kattz, da Universidade de Jena, fez testes durante os últimos três anos com abelhas em campos experimentais de canola transgênica, na Saxônia, Alemanha. O campo de testes foi desenvolvido pela AgrEvo.

Kattz construiu redes no campo de testes e permitiu que as abelhas voassem livremente entre as redes. Estas abelhas eram, mais tarde, capturadas, e o pólen de canola encontrado nas patas das abelhas era colhido para alimentar abelhas jovens dentro do laboratório. Depois, estas abelhas criadas em laboratório tiveram seus intestinos retirados e os microorganismos existentes em seu interior analisados. Foi neste material que as bactérias com DNA alterado foram encontradas, conta Augusto Freire, gerente de negócios da Genetic ID.

Segundo ele, a descoberta do professor Kattz foi importante porque provou que uma seqüência de DNA geneticamente alterada pode ser transferida para outro organismo que não seja planta. O problema é que não se sabe o que pode acontecer a partir desta transferência de material transgênico, disse.

Freire afirmou que, como as bactérias apresentam um caráter de fácil mutação genética, pode ser que esta transferência de genes mude seu comportamento. Ela pode alterar a digestão das abelhas, por exemplo disse. Já houve uma desordem genética que não teria acontecido naturalmente.

Segundo ele, os biotecnologistas têm uma visão muito linear do processo de alteração genética mas não levam em conta que o gene alterado em uma planta, por exemplo, pode interagir com outros seres vivos e mesmo com o meio ambiente e provocar conseqüências ainda não previsíveis.

Um outro caso envolvendo abelhas e transgênicos assustou os britânicos recentemente. Pólen geneticamente modificado foi encontrado em mel produzido em locais próximos a campos experimentais de transgênicos.

A descoberta foi divulgada pela organização ecológica Friends of the Earth (Amigos da Terra) que reivindicou a suspensão imediata de testes com safras de canola e milho geneticamente modificados feitos ao ar livre. Os testes foram realizados pelo cientista Andreas Heissenberger, da Agência Federal de Meio Ambiente da Áustria. Os criadores de abelhas que possuem colméias próximas a campos de testes foram advertidos para que retirassem suas abelhas das imediações. Os criadores se queixaram de não terem sido avisados sobre a vizinhança e a Associação dos Criadores de Abelhas da Inglaterra - que representa 350 produtores em todo o país - quis compensação pela perda de renda provocada pela mudança das colméias.

O mais importante é que agora temos evidências de que as culturas transgênicas podem contaminar o mel, disse Pete Riley, da Friends of Earth.

Baseado nesses fatos, é evidente que o verdadeiro objetivo das empresas não é o de criar vias para a solução da fome no mundo, pois a falta de alimentos (seu slogan principal) não está relacionada com baixa produtividade, mas sim com a obtenção de lucros às custas da pobreza mundial.

As pessoas são facilmente corrompidas pelas falsas idéias que as empresas passam. Sempre fazem papel de “salvadores”, dizendo que querem ajudar as pessoas, acabar com a fome, produzir alimentos mais saudáveis, remédios, plantas resistentes que não precisam de inseticida, etc. Elas conseguem convencer o povo porque sabem falar (ou enganar) bem. Ninguém repara na omissão de muitas informações importantíssimas: as conseqüências para o ambiente, para a nossa própria saúde e para o produtor, como já foi demonstrado. Não se sabe ao certo o impacto que organismos transgênicos podem causar ao ambiente e à saúde humana a longo prazo. No entanto as empresas de biotecnologia contestam (ou preferem ignorar) informações, como é o caso da Monsanto. Phil Angell, diretor de comunicações da Monsanto disse ao New York Times que “não é a Monsanto que tem que se preocupar com a segurança dos seus produtos alimentares. O nosso interesse é vender o mais possível. Verificar a segurança é com o F.D.A.” – tire as suas conclusões. Não se sabe dos perigos ou não se quer deixar saber...

Já houve casos de culturas transgênicas invadirem culturas vizinhas, contaminando-as e fazendo o produtor ter sérios problemas com isso, afinal ele não paga a patente para plantar essa cultura. Outra preocupação é a de que esse tipo de cultura cruze com outras espécies originando super plantas daninhas, cujo controle se tornaria extremamente difícil. Podem também induzir o surgimento de super vírus, patógenos e pragas, resistentes ao gene introduzido.

Num estudo recente, oncologistas suecos estabeleceram uma relação significativa entre o glifosato (princípio ativo do herbicida RoundUp, comercializado pela Monsanto) e uma forma de câncer humano: o linfoma de não Hodgkin. Será isto relevante para as culturas resistentes a doses cada vez maiores deste herbicida?

Assim, pode-se concluir que não é preciso criar super plantas para suprir a demanda de alimentos no mundo, mas sim fazer o possível para reduzir cada vez mais as diferenças sociais, que são o verdadeiro motivo da existência da fome e também que criar organismos transgênicos para resolver algum problema é como “despir um santo para vestir outro”, ou seja, para resolver um problema, cria-se outro.

Samuel T.
Juliana O. S.
Fontes:
amaranthus
APACAME


Transgênicos alteram DNA de abelhas

27/3/2008

Notícia publicada no Plenário do site da APACAME.

O pesquisador alemão Hans-Hinrich Kattz divulgou, na semana passada, o registro da primeira transferência genética conhecida entre uma planta geneticamente alterada e outros seres, no caso, fungos e bactérias. A informação foi divulgada pela Greenpeace e pela televisão alemã. Segundo Kaatz, uma seqüência de DNA geneticamente alterada de canola foi encontrada no material genético de bactérias e fungos que estavam no intestino de uma abelha. A abelha teria se alimentado do pólen da canola geneticamente alterada. O pesquisador Kattz, da Universidade de Jena, fez testes durante os últimos três anos com abelhas em campos experimentais de canola transgênica, na Saxônia, Alemanha. O campo de testes foi desenvolvido pela AgrEvo.

Kattz construiu redes no campo de testes e permitiu que as abelhas voassem livremente entre as redes. Estas abelhas eram, mais tardes, capturadas, e o pólen de canola encontrado nas patas das abelhas era colhido para alimentar abelhas jovens dentro do laboratório. Depois, estas abelhas criadas em laboratório tiveram seus intestinos retirados e os microorganismos existentes em seu interior analisados. 'Foi neste material que as bactérias com DNA alterado foram encontradas', conta Augusto Freire, gerente de negócios da Genetic ID.

Segundo ele, a descoberta do professor Kattz é importante porque provou que uma seqüência de DNA geneticamente alterada pode ser transferida para outro organismo que não seja planta. 'O problema é que não se sabe o que pode acontecer a partir desta transferência de material transgênico', disse. Freire afirma que, como as bactérias apresentam um caráter de fácil mutação genética, pode ser que esta transferência de genes mude seu comportamento. 'Ela pode alterar a digestão das abelhas, por exemplo', disse. 'Já houve uma desordem genética que não teria acontecido naturalmente.'

Segundo ele, os biotecnologistas têm uma visão muito linear do processo de alteração genética mas não levam em conta que o gene alterado em uma planta, por exemplo, pode interagir com outros seres vivos mesmo com o meio ambiente e provocar conseqüências ainda não previsíveis.

Um outro caso envolvendo abelhas e transgênicos assustou os britânicos recentemente. Na semana passada, pólen geneticamente modificado foi encontrado em mel produzido em locais próximos a campos experimentais de transgênicos. A descoberta foi divulgada pela organização ecológica 'Friends of the Earth' (Amigos da Terra) que agora está reivindicando a suspensão imediata de testes com safras de canola e milho geneticamente modificados feitos ao ar livre. Os testes foram realizados pelo cientista Andreas Heissenberger, da Agência Federal de Meio Ambiente da Áustria. Os criadores de abelha que possuem colméias próximas a campos de testes estão sendo advertidos para que retirem suas abelhas das imediações. Os criadores se queixam de não terem sido avisados sobre a 'vizinhança' e agora a Associação dos Criadores de Abelhas da Inglaterra - que representa 350 produtores em todo o país - quer compensação pela perda de renda provocada pela mudança das colméias. 'O mais importante é que agora temos evidências de que as culturas transgênicas podem contaminar o mel', disse Pete Riley, da Friends of Earth.

Fonte: sgeral


Campanha Nacional por um Brasil Livre de Transgênicos

A Campanha Nacional Por Um Brasil Livre de Transgênicos foi criada em 1999 por um grupo de organizações não governamentais (ONGs) preocupadas com as conseqüências que o uso dos transgênicos pode trazer para nossa saúde, para o meio-ambiente e para a economia do País.

Essa questão é da maior importância para o Brasil. A introdução de transgênicos (também conhecidos por OGMs - Organismos Geneticamente Modificados) entre nós, além de ameaçar a nossa excepcional biodiversidade, também causaria uma enorme perda econômica. Isto porque, em todo o mundo, o Brasil é a única grande área produtora de alimentos que não adotou culturas transgênicas.

Isso significa que, além de fornecermos à população brasileira alimentos seguros, temos a grande vantagem econômica de poder exportar para importantes mercados mundiais que não aceitam os produtos transgênicos.

Queremos que antes que se tome uma decisão sobre o cultivo, a comercializaçâo e o consumo de transgênicos no Brasil, sejam feitas pesquisas por instituições científicas de comprovada qualidade e independência, que assegurem que os transgênicos não são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Atualmente, há fortes indícios que apontam para conseqüências imprevisíveis.

Ao mesmo tempo, queremos que sejam feitas pesquisas e que haja incentivos para desenvolver a agroecologia, uma agricultura eficiente e moderna, que respeite o meio ambiente e leve em consideração as condições sociais do setor.

Consideramos que, para que a população possa decidir o que deseja consumir, precisa estar bem informada sobre o seu impacto na saúde, no meio ambiente, na agricultura e na economia.

Mais: http://www.esplar.org.br/projetos/transgenicos.htm

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