Deverão as grávidas abdicar totalmente do café?
Novas evidências sugerem que doses baixas de cafeína, equivalentes a apenas uma ou duas chávenas de café por dia, podem afectar o desenvolvimento dos bebés.
As descobertas são quase de certeza demasiado preliminares para levar os agentes de saúde pública a alterar os seus conselhos às mulheres grávidas, presentemente recomendando que evitem doses elevadas de cafeína.
No entanto, os investigadores envolvidos, que detectaram alterações comportamentais e celulares em ratos cujas mães beberam cafeína durante a gravidez, estão eles próprios a aconselhar as mulheres grávidas a evitar completamente a cafeína.
Joseph Nunez e a sua equipa da Universidade Estadual do Michigan em East Lansing, que apresentaram os seus resultados a 16 de Outubro no encontro anual da Society for Neuroscience em Atlanta, Georgia, consideram as suas descobertas uma surpresa.
Numa experiência inicial, examinaram células nervosas de ratos recém-nascidos cujas mães tinham recebido uma dose de cafeína equivalente a uma ou duas chávenas de café em humanos, durante a gravidez. "Estava muito céptica", diz Deborah Soellner, colega de Nunez. "Não esperava encontrar este efeito com uma dose tão baixa."
Mas nos ratos expostos, a equipa de Nunez encontrou efeitos estranhos nas células do hipocampus, uma região do cérebro associada à memória e à percepção do espaço. As células, por exemplo, absorviam menos glutamato, que torna as células nervosas mais activas.
Para ver de que forma as alterações celulares estão a afectar o comportamento, a equipa do Michigan colocou os ratinhos cujas mães tinham recebido cafeína a fazer uma série de testes comportamentais. Nunez diz que os animais não mostraram defeitos cognitivos mas eram mais activos e menos inibidos que aqueles cujas mães não tinham recebido cafeína.
Os ratinhos eram mais dispostos a explorar novos ambientes, por exemplo. Quando colocados num espaço pequeno e escuro com uma abertura para uma área maior e iluminada, os animais controlo levavam cerca de 4 minutos em média para sair. Os ratinhos com cafeína saíam após apenas 25 segundos.
Outros testes mostraram alterações semelhantes, ainda que menos pronunciadas. Os ratinhos tinham maior tendência para explorar ambientes expostos e passavam mais tempo a interagir com outros animais. "Temos um animal que não sabe quando parar", diz Nunez.
Apesar de não haver razão para assumir que estas diferenças são negativas ou danosas, Nunez gostava que as grávidas fossem alertadas para evitar a cafeína como medida de precaução.
As directrizes actuais de saúde pública dizem apenas que as mulheres devem limitar o consumo a 300 mililitros por dia mas isso é o equivalente ao que Nunez deu aos seus ratos. Ele salienta que a cafeína atravessa a placenta e o feto em desenvolvimento demora até 4 dias a libertar-se da cafeína de uma única chávena de café bebida pela mãe.
Nunez diz que qualquer efeito da cafeína em humanos pode ter sido negligenciado por ser tão largamente utilizada e se assumir que seja relativamente segura.
"Ninguém realizou esta pesquisa sistematicamente antes", diz ele. A equipa de Nunez tenciona prosseguir os seus estudos analisando em maior detalhe o efeito da cafeína nas células do cérebro.
NOTA: O mesmo se pode passar com as mães que amamentam...
As descobertas são quase de certeza demasiado preliminares para levar os agentes de saúde pública a alterar os seus conselhos às mulheres grávidas, presentemente recomendando que evitem doses elevadas de cafeína.
No entanto, os investigadores envolvidos, que detectaram alterações comportamentais e celulares em ratos cujas mães beberam cafeína durante a gravidez, estão eles próprios a aconselhar as mulheres grávidas a evitar completamente a cafeína.
Joseph Nunez e a sua equipa da Universidade Estadual do Michigan em East Lansing, que apresentaram os seus resultados a 16 de Outubro no encontro anual da Society for Neuroscience em Atlanta, Georgia, consideram as suas descobertas uma surpresa.
Numa experiência inicial, examinaram células nervosas de ratos recém-nascidos cujas mães tinham recebido uma dose de cafeína equivalente a uma ou duas chávenas de café em humanos, durante a gravidez. "Estava muito céptica", diz Deborah Soellner, colega de Nunez. "Não esperava encontrar este efeito com uma dose tão baixa."
Mas nos ratos expostos, a equipa de Nunez encontrou efeitos estranhos nas células do hipocampus, uma região do cérebro associada à memória e à percepção do espaço. As células, por exemplo, absorviam menos glutamato, que torna as células nervosas mais activas.
Para ver de que forma as alterações celulares estão a afectar o comportamento, a equipa do Michigan colocou os ratinhos cujas mães tinham recebido cafeína a fazer uma série de testes comportamentais. Nunez diz que os animais não mostraram defeitos cognitivos mas eram mais activos e menos inibidos que aqueles cujas mães não tinham recebido cafeína.
Os ratinhos eram mais dispostos a explorar novos ambientes, por exemplo. Quando colocados num espaço pequeno e escuro com uma abertura para uma área maior e iluminada, os animais controlo levavam cerca de 4 minutos em média para sair. Os ratinhos com cafeína saíam após apenas 25 segundos.
Outros testes mostraram alterações semelhantes, ainda que menos pronunciadas. Os ratinhos tinham maior tendência para explorar ambientes expostos e passavam mais tempo a interagir com outros animais. "Temos um animal que não sabe quando parar", diz Nunez.
Apesar de não haver razão para assumir que estas diferenças são negativas ou danosas, Nunez gostava que as grávidas fossem alertadas para evitar a cafeína como medida de precaução.
As directrizes actuais de saúde pública dizem apenas que as mulheres devem limitar o consumo a 300 mililitros por dia mas isso é o equivalente ao que Nunez deu aos seus ratos. Ele salienta que a cafeína atravessa a placenta e o feto em desenvolvimento demora até 4 dias a libertar-se da cafeína de uma única chávena de café bebida pela mãe.
Nunez diz que qualquer efeito da cafeína em humanos pode ter sido negligenciado por ser tão largamente utilizada e se assumir que seja relativamente segura.
"Ninguém realizou esta pesquisa sistematicamente antes", diz ele. A equipa de Nunez tenciona prosseguir os seus estudos analisando em maior detalhe o efeito da cafeína nas células do cérebro.
NOTA: O mesmo se pode passar com as mães que amamentam...
Este boletim é mantido por simbiotica.org, a Rede Simbiótica de Biologia e Conservação da Natureza
Comentários