Geneticistas criam a nova geração de culturas transgénicas

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NutriViva - 2007 - Pampulha - Belo Horizonte - MG - dia 2 de Junho

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Nota: Onde vamos para com as modificações genéticas?
Na tentativa de produzir cada vez mais e obter lucro fácil as grandes empresas põem em risco o nosso futuro. esquecem que a natureza é mais forte e aquilo que chamamos de ervas daninhas são espécies naturais que se defendem e criam cada vez mias resistência aos produtos geneticamente modificados.

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Os investigadores criaram o que pode ser a próxima geração de culturas transgénicas ao inserir um gene de resistência a um herbicida retirado de uma bactéria. A nova cultura pode ajudar a combater a propagação de resistência a outros herbicidas vulgarmente utilizados.

A abordagem não é nova, muitos agricultores já cultivam colheitas que foram modificadas para resistir ao herbicida glifosato mas as novas plantas são resistentes a um novo composto dicamba, o que pode oferecer aos agricultores uma alternativa em áreas onde as ervas resistentes ao glifosato se tornaram um problema.

O dicamba, que mata as ervas daninhas de folha larga mas poupa as ervas, tem vindo a ser usado há décadas para proteger os campos de milho, uma monocotiledónea como as ervas. Os investigadores criaram agora soja transgénica, tomateiros e outras culturas resistentes a este herbicida, num desenvolvimento que vai expandir o espectro de acção da dicamba.

A dicamba persiste no solo apenas alguns meses e raramente contamina a água. O químico por si próprio é estável mas é rapidamente devorado por hordas famintas de microrganismos que vivem no solo.

Don Weeks e a sua equipa da Universidade do Nebraska em Lincoln isolou o gene da bactéria Pseudomonas maltophilia que é responsável pela degradação da dicamba. Transferiram-no para plantas de tabaco, soja, tomateiro e a famosa planta modelo Arabidopsis thaliana. Em todos os casos, as plantas tornaram-se resistentes à dicamba, relatam os investigadores na última edição da revista Science.

A Monsanto, produtora a linha 'Roundup Ready' de culturas resistentes ao glifosato de St Louis, Missouri, já patenteou a tecnologia da dicamba. A companhia espera produzir comercialmente soja resistente à dicamba no espaço de 3 a 7 anos, seguida de algodão. A Monsanto não comercializa a dicamba, no entanto.

Os agricultores vão com certeza aderir às culturas, diz Robert Hartzler, um especialista em ervas daninhas da Universidade Estatal do Iowa em Ames. "Decididamente vai ajudar com alguns dos problemas que estão a surgir devido à nossa forte dependência do glifosato", diz ele.

Cerca de 90% da soja nos Estados Unidos e 60% do algodão são geneticamente modificados para resistir ao glifosato. Apesar dos críticos argumentarem que a tecnologia transgénica encoraja a utilização de herbicidas de forma descontrolada, os seus defensores dizem que as colheitas ajudaram muitas quintas a deixar de revirar a terra antes da plantação, uma prática que aumenta a erosão do solo e a poluição das águas. Em vez disso, os agricultores podem plantar colheitas resistentes ao glifosato directamente após terem destruído as ervas daninhas com o herbicida.

O problema é que as ervas daninhas resistentes ao glifosato estão a aumentar, particularmente nas quintas que não reviram o solo, uma questão que pode levar os agricultores de volta às práticas antigas, diz William Johnson, um especialista em ervas daninhas na Universidade Purdue em West Lafayette, Indiana.

Mas a dicamba traz problemas próprios, diz Hartzler. A volatilidade do composto significa que pode matar plantas de folha larga (dicotiledóneas) em campos e casas a mais de meio quilómetro de distância. Logo, quintas perto de áreas sensíveis como vinhas ou jardins privados é possível que não possam usar as colheitas resistentes à dicamba. "É uma das queixas mais comuns dos consumidores que tenho que enfrentar", diz Johnson.

Hartzler diz que esta 'deriva da dicamba' é mais um aborrecimento cosmético que um desastre ecológico. Weeks, que tem direito a receber direitos de autor da Monsanto por produtos desenvolvidos a partir da sua descoberta, acrescenta que os agricultores têm décadas de experiência com a dicamba e as técnicas de gestão já estão estabelecidas.

Para além disso, mais de 40 anos de utilização da dicamba apenas fizeram surgir um punhado de ervas daninhas resistentes e estas não representaram uma ameaça para a agricultura. Mas isso não quer dizer que a resistência não venha a ser um problema no futuro com uma utilização mais generalizada. "Não penso que a resistência não possa surgir", diz Hartzler, "mas a probabilidade é muito menor do que com outro herbicida. Mas também se disse o mesmo do glifosato, é verdade."

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