REFLEXÃO SOBRE A ÁGUA
A água é um elemento fascinante que deixa as pessoas meio bobas, chama-as para o lúdico e as torna infantis. É raro uma criança não gostar da água e esse gosto é conservado pelo adulto que puder experimentar uma sensação de liberdade, relaxamento e união com a água.
No momento em que ficamos na água pode surgir uma reação profunda motivada pelo sentido de preservação da vida, que se apossa da pessoa e lhe instala várias defesas. Há em muitos a forte tendência de se proteger da entrega, a recusa, a sensação de abandono, porque na água, não existem apoios. A água revela ao indivíduo suas inseguranças, mas também possibilita o acesso aos conteúdos emocionais e a construção de novas relações com esses. É um meio no qual é possível se fazer menos e deixar acontecer mais e pode-se permitir o fluir.
Veja a água, não compare com nada que você já viu, pois ao fazer isso você não vê, mas vê você mesmo projetado nela. Você e a água, jorrando, empurrando, daqui para ali refletindo as imagens, retorcendo-as, sentindo-as. Quando você não luta não resiste, você é um só com as coisas e isso é AMOR, quando você é a água está num estado de eternidade, sentindo assim a plenitude desse contato.
Na água o peso de uma pessoa é bastante reduzido, pois há a atuação do empuxo que empurra a pessoa para cima, e isto resulta num alívio do trabalho da coluna vertebral que chega a permitir que deficientes físicos movimentem-se de uma maneira que não conseguiriam fora d'água.
A água ajuda o homem a descobrir sua vocação a sua graça especial. Expandimos nosso mundo e somos mais felizes.
A água tranqüiliza, e você aprende a se entregar, aprende a ser você mesmo dentro da água, não a se entregar simplesmente, mas acordar e perceber a si e a água em relação.
As terapias corporais procuram levar o homem a reencontrar o sensorial, a basear-se nas sensações, sentir apenas com o corpo, porque só quando você não se prende a nada, não se fixa em parte alguma, mas está em movimentos, em fluir constantes como uma fonte sempre a jorrar é que você é realmente SENHOR do SEU DESTINO.
CENNI, Roberto. KAN-ICHI SATO, Vida na Água. Editora Pioneira. São Paulo, 1993
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