Fumaça dos incensos aumenta o risco de câncer do trato respiratório
Autora: Roxanne Nelson
Publicado em 29/08/2008
De acordo com um estudo publicado on line na revista Cancer, a exposição prolongada à fumaça de incensos está associada a um risco maior de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas do trato respiratório. Essa associação pareceu ser dependente da dose, e os maiores riscos foram verificados entre os indivíduos expostos por mais tempo.
De acordo com o Dr. Jeppe T. Friborg, do Statens Serum Institut de Copenhaguen, Dinamarca, e seus colaboradores, este foi o primeiro estudo prospectivo desenvolvido para determinar a associação entre os incensos e o risco de câncer. “Os resultados indicam haver uma relação entre a exposição por um longo período de tempo e os carcinomas de células escamosas do trato respiratório”.
Quando comparados com os indivíduos que não faziam uso de incensos, aqueles que eram expostos diariamente e por mais de 40 anos apresentavam um risco 70% maior de apresentar doença maligna do trato respiratório.
A queima de incenso é muito comum em muitas partes da Ásia e da Índia, sendo utilizado em templos como parte de muitos rituais e cerimônias religiosas. Além disso, é um hábito que faz parte do cotidiano no sudeste asiático: aproximadamente metade da população desta região queima incenso diariamente. A exposição habitual à fumaça de incensos não se limita apenas às populações da Ásia, e cada vez mais vem ocorrendo nos Estados Unidos e em outras nações ocidentais.
O incenso utilizado nos países asiáticos geralmente consiste em uma combinação entre plantas aromáticas (como sândalo e jasmim) e óleos essenciais. Isso gera uma mistura combustível que, quando queimada, exala uma fumaça com aroma, além de ser um grande produtor de partículas atmosféricas. Um grande número de fatores carcinogênicos pode ser liberado na fumaça do incenso, como os hidrocarbonetos aromáticos, carbonilos e benzeno.
Os pesquisadores observaram que estudos anteriores haviam investigado a associação entre câncer de pulmão e a exposição ao incenso, mas os resultados foram pouco consistentes. Outros trabalhos haviam relatado uma relação entre a fumaça do incenso e alguns tumores, como a leucemia na infância e tumores cerebrais.
O Dr. Friborg e seus colaboradores examinaram a relação entre o uso de incenso e o risco de surgimento de carcinomas do trato respiratório através deste estudo prospectivo de coorte. Entre 1993 e 1998, um total de 61.320 homens e mulheres chineses foram selecionados em Cingapura e acompanhados até o final do ano de 2005.
A idade variou entre 45 e 74 anos e todos os participantes não apresentavam câncer no início do estudo. Uma entrevista abrangente sobre as condições de vida, hábitos alimentares e fatores relacionados com o estilo de vida foi realizada no início do estudo e a coorte foi comparada com dados de base populacional. O modelo de riscos proporcionais de Cox foi utilizado para estimar o risco relativo das neoplasias relacionadas com o uso de incenso.
Ao término do período estudado, foram diagnosticados 1.146 casos de câncer do trato respiratório entre os indivíduos que faziam parte da coorte: 10 de cavidade nasal/paranasal, 20 de língua, 29 de boca, 12 de orofaringe, 14 da hipofaringe, 1 faríngeo não especificado, 175 de nasofaringe, 64 de laringe e 821 de pulmão. As neoplasias de nasofaringe eram carcinomas primários indiferenciados (89%), enquanto os demais do trato respiratório superior, que não acometiam a nasofaringe, eram predominantemente de células escamosas (88%).
Entre as neoplasias de pulmão, os adenocarcinomas eram mais freqüentes (42% dos casos) do que os carcinomas de células escamosas (24% dos pacientes).
Cerca de ¾ da coorte queimou incenso durante o período estudado (77,5% dos homens e 76,5% das mulheres). Entre esses usuários regulares, 92,7% o faziam diariamente e 83,9% vinham fazendo uso há mais de 40 anos.
Os pesquisadores verificaram que a queima de incenso não esteve associada a um aumento do risco de câncer de pulmão, nem dos que acometem a nasofaringe. Entretanto, a exposição a essa fumaça esteve associada a um risco maior de carcinoma em outros sítios do trato respiratório (que não a nasofaringe), sendo essa relação aparentemente dependente da dose. Comparado com aqueles que não o utilizam, os indivíduos que queimam incenso por mais de 40 anos têm um risco aumentado em 70% de câncer do trato respiratório superior fora da nasofaringe. Essa diferença foi estatisticamente significativa.
A intensidade do uso também aumentou o risco de câncer. Ele era maior do que o dobro quando o uso do incenso era diário ou contínuo ao longo do dia.
De acordo com os pesquisadores, os resultados deste trabalho estão em concordância com vários outros estudos que identificaram agentes carcinogênicos na fumaça do incenso. Os pesquisadores enfatizaram que “este estudo traz importantes conseqüências para a saúde pública devido à exposição disseminada e, muitas vezes involuntária, à fumaça de incensos. Além de iniciativas para reduzir a exposição à fumaça do incenso, os próximos estudos deverão identificar os tipos de incenso menos danosos”.
O estudo foi financiado com doações do National Cancer Institute.
Fonte: MedCenter
Informação sobre a autora: Roxanne Nelson é jornalista da equipe do Medscape Hematology-Oncology. Declaração de conflito de interesses: A autora declara não possuir conflito de interesses
Publicado em 29/08/2008
De acordo com um estudo publicado on line na revista Cancer, a exposição prolongada à fumaça de incensos está associada a um risco maior de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas do trato respiratório. Essa associação pareceu ser dependente da dose, e os maiores riscos foram verificados entre os indivíduos expostos por mais tempo.
De acordo com o Dr. Jeppe T. Friborg, do Statens Serum Institut de Copenhaguen, Dinamarca, e seus colaboradores, este foi o primeiro estudo prospectivo desenvolvido para determinar a associação entre os incensos e o risco de câncer. “Os resultados indicam haver uma relação entre a exposição por um longo período de tempo e os carcinomas de células escamosas do trato respiratório”.
Quando comparados com os indivíduos que não faziam uso de incensos, aqueles que eram expostos diariamente e por mais de 40 anos apresentavam um risco 70% maior de apresentar doença maligna do trato respiratório.
A queima de incenso é muito comum em muitas partes da Ásia e da Índia, sendo utilizado em templos como parte de muitos rituais e cerimônias religiosas. Além disso, é um hábito que faz parte do cotidiano no sudeste asiático: aproximadamente metade da população desta região queima incenso diariamente. A exposição habitual à fumaça de incensos não se limita apenas às populações da Ásia, e cada vez mais vem ocorrendo nos Estados Unidos e em outras nações ocidentais.
O incenso utilizado nos países asiáticos geralmente consiste em uma combinação entre plantas aromáticas (como sândalo e jasmim) e óleos essenciais. Isso gera uma mistura combustível que, quando queimada, exala uma fumaça com aroma, além de ser um grande produtor de partículas atmosféricas. Um grande número de fatores carcinogênicos pode ser liberado na fumaça do incenso, como os hidrocarbonetos aromáticos, carbonilos e benzeno.
Os pesquisadores observaram que estudos anteriores haviam investigado a associação entre câncer de pulmão e a exposição ao incenso, mas os resultados foram pouco consistentes. Outros trabalhos haviam relatado uma relação entre a fumaça do incenso e alguns tumores, como a leucemia na infância e tumores cerebrais.
O Dr. Friborg e seus colaboradores examinaram a relação entre o uso de incenso e o risco de surgimento de carcinomas do trato respiratório através deste estudo prospectivo de coorte. Entre 1993 e 1998, um total de 61.320 homens e mulheres chineses foram selecionados em Cingapura e acompanhados até o final do ano de 2005.
A idade variou entre 45 e 74 anos e todos os participantes não apresentavam câncer no início do estudo. Uma entrevista abrangente sobre as condições de vida, hábitos alimentares e fatores relacionados com o estilo de vida foi realizada no início do estudo e a coorte foi comparada com dados de base populacional. O modelo de riscos proporcionais de Cox foi utilizado para estimar o risco relativo das neoplasias relacionadas com o uso de incenso.
Ao término do período estudado, foram diagnosticados 1.146 casos de câncer do trato respiratório entre os indivíduos que faziam parte da coorte: 10 de cavidade nasal/paranasal, 20 de língua, 29 de boca, 12 de orofaringe, 14 da hipofaringe, 1 faríngeo não especificado, 175 de nasofaringe, 64 de laringe e 821 de pulmão. As neoplasias de nasofaringe eram carcinomas primários indiferenciados (89%), enquanto os demais do trato respiratório superior, que não acometiam a nasofaringe, eram predominantemente de células escamosas (88%).
Entre as neoplasias de pulmão, os adenocarcinomas eram mais freqüentes (42% dos casos) do que os carcinomas de células escamosas (24% dos pacientes).
Cerca de ¾ da coorte queimou incenso durante o período estudado (77,5% dos homens e 76,5% das mulheres). Entre esses usuários regulares, 92,7% o faziam diariamente e 83,9% vinham fazendo uso há mais de 40 anos.
Os pesquisadores verificaram que a queima de incenso não esteve associada a um aumento do risco de câncer de pulmão, nem dos que acometem a nasofaringe. Entretanto, a exposição a essa fumaça esteve associada a um risco maior de carcinoma em outros sítios do trato respiratório (que não a nasofaringe), sendo essa relação aparentemente dependente da dose. Comparado com aqueles que não o utilizam, os indivíduos que queimam incenso por mais de 40 anos têm um risco aumentado em 70% de câncer do trato respiratório superior fora da nasofaringe. Essa diferença foi estatisticamente significativa.
A intensidade do uso também aumentou o risco de câncer. Ele era maior do que o dobro quando o uso do incenso era diário ou contínuo ao longo do dia.
De acordo com os pesquisadores, os resultados deste trabalho estão em concordância com vários outros estudos que identificaram agentes carcinogênicos na fumaça do incenso. Os pesquisadores enfatizaram que “este estudo traz importantes conseqüências para a saúde pública devido à exposição disseminada e, muitas vezes involuntária, à fumaça de incensos. Além de iniciativas para reduzir a exposição à fumaça do incenso, os próximos estudos deverão identificar os tipos de incenso menos danosos”.
O estudo foi financiado com doações do National Cancer Institute.
Fonte: MedCenter
Informação sobre a autora: Roxanne Nelson é jornalista da equipe do Medscape Hematology-Oncology. Declaração de conflito de interesses: A autora declara não possuir conflito de interesses
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