Novo estudo reforça ideia de que o excesso de peso pode ser contagioso

Adriano Miranda/PÚBLICO (arq.)
Uma pessoa não se importa de ter peso a mais se as pessoas à sua volta também tiveram

"Obesidade imitativa"

18.08.2008 -
00h54 Reuters, PUBLICO.PT

A obesidade pode ser contagiosa porque muitas pessoas sentem-se bem consigo próprias se tiverem tanto excesso de peso como as pessoas à sua volta, segundo revela um estudo realizado por uma equipa internacional de economistas. A imagem normal com a qual a maioria dos indivíduos se compara tem-se tornado mais e mais pesada, alimentando um ciclo de “obesidade imitativa”, que pode explicar o rápido aumento da prevalência mundial deste problema, dizem os investigadores.

“O que temos vindo a descobrir é que os seres humanos são provavelmente levados de forma tremenda pela comparação. A não ser que entendamos estas comparações, não iremos entender os níveis de obesidade”, disse Andrew J. Oswald, da Universidade de Warwick, à Reuters, vincando que “entender a sociologia da obesidade é muito mais importante que entender a biologia”.

Este não é o primeiro trabalho que a equipa de Oswald – constituída ainda por Nicholas Christakis, de Harvard, e James Fowler, da Universidade da Califórnia – realiza sobre sociologia da obesidade. No ano passado, os três investigadores divulgaram um estudo sobre as maiores probabilidades de uma pessoa ter excesso de peso se os seus familiares e amigos também tiverem (ver link em baixo).

O mais recente estudo desta equipa foi apresentado durante uma conferência do National Bureau of Economic Research (Agência Nacional de Investigação Económica), realizada em Cambridge, no Estado norte-americano do Massachusetts. O evento escolhido para a apresentação está relacionado com o método usado pelos investigadores: recorrendo a um modelo económico, analisaram várias fontes de informação, de 29 países da Europa, com dados sobre índices de massa muscular (IMC) e a percepção das pessoas relativamente ao seu próprio peso.

A examinação dos dados permitiu concluir que mais de um terço dos europeus considera ter excesso de peso e que esta percepção é mais incisiva entre as pessoas com níveis educacionais mais elevados. Mas os investigadores também descobriram que nas mulheres o nível de satisfação relativamente ao seu peso depende da média do IMC das mulheres da mesma idade que vivem no mesmo país. E em relação aos homens, os que têm excesso de peso tendem a estar mais satisfeito se os seus pares mais próximos também tiverem IMC mais elevados.

Segundo Oswald, estas relações entre pares são inconscientes. “As pessoas podem não ter consciência disso. Os nossos computadores podem detectar estes padrões sem que as pessoas tenham necessariamente conhecimento deles”, afirmou o investigador, explicando que um indivíduo não se importa de ter peso a mais se as pessoas à sua volta também tiveram.

Comportamento que não se repete de forma tão vincada entre indivíduos de estatuto social mais elevado, para quem ser magro se tem vindo a tornar mais e mais importante. Para Oswald, talvez isto explique o aumento do número de modelos e actrizes extremamente magras, assim como a prevalência da anorexia entre raparigas e rapazes de classes sociais mais altas.

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