Joyflexing-O prazer de alongar-se
O norte-americano Ray Johnson inventou um método revolucionário de exercícios físicos, o joyflexing, que vai agradar sobretudo quem deseja manter-se em forma sem grandes esforços. A técnica é simples: alongar-se de forma natural e o mais prazerosa possível – exatamente como fazem os gatos.
Texto: Milton Correia Júnior
Ilustrações: Christiane S. Messias
Sedentários assumidos, que se sentem mal só de pensar em fazer qualquer tipo de ginástica, agora não têm mais desculpas para deixar de entrar em forma. O norte-americano Ray Johnson criou um método revolucionário de exercícios físicos batizado de joyflexing, palavra que pode ser traduzida literalmente por “alongando-se com prazer”, ou, melhor ainda, “o prazer de flexionar-se”.
Trata-se de um processo de estiramento muscular espontâneo e prazeroso, nos quais os músculos são comprimidos uns contra os outros, com movimentos que vão se alternando devagar. Uma grande vantagem é que esses exercícios podem ser praticados em diversos locais – na cama, no sofá e na cadeira do escritório, entre outros – e com qualquer tipo de roupa. Na verdade, trata-se de uma seqüência curta que não irá levar mais do que 90 segundos por vez, mas que deverá ser feita várias vezes por dia, sempre que o organismo assim o determinar.
Segundo Ray Johnson – cujo método é explicado em detalhes no livro Boa Forma Para Preguiçosos, da Editora Pensamento –, a grande diferença entre essa prática e outras similares, como a isometria, a ioga e o tai chi chuan, é que essas técnicas exigem que façamos movimentos e adotemos certas posturas conscientemente. Já no joyflexing, a idéia é deixar o corpo nos conduzir e fazer aquilo que o organismo “pede”, nos proporcionando, ao mesmo tempo, uma sensação de bem-estar. Ele chega a ser radical ao fazer a seguinte advertência: “É expressamente proibido praticar qualquer tipo de exercício de alongamento ou de estiramento que não o faça se sentir bem, pois o castigo virá na forma de estresse, frustração, mau humor ou suscetibilidade a doenças.”
Prazer é a palavra-chave para o sucesso da prática do joyflexing, pois, para o autor, as pessoas, com o tempo, tendem a abandonar atividades físicas com exercícios repetitivos, aborrecidos e artificiais. A seu ver, ninguém deve encarar uma prática física como “obrigação” e ficar com dor na consciência quando deixa de ir a uma aula. Além disso, Johnson acredita que não basta praticar esporte ou exercitar o corpo apenas algumas vezes por semana. Esse estímulo tem de ser diário e constante, feito em períodos curtos, distribuídos ao longo do dia.
O joyflexing, na verdade, nasceu de forma bem curiosa, quando Ray Johnson observava o gato do vizinho deitado no seu gramado e se fez a seguinte pergunta: “Se o bichinho passa a maior parte do dia dormindo ou deitado, descansando, como faz para se manter em forma, sempre com os músculos tonificados e pronto para pular em cima de um camundongo ou subir em árvores com incrível agilidade e rapidez?” A resposta desse segredo veio logo em seguida, quando o gato se levantou e começou a bocejar e a se espreguiçar exageradamente, esticando bastante as patas dianteiras para a frente. Ou seja, o bicho estava fazendo um exercício de alongamento, movido pelos seus instintos. Os próprios cientistas afirmam que os gatos (e os demais felinos) precisam se espreguiçar, de tempos em tempos, para manter em forma as funções do corpo. Se os gatos não se alongarem várias vezes ao dia, seus músculos se atrofiam e o acúmulo de toxinas provoca doenças.
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação
Ray Johnson chegou então à conclusão de que, se isso é bom para os gatos, também é bom para nós, seres humanos. E tratou de imitar o animal, espreguiçando-se e alongando-se. “Percebi a energia fluindo por todo o meu corpo e logo me senti ótimo”, afirma. Imediatamente se deu conta de que o espreguiçar rotineiro do gato se parecia com um exercício isométrico que fizera alguns anos antes.
Aqui cabe uma explicação: a isometria consiste num método de condicionamento físico em que são praticados exercícios curtos de estiramento e contração muscular. Esses exercícios, na verdade, se baseiam em outros, que foram desenvolvidos há milhares de anos na China, pelos mestres do chi kung. Os chineses sempre representavam o deus da bem-aventurança se espreguiçando, pois tinham consciência de que as pessoas se alongam e se espreguiçam espontaneamente quando estão contentes. Eles também sabiam que espreguiçar-se com prazer faz bem à saúde e proporciona vida longa, energia sexual e estimula a criatividade. Segundo escritos chineses de mais de três mil anos, o corpo humano recebe energia cósmica (o chi), através de uma rede de canais sutis (os meridianos), sendo que essa energia pode ser liberada e conduzida por meio da acupuntura e dos exercícios físicos do chi kung.
Ao contrário do chi kung, do tai chi e da isometria, porém, o joyflexing não requer nenhum tipo de treinamento, pois brota espontaneamente do centro do corpo. Johnson afirma que se trata de um método simples e direto para nos sentirmos bem e para acumular energia de vida em nosso organismo. “Cada vez que nos espreguiçamos e tensionamos os músculos, aumentamos nossa vitalidade e fortalecemos o sistema imunológico. Ficamos mais resistentes a tensões e ao estresse. Ao mesmo tempo, entramos em harmonia com o cosmo e compreendemos que a vida está em sintonia com a inteligência universal e divina”, explica.
O joyflexing também estimula o fluxo da energia vital no organismo, eliminando os bloqueios e os nós que impedem sua livre circulação. Para tanto, porém, além de movimentar o corpo, será preciso ainda imaginar a energia fluindo livremente, ativando o sistema nervoso e circulatório. À noite, antes de dormir, devemos relaxar, respirar profundamente e deixar que a energia que se concentrou na cabeça durante o dia flua normalmente por todos os órgãos, atingindo as pernas e pés. As articulações especialmente carecem desse fluxo energético desobstruído, pois são pontos em que a energia pode facilmente ficar bloqueada. Os taoístas acreditam que essa energia celestial atravessa o corpo para chegar à terra, ao mesmo tempo em que a energia vital telúrica sobe em sentido inverso. Essas correntes fortalecem e nutrem todos os órgãos e cada uma das células; por isso, sempre que possível, é importante pisar na terra com os pés descalços. Um detalhe importante: o fluxo pode ser facilitado pela visualização, mas não se deve forçá-lo, pois isso poderia causar resultados desastrosos, como uma liberação súbita de uma grande quantidade de energia.
Segundo seu criador, o joyflexing ajuda a manter a forma de modo equilibrado, fortalecendo a musculatura e proporcionando bem-estar e boa aparência, sem desenvolver os músculos além do necessário. À medida que o joyflexing for se tornando um hábito, o corpo ficará mais desperto e exigirá que o praticante se movimente mais. As partes adormecidas e atrofia-das acordarão e a pessoa sentirá um impulso cada vez maior de se alongar.
Embora Ray Johnson ensine alguns exercícios básicos de joyflexing, faz questão de salientar que o praticante é quem irá criar seus próprios movimentos, ditados pela necessidade do seu organismo. Ele reconhece que, a princípio, as pessoas tenderão a ficar confusas e desorientadas, pois estão acostumadas a receber métodos prontos. Por isso, é natural que o praticante se pergunte se está indo pelo caminho certo ou se a prática está lhe fazendo bem. Com o tempo, porém, o próprio corpo se encarregará de responder com uma sensação de bem-estar cada vez maior, pois não deveremos nunca esquecer que a fonte do joyflexing é o prazer. “A energia voltará a fluir no seu organismo e os músculos enfraquecidos, as articulações, as veias e os vasos linfáticos voltarão a funcionar sem dificuldade. Você será recompensado com sensações de alegria e prazer”, assegura. Um detalhe importante: alguns praticantes do joyflexing chegaram até a melhorar a visão, deixando os óculos de lado, ou diminuindo o seu grau.
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação
Quem deseja colocar o método em prática deve estar disposto a abandonar certos preconceitos e idéias incutidas ao longo da vida e, inclusive, enfrentar a discriminação alheia, pois o simples ato de se espreguiçar ou bocejar exageradamente não é visto com bons olhos. Além disso, o autor afirma categoricamente que devemos dar vazão aos nossos impulsos infantis de chutar a gol uma bola imaginária, de saltitar ou pular, sempre que sentirmos vontade. “Imagine que você é um gato ou uma criança pequena. Gire os quadris, alongue as costas até formigarem, jogue os ombros para trás, tensione os músculos das pernas, mexa os dedos dos pés e faça caretas. Deixe que o seu corpo faça movimentos e poses engraçados. Depois relaxe”, ensina. Outro exemplo de exercício: fique em pé e tensione o corpo inteiro, da cabeça aos pés, mantendo a tensão por seis segundos. Então torne a relaxar. Os mais tímidos poderão se exercitar sem que ninguém perceba, pressionando os músculos das pernas um contra o outro ou tensionando as mãos, por exemplo.
Sedentarismo não é bom, principalmente quando associado a uma alimentação desequilibrada, e o organismo paga um preço alto pela falta de atividade física, que se transforma numa série de males, como problemas cardíacos, câncer, males respiratórios e artrite, as chamadas “doenças da civilização”. Por isso, se aprendermos a ficar em forma por meio da atividade física diária, teremos condições de evitar enfermidades e a diminuição da resistência. O corpo sente falta da força muscular e do vigor e precisamos apenas prestar atenção aos sinais sutis que ele nos manda e agir de acordo com isso.
A pessoa interessada em praticar o joyflexing pode começar a se exercitar de maneira leve, quando ainda estiver na cama, pressionando diferentes grupos de músculos. Em seguida, poderá comprimir a musculatura do abdômen contra as costas durante alguns segundos, até que a sensação deixe de ser agradável. Em seguida irá tensionar os músculos de outras áreas que estão precisando de estímulo, como barriga da perna, braços, ombros e mãos.
Ray Johnson cita o exemplo das crianças que, assim como os gatos, gostam de se espreguiçar de cima a baixo. Às vezes, para conseguir isso, rolam no chão ou na cama, pois instintivamente sabem que ficarão em forma e ativas. Quando adultos, reprimimos esses movimentos naturais, ficando tensos e entorpecidos, ao passo que os felinos e as crianças esbanjam vitalidade da cabeça aos pés. Ele explica que há uma atividade que alia o prazer e a espontaneidade do joyflexing aos movimentos vigorosos dos exercícios convencionais: trata-se do saltitar animado usado pelas crianças como expressão de alegria. Essa necessidade biológica também se traduz nos movimentos espontâneos da dança. Por isso, dentro de casa, devemos saltitar e dançar sempre que estivermos com vontade, exatamente como fazíamos na infância.
“Balance os braços e as pernas e gire o corpo, ao som de uma música da sua preferência. Deixe os movimentos fluírem para fora de você e permita que comandem seu corpo. Dê ênfase aos gestos que lhe parecerem mais prazerosos, pois esses serão os que o seu organismo está necessitando no momento. Use a imaginação e invente novos passos. Inclua, de vez em quando, exercícios de espreguiçamento. Agite os braços e pernas de maneiras diferentes. Gire e flexione a coluna e o pescoço no ritmo da música. Seu corpo lhe mostrará quais os pontos fracos que precisam ser relaxados, alongados ou fortalecidos. Assobie e cante, se tiver vontade”, ensina. A princípio, a pessoa ficará sem fôlego, mas com o tempo irá adquirir força e resistência para saltitar e dançar facilmente durante 15 minutos, sem se cansar. Entretanto, ela não deverá forçar nada. Antes de iniciar esses exercícios, será fundamental procurar um médico para saber como está o seu estado geral de saúde e se não tem problemas cardíacos ou outros igualmente graves.
Dicas Estimulantes
O joyflexing é totalmente natural e espontâneo, pois parte do princípio de que a necessidade de uma pessoa se alongar, se espreguiçar e se movimentar vem de dentro dela. Trata-se de uma necessidade biológica e não de um esforço imposto sobre o corpo, determinado pela razão. Por isso, não há um programa de exercícios com instruções detalhadas. Mas para que o iniciante no joyflexing não se sinta perdido, sem saber exatamente o que fazer, Ray Johnson dedica todo um capítulo do seu livro a sugestões que chama de “imagens estimulantes”. Este é um resumo delas, que são descritas no livro de maneira integral:
• Enrodilhando-se na cama – O praticante encolhe as pernas e as segura com os braços. Enquanto comprime seu corpo ao máximo, vai soltando o ar dos pulmões devagar.
• Nadando na cama – A pessoa fica deitada de bruços, imaginando que está nadando, com movimentos regulares.
• Colhendo maçãs – É só ficar de pé, imaginando estar debaixo de uma macieira carregada de frutos. Em seguida, colhe-sem os frutos, colocando-os numa cesta, também imaginária.
• Esquiando – O indivíduo imita os movimentos de um esquiador descendo uma pista de esqui.
• Encolhendo a barriga – Com os pulmões parcialmente cheios, a pessoa prende a respiração e encolhe a barriga. Ao mesmo tempo, tensiona os músculos das nádegas.
• Empurrando um carro pesado – A pessoa se posiciona, de lado, entre os batentes de uma porta. Com as duas mãos pressiona um dos batentes, enquanto com os pés se apóia no outro batente.
• Jogando uma pedra no buraco – De cócoras, com as costas retas, o indivíduo levanta uma grande pedra imaginária.
• O barco a remo – Sentado na cama, o praticante movimenta os pesados remos de um bote.
Outras possibilidades:
• Para tonificar os músculos do rosto, basta sorrir, abrir bem os olhos e a boca, fechá-los com força, torcer a boca para a direita e para a esquerda e tensionar os músculos do maxilar inferior.
• Incline a cabeça para a frente, para trás e para os lados, alongando a musculatura do pescoço e dos ombros.
• Pressione uma mão contra a outra, ou puxe uma com a outra. Feche-as ou estique os dedos.
• Aprume o tórax e estique bem os braços. Ou então fique em posição fetal.
• Alongue os músculos da barriga e das costas. Dobre a coluna vertebral para a frente, para trás e para os lados.
• Pressione os músculos das coxas, uns contra os outros. Se estiver sentado, pode esticar os joelhos e os dedos dos pés.
Para acompanhar o seu progresso com os exercícios de joyflexing, faça o seguinte:
• Pegue um lápis e fique em pé junto a uma parede; então, salte o mais alto que conseguir e marque com o lápis o ponto atingido na parede. Repita o procedimento quatro semanas depois e verifique a diferença.
• A partir de onde você está, pule para a frente e meça também a distância atingida. Torne a medir quatro semanas depois.
Fontes:
Joyflexing-O prazer de alongar-se-1
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar.htm
Joyflexing-O prazer de alongar-se-continuação-2
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar2.htm
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação-3
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar3.htm
Texto: Milton Correia Júnior
Ilustrações: Christiane S. Messias
Sedentários assumidos, que se sentem mal só de pensar em fazer qualquer tipo de ginástica, agora não têm mais desculpas para deixar de entrar em forma. O norte-americano Ray Johnson criou um método revolucionário de exercícios físicos batizado de joyflexing, palavra que pode ser traduzida literalmente por “alongando-se com prazer”, ou, melhor ainda, “o prazer de flexionar-se”.
Trata-se de um processo de estiramento muscular espontâneo e prazeroso, nos quais os músculos são comprimidos uns contra os outros, com movimentos que vão se alternando devagar. Uma grande vantagem é que esses exercícios podem ser praticados em diversos locais – na cama, no sofá e na cadeira do escritório, entre outros – e com qualquer tipo de roupa. Na verdade, trata-se de uma seqüência curta que não irá levar mais do que 90 segundos por vez, mas que deverá ser feita várias vezes por dia, sempre que o organismo assim o determinar.
Segundo Ray Johnson – cujo método é explicado em detalhes no livro Boa Forma Para Preguiçosos, da Editora Pensamento –, a grande diferença entre essa prática e outras similares, como a isometria, a ioga e o tai chi chuan, é que essas técnicas exigem que façamos movimentos e adotemos certas posturas conscientemente. Já no joyflexing, a idéia é deixar o corpo nos conduzir e fazer aquilo que o organismo “pede”, nos proporcionando, ao mesmo tempo, uma sensação de bem-estar. Ele chega a ser radical ao fazer a seguinte advertência: “É expressamente proibido praticar qualquer tipo de exercício de alongamento ou de estiramento que não o faça se sentir bem, pois o castigo virá na forma de estresse, frustração, mau humor ou suscetibilidade a doenças.”
Prazer é a palavra-chave para o sucesso da prática do joyflexing, pois, para o autor, as pessoas, com o tempo, tendem a abandonar atividades físicas com exercícios repetitivos, aborrecidos e artificiais. A seu ver, ninguém deve encarar uma prática física como “obrigação” e ficar com dor na consciência quando deixa de ir a uma aula. Além disso, Johnson acredita que não basta praticar esporte ou exercitar o corpo apenas algumas vezes por semana. Esse estímulo tem de ser diário e constante, feito em períodos curtos, distribuídos ao longo do dia.
O joyflexing, na verdade, nasceu de forma bem curiosa, quando Ray Johnson observava o gato do vizinho deitado no seu gramado e se fez a seguinte pergunta: “Se o bichinho passa a maior parte do dia dormindo ou deitado, descansando, como faz para se manter em forma, sempre com os músculos tonificados e pronto para pular em cima de um camundongo ou subir em árvores com incrível agilidade e rapidez?” A resposta desse segredo veio logo em seguida, quando o gato se levantou e começou a bocejar e a se espreguiçar exageradamente, esticando bastante as patas dianteiras para a frente. Ou seja, o bicho estava fazendo um exercício de alongamento, movido pelos seus instintos. Os próprios cientistas afirmam que os gatos (e os demais felinos) precisam se espreguiçar, de tempos em tempos, para manter em forma as funções do corpo. Se os gatos não se alongarem várias vezes ao dia, seus músculos se atrofiam e o acúmulo de toxinas provoca doenças.
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação
Ray Johnson chegou então à conclusão de que, se isso é bom para os gatos, também é bom para nós, seres humanos. E tratou de imitar o animal, espreguiçando-se e alongando-se. “Percebi a energia fluindo por todo o meu corpo e logo me senti ótimo”, afirma. Imediatamente se deu conta de que o espreguiçar rotineiro do gato se parecia com um exercício isométrico que fizera alguns anos antes.
Aqui cabe uma explicação: a isometria consiste num método de condicionamento físico em que são praticados exercícios curtos de estiramento e contração muscular. Esses exercícios, na verdade, se baseiam em outros, que foram desenvolvidos há milhares de anos na China, pelos mestres do chi kung. Os chineses sempre representavam o deus da bem-aventurança se espreguiçando, pois tinham consciência de que as pessoas se alongam e se espreguiçam espontaneamente quando estão contentes. Eles também sabiam que espreguiçar-se com prazer faz bem à saúde e proporciona vida longa, energia sexual e estimula a criatividade. Segundo escritos chineses de mais de três mil anos, o corpo humano recebe energia cósmica (o chi), através de uma rede de canais sutis (os meridianos), sendo que essa energia pode ser liberada e conduzida por meio da acupuntura e dos exercícios físicos do chi kung.
Ao contrário do chi kung, do tai chi e da isometria, porém, o joyflexing não requer nenhum tipo de treinamento, pois brota espontaneamente do centro do corpo. Johnson afirma que se trata de um método simples e direto para nos sentirmos bem e para acumular energia de vida em nosso organismo. “Cada vez que nos espreguiçamos e tensionamos os músculos, aumentamos nossa vitalidade e fortalecemos o sistema imunológico. Ficamos mais resistentes a tensões e ao estresse. Ao mesmo tempo, entramos em harmonia com o cosmo e compreendemos que a vida está em sintonia com a inteligência universal e divina”, explica.
O joyflexing também estimula o fluxo da energia vital no organismo, eliminando os bloqueios e os nós que impedem sua livre circulação. Para tanto, porém, além de movimentar o corpo, será preciso ainda imaginar a energia fluindo livremente, ativando o sistema nervoso e circulatório. À noite, antes de dormir, devemos relaxar, respirar profundamente e deixar que a energia que se concentrou na cabeça durante o dia flua normalmente por todos os órgãos, atingindo as pernas e pés. As articulações especialmente carecem desse fluxo energético desobstruído, pois são pontos em que a energia pode facilmente ficar bloqueada. Os taoístas acreditam que essa energia celestial atravessa o corpo para chegar à terra, ao mesmo tempo em que a energia vital telúrica sobe em sentido inverso. Essas correntes fortalecem e nutrem todos os órgãos e cada uma das células; por isso, sempre que possível, é importante pisar na terra com os pés descalços. Um detalhe importante: o fluxo pode ser facilitado pela visualização, mas não se deve forçá-lo, pois isso poderia causar resultados desastrosos, como uma liberação súbita de uma grande quantidade de energia.
Segundo seu criador, o joyflexing ajuda a manter a forma de modo equilibrado, fortalecendo a musculatura e proporcionando bem-estar e boa aparência, sem desenvolver os músculos além do necessário. À medida que o joyflexing for se tornando um hábito, o corpo ficará mais desperto e exigirá que o praticante se movimente mais. As partes adormecidas e atrofia-das acordarão e a pessoa sentirá um impulso cada vez maior de se alongar.
Embora Ray Johnson ensine alguns exercícios básicos de joyflexing, faz questão de salientar que o praticante é quem irá criar seus próprios movimentos, ditados pela necessidade do seu organismo. Ele reconhece que, a princípio, as pessoas tenderão a ficar confusas e desorientadas, pois estão acostumadas a receber métodos prontos. Por isso, é natural que o praticante se pergunte se está indo pelo caminho certo ou se a prática está lhe fazendo bem. Com o tempo, porém, o próprio corpo se encarregará de responder com uma sensação de bem-estar cada vez maior, pois não deveremos nunca esquecer que a fonte do joyflexing é o prazer. “A energia voltará a fluir no seu organismo e os músculos enfraquecidos, as articulações, as veias e os vasos linfáticos voltarão a funcionar sem dificuldade. Você será recompensado com sensações de alegria e prazer”, assegura. Um detalhe importante: alguns praticantes do joyflexing chegaram até a melhorar a visão, deixando os óculos de lado, ou diminuindo o seu grau.
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação
Quem deseja colocar o método em prática deve estar disposto a abandonar certos preconceitos e idéias incutidas ao longo da vida e, inclusive, enfrentar a discriminação alheia, pois o simples ato de se espreguiçar ou bocejar exageradamente não é visto com bons olhos. Além disso, o autor afirma categoricamente que devemos dar vazão aos nossos impulsos infantis de chutar a gol uma bola imaginária, de saltitar ou pular, sempre que sentirmos vontade. “Imagine que você é um gato ou uma criança pequena. Gire os quadris, alongue as costas até formigarem, jogue os ombros para trás, tensione os músculos das pernas, mexa os dedos dos pés e faça caretas. Deixe que o seu corpo faça movimentos e poses engraçados. Depois relaxe”, ensina. Outro exemplo de exercício: fique em pé e tensione o corpo inteiro, da cabeça aos pés, mantendo a tensão por seis segundos. Então torne a relaxar. Os mais tímidos poderão se exercitar sem que ninguém perceba, pressionando os músculos das pernas um contra o outro ou tensionando as mãos, por exemplo.
Sedentarismo não é bom, principalmente quando associado a uma alimentação desequilibrada, e o organismo paga um preço alto pela falta de atividade física, que se transforma numa série de males, como problemas cardíacos, câncer, males respiratórios e artrite, as chamadas “doenças da civilização”. Por isso, se aprendermos a ficar em forma por meio da atividade física diária, teremos condições de evitar enfermidades e a diminuição da resistência. O corpo sente falta da força muscular e do vigor e precisamos apenas prestar atenção aos sinais sutis que ele nos manda e agir de acordo com isso.
A pessoa interessada em praticar o joyflexing pode começar a se exercitar de maneira leve, quando ainda estiver na cama, pressionando diferentes grupos de músculos. Em seguida, poderá comprimir a musculatura do abdômen contra as costas durante alguns segundos, até que a sensação deixe de ser agradável. Em seguida irá tensionar os músculos de outras áreas que estão precisando de estímulo, como barriga da perna, braços, ombros e mãos.
Ray Johnson cita o exemplo das crianças que, assim como os gatos, gostam de se espreguiçar de cima a baixo. Às vezes, para conseguir isso, rolam no chão ou na cama, pois instintivamente sabem que ficarão em forma e ativas. Quando adultos, reprimimos esses movimentos naturais, ficando tensos e entorpecidos, ao passo que os felinos e as crianças esbanjam vitalidade da cabeça aos pés. Ele explica que há uma atividade que alia o prazer e a espontaneidade do joyflexing aos movimentos vigorosos dos exercícios convencionais: trata-se do saltitar animado usado pelas crianças como expressão de alegria. Essa necessidade biológica também se traduz nos movimentos espontâneos da dança. Por isso, dentro de casa, devemos saltitar e dançar sempre que estivermos com vontade, exatamente como fazíamos na infância.
“Balance os braços e as pernas e gire o corpo, ao som de uma música da sua preferência. Deixe os movimentos fluírem para fora de você e permita que comandem seu corpo. Dê ênfase aos gestos que lhe parecerem mais prazerosos, pois esses serão os que o seu organismo está necessitando no momento. Use a imaginação e invente novos passos. Inclua, de vez em quando, exercícios de espreguiçamento. Agite os braços e pernas de maneiras diferentes. Gire e flexione a coluna e o pescoço no ritmo da música. Seu corpo lhe mostrará quais os pontos fracos que precisam ser relaxados, alongados ou fortalecidos. Assobie e cante, se tiver vontade”, ensina. A princípio, a pessoa ficará sem fôlego, mas com o tempo irá adquirir força e resistência para saltitar e dançar facilmente durante 15 minutos, sem se cansar. Entretanto, ela não deverá forçar nada. Antes de iniciar esses exercícios, será fundamental procurar um médico para saber como está o seu estado geral de saúde e se não tem problemas cardíacos ou outros igualmente graves.
Dicas Estimulantes
O joyflexing é totalmente natural e espontâneo, pois parte do princípio de que a necessidade de uma pessoa se alongar, se espreguiçar e se movimentar vem de dentro dela. Trata-se de uma necessidade biológica e não de um esforço imposto sobre o corpo, determinado pela razão. Por isso, não há um programa de exercícios com instruções detalhadas. Mas para que o iniciante no joyflexing não se sinta perdido, sem saber exatamente o que fazer, Ray Johnson dedica todo um capítulo do seu livro a sugestões que chama de “imagens estimulantes”. Este é um resumo delas, que são descritas no livro de maneira integral:
• Enrodilhando-se na cama – O praticante encolhe as pernas e as segura com os braços. Enquanto comprime seu corpo ao máximo, vai soltando o ar dos pulmões devagar.
• Nadando na cama – A pessoa fica deitada de bruços, imaginando que está nadando, com movimentos regulares.
• Colhendo maçãs – É só ficar de pé, imaginando estar debaixo de uma macieira carregada de frutos. Em seguida, colhe-sem os frutos, colocando-os numa cesta, também imaginária.
• Esquiando – O indivíduo imita os movimentos de um esquiador descendo uma pista de esqui.
• Encolhendo a barriga – Com os pulmões parcialmente cheios, a pessoa prende a respiração e encolhe a barriga. Ao mesmo tempo, tensiona os músculos das nádegas.
• Empurrando um carro pesado – A pessoa se posiciona, de lado, entre os batentes de uma porta. Com as duas mãos pressiona um dos batentes, enquanto com os pés se apóia no outro batente.
• Jogando uma pedra no buraco – De cócoras, com as costas retas, o indivíduo levanta uma grande pedra imaginária.
• O barco a remo – Sentado na cama, o praticante movimenta os pesados remos de um bote.
Outras possibilidades:
• Para tonificar os músculos do rosto, basta sorrir, abrir bem os olhos e a boca, fechá-los com força, torcer a boca para a direita e para a esquerda e tensionar os músculos do maxilar inferior.
• Incline a cabeça para a frente, para trás e para os lados, alongando a musculatura do pescoço e dos ombros.
• Pressione uma mão contra a outra, ou puxe uma com a outra. Feche-as ou estique os dedos.
• Aprume o tórax e estique bem os braços. Ou então fique em posição fetal.
• Alongue os músculos da barriga e das costas. Dobre a coluna vertebral para a frente, para trás e para os lados.
• Pressione os músculos das coxas, uns contra os outros. Se estiver sentado, pode esticar os joelhos e os dedos dos pés.
Para acompanhar o seu progresso com os exercícios de joyflexing, faça o seguinte:
• Pegue um lápis e fique em pé junto a uma parede; então, salte o mais alto que conseguir e marque com o lápis o ponto atingido na parede. Repita o procedimento quatro semanas depois e verifique a diferença.
• A partir de onde você está, pule para a frente e meça também a distância atingida. Torne a medir quatro semanas depois.
Fontes:
Joyflexing-O prazer de alongar-se-1
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar.htm
Joyflexing-O prazer de alongar-se-continuação-2
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar2.htm
Joyflexing-O prazer de alongar-se - continuação-3
http://www.terra.com.br/planetanaweb/355/materias/355_prazer_alongar3.htm
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