Nações Unidas desafiam estados-membros sobre alterações climáticas
O secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon desafiou os governos mundiais a agir de acordo com as mais recentes descobertas reveladas por um importante estudo sobre as alterações climáticas. Lançando o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, ele referiu que já existem formas reais e de custos aceitáveis de lidar com a questão.
O IPCC afirma que as alterações climáticas são "inequívocas" e podem causar "impactos abruptos e irreversíveis". Ban apelou aos políticos que agissem em conformidade durante a conferência sobre alterações climáticas das Nações Unidas, que decorrerá em Bali.
"Actualmente os cientistas mundiais falam de forma muito clara e a uma única voz", disse ele, "e em Bali eu espero que os políticos mundiais façam o mesmo." Discursando ao chegar a Valência para a conferência do IPCC vindo de uma viagem à Antárctica e à América do Sul, Ban continuou: "Chego até vós com a humildade de quem acabou de ver alguns dos tesouros mais preciosos da Terra ameaçados pela mão do Homem. Todos temos que assumir a responsabilidade de os proteger."
O relatório do IPCC sintetiza os três aspectos das alterações climáticas sobre os quais já se tinha pronunciado anteriormente, sobre a ciência, os impactos prováveis e as opções que existem para se lidar com o problema.
Entre as conclusões principais estão que as alterações climáticas são "inequívocas", que as emissões de origem humana de gases de efeito de estufa têm uma probabilidade superior a 90% de ser a sua principal causa e que os impactos podem ser reduzidos com custos razoáveis.
Uma declaração que terá causado acesa discussão durante as conversações que duraram uma semana é a que afirma que as alterações climáticas podem trazer impactos "abruptos e irreversíveis". Esses impactos incluem o degelo rápido de glaciares e a extinção de espécies.
"Aproximadamente 20 a 30% das espécies avaliadas até à data devem ter um risco acrescido de extinção se a taxa de subida das temperaturas médias globais exceder 1,5 a 2,5ºC (relativamente à média de 1980 a 1999)", conclui o sumário.
Outros impactos potenciais salientados no texto incluem:
*
entre 75 e 250 milhões de pessoas com menor disponibilidade de água potável;
*
colheitas agrícolas de campo regados pela chuva devem reduzir-se a metade;
*
segurança alimentar ficará ainda mais comprometida em regiões como África;
*
impactos generalizados sobre os recifes de coral.
O secretário-geral do Painel, Rajendra Pachauri, salientou a necessidade de lidar com os impactos que estão a chegar, quer as emissões sejam controladas, quer não. Mesmo que os níveis de CO2 na atmosfera permanecessem como estão actualmente, referiu ele, as pesquisas já revelaram que o nível do mar irá subir entre 0,4 e 1,4 metros simplesmente porque a água do mar continuaria a aquecer, fazendo-a expandir-se.
"Esta é uma descoberta muito importante, porque irá trazer alterações importantes às zonas costeiras e inundará as zonas baixas, com grande impacto sobre os deltas e ilhas baixas. Se somarmos a isto o degelo de alguns dos grandes corpos de gelo do planeta, temos uma imagem do tipo de situação que temos que enfrentar."
Esta é a quarta avaliação importante do IPCC sobre as alterações climáticas globais desde a sua formação há perto de 20 anos. Durante a sua existência ficou claro que as alterações climáticas actuais são reais e devidas à acção humana, bem como a escala dos impactos.
"Se analisarmos os impactos globais, eles parecem maiores e cada vez mais antecipados, relativamente ao que prevíamos em 2001", diz Martin Parry, membro do grupo de trabalho sobre os impactos. "Algumas das alterações que projectávamos para 2020 ou 2030 estão a acontecer agora, como o degelo do Árctico e as alterações da localização de várias espécies." Há indicações que os aumentos projectados em secas também estão a surgir mais cedo do que se esperava, ainda que seja menos certo esse ponto.
O IPCC considerou cerca de 29 mil tipos de evidências do mundo real na elaboração deste relatório, para além de projecções feitas com modelos de computador. Incluem-se observações demonstrando que as zonas secas do mundo, como o Sahel e o sul de África, estão a receber cada vez menos chuva, enquanto o norte europeu e partes das Américas têm a situação inversa.
O Painel sugere que as sociedades têm que se adaptar aos impactos futuros, bem como reduzir as emissões desde já. Sem medias extra, as emissões de dióxido de carbono vão continuar a subir, pois já estão a subir mais depressa do que há uma década, em parte devido à crescente utilização do carvão.
A análise económica do IPCC diz que essa tendência pode ser revertida com custos razoáveis. De facto, dizem eles, há "muitas evidências que acções de mitigação podem resultar em outro tipo de benefícios a curto prazo, como por exemplo, melhor saúde devido à redução de poluição do ar", o que amortizaria os custos.
Os cientistas do Painel dizem que a inversão destas tendências tem que começar no prazo de uma década se se pretende evitar os piores impactos do aquecimento global.
Estas descobertas vão ser entregues nas conversações de Bali, na convenção das Nações Unidas sobre o clima e o Protocolo de Kyoto, que terão início a 3 de Dezembro.
O IPCC afirma que as alterações climáticas são "inequívocas" e podem causar "impactos abruptos e irreversíveis". Ban apelou aos políticos que agissem em conformidade durante a conferência sobre alterações climáticas das Nações Unidas, que decorrerá em Bali.
"Actualmente os cientistas mundiais falam de forma muito clara e a uma única voz", disse ele, "e em Bali eu espero que os políticos mundiais façam o mesmo." Discursando ao chegar a Valência para a conferência do IPCC vindo de uma viagem à Antárctica e à América do Sul, Ban continuou: "Chego até vós com a humildade de quem acabou de ver alguns dos tesouros mais preciosos da Terra ameaçados pela mão do Homem. Todos temos que assumir a responsabilidade de os proteger."
O relatório do IPCC sintetiza os três aspectos das alterações climáticas sobre os quais já se tinha pronunciado anteriormente, sobre a ciência, os impactos prováveis e as opções que existem para se lidar com o problema.
Entre as conclusões principais estão que as alterações climáticas são "inequívocas", que as emissões de origem humana de gases de efeito de estufa têm uma probabilidade superior a 90% de ser a sua principal causa e que os impactos podem ser reduzidos com custos razoáveis.
Uma declaração que terá causado acesa discussão durante as conversações que duraram uma semana é a que afirma que as alterações climáticas podem trazer impactos "abruptos e irreversíveis". Esses impactos incluem o degelo rápido de glaciares e a extinção de espécies.
"Aproximadamente 20 a 30% das espécies avaliadas até à data devem ter um risco acrescido de extinção se a taxa de subida das temperaturas médias globais exceder 1,5 a 2,5ºC (relativamente à média de 1980 a 1999)", conclui o sumário.
Outros impactos potenciais salientados no texto incluem:
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entre 75 e 250 milhões de pessoas com menor disponibilidade de água potável;
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colheitas agrícolas de campo regados pela chuva devem reduzir-se a metade;
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segurança alimentar ficará ainda mais comprometida em regiões como África;
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impactos generalizados sobre os recifes de coral.
O secretário-geral do Painel, Rajendra Pachauri, salientou a necessidade de lidar com os impactos que estão a chegar, quer as emissões sejam controladas, quer não. Mesmo que os níveis de CO2 na atmosfera permanecessem como estão actualmente, referiu ele, as pesquisas já revelaram que o nível do mar irá subir entre 0,4 e 1,4 metros simplesmente porque a água do mar continuaria a aquecer, fazendo-a expandir-se.
"Esta é uma descoberta muito importante, porque irá trazer alterações importantes às zonas costeiras e inundará as zonas baixas, com grande impacto sobre os deltas e ilhas baixas. Se somarmos a isto o degelo de alguns dos grandes corpos de gelo do planeta, temos uma imagem do tipo de situação que temos que enfrentar."
Esta é a quarta avaliação importante do IPCC sobre as alterações climáticas globais desde a sua formação há perto de 20 anos. Durante a sua existência ficou claro que as alterações climáticas actuais são reais e devidas à acção humana, bem como a escala dos impactos.
"Se analisarmos os impactos globais, eles parecem maiores e cada vez mais antecipados, relativamente ao que prevíamos em 2001", diz Martin Parry, membro do grupo de trabalho sobre os impactos. "Algumas das alterações que projectávamos para 2020 ou 2030 estão a acontecer agora, como o degelo do Árctico e as alterações da localização de várias espécies." Há indicações que os aumentos projectados em secas também estão a surgir mais cedo do que se esperava, ainda que seja menos certo esse ponto.
O IPCC considerou cerca de 29 mil tipos de evidências do mundo real na elaboração deste relatório, para além de projecções feitas com modelos de computador. Incluem-se observações demonstrando que as zonas secas do mundo, como o Sahel e o sul de África, estão a receber cada vez menos chuva, enquanto o norte europeu e partes das Américas têm a situação inversa.
O Painel sugere que as sociedades têm que se adaptar aos impactos futuros, bem como reduzir as emissões desde já. Sem medias extra, as emissões de dióxido de carbono vão continuar a subir, pois já estão a subir mais depressa do que há uma década, em parte devido à crescente utilização do carvão.
A análise económica do IPCC diz que essa tendência pode ser revertida com custos razoáveis. De facto, dizem eles, há "muitas evidências que acções de mitigação podem resultar em outro tipo de benefícios a curto prazo, como por exemplo, melhor saúde devido à redução de poluição do ar", o que amortizaria os custos.
Os cientistas do Painel dizem que a inversão destas tendências tem que começar no prazo de uma década se se pretende evitar os piores impactos do aquecimento global.
Estas descobertas vão ser entregues nas conversações de Bali, na convenção das Nações Unidas sobre o clima e o Protocolo de Kyoto, que terão início a 3 de Dezembro.
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Fonte: Simbiotica
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