URINOTERAPIA E ESCARAS

URINOTERAPIA E ESCARAS

Prof. Dr. Wiliam César Alves Machado*
wilmachado@uol.com.br

A Urinoterapia é uma das técnicas terapêuticas mais antigas e populares usada por várias culturas através dos tempos. Era amplamente usada na Índia, Tibete, Egito e Grécia Antiga, e nas civilizações asteca, inca e maia. Ainda hoje é usada como procedimento terapêutico respeitável na Nicarágua, Arábia e Alasca, para combater males físicos. No Brasil, particularmente em áreas carentes de recursos, como no Nordeste e em várias outras regiões do país, a tradição popular recomenda a aplicação de urina de crianças nos casos de doenças de pele, urticárias e queimaduras por venenos de animais, como taturanas e águas-vivas.

Na medicina ortodoxa, por exemplo, em 1841, foi publicado na Inglaterra um livro intitulado "O Tesouro Inglês", do Dr. Dioscorides, no qual ele prescrevia urina para lavar feridas. Por outro lado, na Europa da Idade Média, era comum beber a própria urina como medida de prevenção contra a peste.

Não obstante a técnica terapêutica da Urinoterapia seja milenar e mundialmente difundida, foi perdendo espaço frente o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica, além de não ter resistido à grande pressão exercida pela indústria farmacêutica influenciando as tendências da prática em clínica médica. Por outro lado, a emergência do método científico fez com que todas as formas de tratamentos naturais da sabedoria popular passassem a ser consideradas superstições e, conseqüentemente, excluídas dos currículos das escolas de medicina, até porque atentavam contra os interesses especuladores da economicamente poderosa indústria farmacêutica.

PROPRIEDADES DA URINA

A urina é um produto puro do sangue e não um amontoado de elementos tóxicos diminutos, além de ser um excelente medicamento natural que o organismo humano produz gratuitamente. Sua composição é de 96% de água e 4% de elementos orgânicos e inorgânicos. Dentre os elementos e compostos inorgânicos destacam-se o cloreto de sódio e outros sais de cloro, sais de enxofre, fósforo, sódio, potássio, cálcio, magnésio, cobre, flúor, iodo, ferro, zinco, ácido fosfórico e ácido sulfúrico. Quanto aos compostos orgânicos a urina contém: uréia, creatinina, amônia, ácido úrico, albumina e outras proteínas, além de 21 espécies de aminoácidos, aminas e ácidos orgânicos. Possui também os seguintes hidratos de carbono: cetoácidos, ácido lático e ácido úrico; as vitaminas, A, B, C, E, entre outras, e ácido pantotênico; os hormônios hipofisários, sexuais, prostaglandinas, ADH (hormônio antidiurético), entre outros; a alantoína, extraída da urina, é uma substância que ajuda no processo de cicatrização de feridas e excelente anti-rugas.

Conforme pode ser observado na descrição anterior, o corpo humano é um grande laboratório vivo capaz de produzir desde analgésicos, antibióticos, substâncias que reorganizam o sistema imunológico e até mesmo certos hormônios que podem curar ou prevenir enfermidades. Enfim, o uso da urina para o tratamento de escaras pode não ser atraente devido ao hábito que se cultiva de olhar para ela com certo nojo, desprezo, etc. Entretanto, uma vez superada a barreira do preconceito, decidir fazer uma experiência de curativos em ferimentos do tipo escaras pode trazer resultados surpreendentes, além de o material a ser usado não depender de despesas ou gastos financeiros. Basta seguir as instruções abaixo e ver para crer.

TRATANDO AS ESCARAS COM URINA

Embora possa parecer meio bizarro, o procedimento técnico de troca dos curativos de escaras usando urina é bastante eficaz.

1) Recomenda-se colher a urina fresca do próprio cliente, despejando-a num recipiente limpo após as micções (no caso de micção voluntária) e/ou abrir o coletor de urina deixando fluir (em caso de o cliente depender da utilização de cateter vesical para drenagem da bexiga).

2) Limpar bem a área da escara com solução isotônica (soro fisiológico) ou água fervida, removendo secreções acumuladas e restos de tecido morto.

3) Embeber esponja macia em urina e passar suavemente sobre a superfície da ferida. IMPORTANTE: Caso não esteja disponível esponja suficiente para se descartar após o uso, deve-se optar pelo uso de compressa de algodão, desde que atentando para que não deixar seus pequenos fragmentos sobre o ferimento. Posto que ao ser removidos noutros curativos posteriores, corre-se o risco de comprometer tecidos em granulação e de áreas subjacentes.

4) Aplicar compressas de tecido (algodão) embebidas em urina nas áreas lesionadas, trocando de seis em seis horas.

Procure manter o cliente confortável, evitando posições favoráveis a compressão das áreas lesionadas. Observe os resultados obtidos através de avaliação do estado da ferida de 10 em 10 dias. Vale a pena experimentar para constatar o poder de cicatrização da alantoína e demais componentes da urina.

OBS: Embora não haja contra-indicação, nos casos de infecção urinária, recomenda-se o uso de urina de criança para os clientes nessa situação, até que o quadro infeccioso seja eliminado.

* Sobre o autor: Doutor em Enfermagem, pela Escola de Enfermagem Anna Nery, UFRJ (1996). Mestre em Enfermagem, pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, UNI-RIO (1988). Especialista em Administração Hospitalar, pela Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RIO (1978). BIBLIOGRAFIA ARMSTRONG, J. W. The water of life: a treatise on Urine Therapy. Walden, Londres, Health Science Press, 1990. HIROSHI, Tikumagawa. Cura-te a ti mesmo: terapia do real, São Paulo, Madras Editora, 1998. MACHADO, Denise G. URINOTERAPIA. Carmo da Cachoeira, Irdin Editora, 1999.

BIBLIOGRAFIA

ARMSTRONG, J. W. The water of life: a treatise on Urine Therapy. Walden, Londres, Health Science Press, 1990.

HIROSHI, Tikumagawa. Cura-te a ti mesmo: terapia do real, São Paulo, Madras Editora, 1998.

MACHADO, Denise G. URINOTERAPIA. Carmo da Cachoeira, Irdin Editora, 1999.

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