Estudo aponta riscos da tomografia

Cientistas norte-americanos concluem que dose de radiação absorvida pelo organismo em único exame é comparável à recebida por alguns sobreviventes da bomba atômica no Japão

Fazer tomografias de corpo inteiro, sem necessidade, aumenta os riscos de uma pessoa desenvolver câncer, advertiu ontem estudo que questiona a crescente popularização desse tipo de exames, especialmente entre a "população saudável". Um único exame no tomógrafo libera uma dose de radiação comparável à recebida por alguns sobreviventes da bomba atômica no Japão.

Quantidade de radiação liberada durante a tomografia computadorizada é quase 100 vezes maior do que a emitida no exame de mamografia

De acordo com o estudo, a dose de radiação liberada durante uma tomografia computadorizada corresponde a cerca de 100 vezes a de uma mamografia. A pesquisa, publicada no Jornal de Radiologia da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), também indica que repetição anual do procedimento aumenta significativamente os riscos de desenvolver câncer, em alguma fase da vida.

Para calcular os riscos associados ao exame, Brenner e sua equipe compararam dados sobre a taxa de mortalidade por câncer, em função da bomba atômica, com cálculos da dose de radiação de um tomógrafo. Os especialistas concluíram que a dose de uma única tomografia é sutilmente menor que a média experimentada por grupos de cidadãos japoneses de Hiroshima e Nagasaki, que sobreviveram aos ataques com a bomba A, em 1945.

"Nossa pesquisa reuniu evidências definitivas de que o risco da radiação está associada a exames de tomografia computadorizada", disse David Brenner, que chefiou o estudo. A avaliação foi motivada, em parte, pela preocupação médica diante do aumento do número de pessoas saudáveis ou assintomáticas, que procuram esse tipo de exame para diagnosticar doenças, como o câncer de cólon e patologias coronarianas.

Ainda de acordo com os pesquisadores, entre pessoas saudáveis, de 45 anos, a realização da tomografia pode levar ao desenvolvimento de uma forma fatal de câncer em pelo menos um, para cada grupo de 1,2 mil examinados. Entre pacientes da mesma idade, que fazem tomografias completas durante 30 anos, a taxa de mortalidade estimada seria de um em 50.

"Além dos riscos com a radiação demonstrados nesse estudo, a tomografia computadorizada opcional pode fornecer pistas falsamente positivas, quando não existe doença", disse Brenner, que é professor de radiação para oncologia e saúde pública no Centro Médico da Universidade de Columbia.

Fonte: Estado de Minas – 01/09/2004

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