Pesquisa da USP estuda a importância do ácido fólico para prevenir fissuras lábio-palatais.
Uma em cada 650 crianças nascidas no Brasil apresenta fissura lábio-palatal. O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP, o Centrinho de Bauru, é referência no tratamento deste tipo de má-formação e agora estuda formas de prevenir o problema. Uma delas é uma pesquisa que tenta detectar a relação entre a quantidade do ácido fólico no organismo da mãe e a geração de crianças que sofram do mal.
"Alguns estudos encontraram evidências de deficiência de ácido fólico em mulheres com carga genética para fissura, mas nenhuma pesquisa demonstrou até hoje que, de fato, esta vitamina é capaz de prevenir essa má-formação. É justamente isso o que queremos descobrir", explica o geneticista Antonio Richieri-Costa, coordenador do Programa de Prevenção de Fissuras Orais do Centrinho. Criado em maio de 2001 em parceria com a Universidade de Iowa, nos EUA, o programa desenvolve testes clínicos que visam comprovar a eficácia da prevenção da recorrência de fissuras orais em mulheres de risco, ou seja, mulheres fissuradas ou mães de filhos fissurados. Para isso, elas recebem suplementação alimentar com comprimidos de ácido fólico.
Ácido fólico é uma vitamina encontrada em vegetais folhosos (como brócolis e espinafre), em algumas frutas (como a laranja), em legumes, no trigo, no arroz integral, no milho e no amendoim, por exemplo. É fundamental para o tratamento de algumas anemias. O ácido fólico também é de extrema importância para o desenvolvimento fetal. É usado em mulheres grávidas na prevenção de malformações congênitas. "É fundamental o papel do ácido fólico na prevenção de defeitos do tubo neural (como a anencefalia e a espinha bífida). Existem ainda evidências do papel deste elemento - associado a outras vitaminas - na prevenção de defeitos cardíacos", explica Antonio Richieri-Costa.
Depois da experiência bem sucedida em Bauru, o programa acaba de entrar em sua segunda fase, contando com a participação de outros e grandes centros de tratamento e reabilitação de malformações crânio-faciais brasileiros, como o Centro de Atendimento Integrado ao Fissurado Lábio-Palatal (CAIF) - em Curitiba (PR); o Hospital Bruno Born - em Lajeado (RS); Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA); Hospital Santo Antônio - em Salvador (BA) e Núcleo de Atenção aos Defeitos da Face (NADEFI) do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP) - em Recife (PE).
"Após a experiência da fase piloto, desenvolvemos um modelo alternativo de recrutamento com base em unidades clínicas. Assim, ampliamos as possibilidades de recrutar mais mulheres e de poder acompanhar as novas participantes. É o que vem ocorrendo nesta parceria com as seis unidades de pesquisa", afirma Antonio Richieri-Costa, que é coordenador da pesquisa.
Quem pode participar
Nessa nova fase, o Centrinho recruta mulheres em idade reprodutiva para a parte clínica da pesquisa. O objetivo é suplementar, ao todo, três mil mulheres brasileiras com ácido fólico. As voluntárias devem ter entre 16 e 45 anos, possuir fissura de lábio (unilateral ou bilateral) acompanhada ou não de fissura de palato e sem a presença de síndromes associadas, ou ser mãe natural de criança que tenha este tipo de fissura crânio-facial. Ela também deve residir na área de abrangência da pesquisa, para que seu acompanhamento possa ser realizado durante toda a sua participação no estudo.
Estão excluídas as candidatas que tenham feito laqueadura, que façam tratamento medicamentoso para epilepsia, que estejam com uma gravidez já em andamento e que apresentem algum tipo de reação ou alergia a ácido fólico.
O objetivo final é atingir três mil mulheres. Até agora, 145 mulheres engravidaram sob a supervisão do projeto e 66 deram à luz. Nenhum dos bebês nascidos até o momento apresentou qualquer tipo de deficiência. "Analisando os nascimentos poderemos ter idéia da eficácia ou não do ácido fólico, comparando as taxas encontradas com as esperadas", explica Richieri-Costa.
Texto: Juliana Maciel
Fonte: USP Online
Publicado em: 22/05/2008
"Alguns estudos encontraram evidências de deficiência de ácido fólico em mulheres com carga genética para fissura, mas nenhuma pesquisa demonstrou até hoje que, de fato, esta vitamina é capaz de prevenir essa má-formação. É justamente isso o que queremos descobrir", explica o geneticista Antonio Richieri-Costa, coordenador do Programa de Prevenção de Fissuras Orais do Centrinho. Criado em maio de 2001 em parceria com a Universidade de Iowa, nos EUA, o programa desenvolve testes clínicos que visam comprovar a eficácia da prevenção da recorrência de fissuras orais em mulheres de risco, ou seja, mulheres fissuradas ou mães de filhos fissurados. Para isso, elas recebem suplementação alimentar com comprimidos de ácido fólico.
Ácido fólico é uma vitamina encontrada em vegetais folhosos (como brócolis e espinafre), em algumas frutas (como a laranja), em legumes, no trigo, no arroz integral, no milho e no amendoim, por exemplo. É fundamental para o tratamento de algumas anemias. O ácido fólico também é de extrema importância para o desenvolvimento fetal. É usado em mulheres grávidas na prevenção de malformações congênitas. "É fundamental o papel do ácido fólico na prevenção de defeitos do tubo neural (como a anencefalia e a espinha bífida). Existem ainda evidências do papel deste elemento - associado a outras vitaminas - na prevenção de defeitos cardíacos", explica Antonio Richieri-Costa.
Depois da experiência bem sucedida em Bauru, o programa acaba de entrar em sua segunda fase, contando com a participação de outros e grandes centros de tratamento e reabilitação de malformações crânio-faciais brasileiros, como o Centro de Atendimento Integrado ao Fissurado Lábio-Palatal (CAIF) - em Curitiba (PR); o Hospital Bruno Born - em Lajeado (RS); Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA); Hospital Santo Antônio - em Salvador (BA) e Núcleo de Atenção aos Defeitos da Face (NADEFI) do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP) - em Recife (PE).
"Após a experiência da fase piloto, desenvolvemos um modelo alternativo de recrutamento com base em unidades clínicas. Assim, ampliamos as possibilidades de recrutar mais mulheres e de poder acompanhar as novas participantes. É o que vem ocorrendo nesta parceria com as seis unidades de pesquisa", afirma Antonio Richieri-Costa, que é coordenador da pesquisa.
Quem pode participar
Nessa nova fase, o Centrinho recruta mulheres em idade reprodutiva para a parte clínica da pesquisa. O objetivo é suplementar, ao todo, três mil mulheres brasileiras com ácido fólico. As voluntárias devem ter entre 16 e 45 anos, possuir fissura de lábio (unilateral ou bilateral) acompanhada ou não de fissura de palato e sem a presença de síndromes associadas, ou ser mãe natural de criança que tenha este tipo de fissura crânio-facial. Ela também deve residir na área de abrangência da pesquisa, para que seu acompanhamento possa ser realizado durante toda a sua participação no estudo.
Estão excluídas as candidatas que tenham feito laqueadura, que façam tratamento medicamentoso para epilepsia, que estejam com uma gravidez já em andamento e que apresentem algum tipo de reação ou alergia a ácido fólico.
O objetivo final é atingir três mil mulheres. Até agora, 145 mulheres engravidaram sob a supervisão do projeto e 66 deram à luz. Nenhum dos bebês nascidos até o momento apresentou qualquer tipo de deficiência. "Analisando os nascimentos poderemos ter idéia da eficácia ou não do ácido fólico, comparando as taxas encontradas com as esperadas", explica Richieri-Costa.
Texto: Juliana Maciel
Fonte: USP Online
Publicado em: 22/05/2008
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