A acrilamida pode aumentar o risco de câncer
Autora: Salynn Boyles
Publicado em 14/05/2008
A substância química acrilamida, encontrada em batatas fritas, pão e café, é conhecida por desenvolver câncer em modelos animais. Uma recente pesquisa na Holanda sugere que o mesmo possa acontecer em humanos.
A acrilamida é usada na fabricação de cosméticos, plásticos e embalagens de alimentos. Até alguns anos atrás, o tabagismo e a exposição ocupacional eram consideradas as principais fontes de exposição ao composto.
No entanto, em 2002, pesquisadores na Suécia relataram que esta substância está presente em certos alimentos contendo amidos que são fritos ou assados. Até mesmo azeitonas pretas ou cereais possuem uma quantidade de acrilamida, segundo informa o professor e especialista em nutrição, Roger Clemens, DrPH, da University of Southern Califórnia. Ele declara ainda: "Está claro que estes alimentos contêm este composto desde que o homem começou a utilizar o fogo para cozinhar, o que ainda não está bem claro é se a exposição alimentar à acrilamida apresenta risco à saúde".
Para tentar esclarecer essa questão, pesquisadores da Maastricht University, na Holanda, levantaram dados de um amplo estudo holandês sobre dieta e câncer, iniciado em 1986.
Quase 121.000 participantes com idades entre 55 e 70 anos preencheram um questionário detalhado sobre hábitos alimentares. As respostas, combinadas a outros dados, foram utilizadas para estimar a ingestão de acrilamida. Este estudo focou a relação entre acrilamida e neoplasias renais, prostáticas e de bexiga. Após um acompanhamento de 13 anos, houve 339 casos de câncer renal, 1.210 casos de câncer de bexiga e 2.246 casos de câncer de próstata.
Em média, os participantes do estudo ingeriram 22 microgramas de acrilamida por dia. Eles foram divididos em cinco categorias de consumidores. O risco foi proporcional à quantidade da substância ingerida, sendo o risco de desenvolver câncer renal 59% maior nos que ingeriram mais acrilamida, apresentando também um grande risco em fumantes.
O consumo de acrilamida não esteve associado a aumento de risco de desenvolver neoplasias de bexiga ou próstata. Em achados publicados no último ano utilizando a mesma base de dados, Hogervorst e colaboradores mostraram que mulheres não fumantes, em pós-menopausa, com dieta rica em alimentos com acrilamida apresentaram risco aumentado de desenvolver neoplasias de endométrio e ovário comparadas a mulheres com dietas pobres em acrilamida.
Este estudo foi publicado em dezembro no Cancer Epidemiology Biomarkers and Prevention. As últimas descobertas foram publicadas no volume de maio do American Journal of Clinical Nutrition.
Dr. Jeff Stier, diretor adjunto do American Council on Science and Health, crítico do trabalho, enfatiza que demonstrar uma associação não significa o mesmo que representar a causa de um problema.
O FDA descreve que 100% dos americanos ingerem acrilamida, mas que os níveis de exposição não parecem estar aumentando. Na verdade, os níveis de acrilamida responsáveis pelo desenvolvimento de doença nos modelos animais são 300 vezes maiores do que os encontrados no consumo humano.
O autor conclui que equilíbrio, variedade e moderação na alimentação são pontos necessários para um estilo de vida saudável.
Informação sobre a autora: Salynn Boyles é escritora da equipe do WebMD.
Comentários