As primeiras 30 mil páginas de uma vasta enciclopédia, cujo objectivo último é catalogar cada uma das 1,8 milhões de espécies vivas do nosso planeta, foram dadas a conhecer.
Este imenso recurso online é construído para aumentar dramaticamente o nosso conhecimento da biodiversidade ameaçada do nosso mundo.
Os criadores desta base de dados dizem que ela pode ter um impacto sobre o conhecimento humano só comparável ao que se seguiu à invenção do microscópio, no século XVII.
A base de dados está construída de forma a poder ser usada por todos, de cientistas a curiosos da Biologia, e é descrita como "o guia de campo supremo". A Encyclopedia of Life (EOL) pretende abranger todos os seis reinos da vida e mesmo os vírus, que a maioria não considera seres vivos.
Os responsáveis por esta base de dados em permanente expansão dizem que irá ajudar os cientistas a avaliar o impacto das alterações climáticas em animais e plantas. Também pode ajudar a desenvolver estratégias para reduzir a dispersão de espécies invasoras e permitir seguir a propagação de uma doença.
Outro objectivo declarado da base de dados é consciencializar o público para a biodiversidade, num momento em que o nosso planeta está, diz-se, em plena sexta extinção em massa.
A monumental quantidade de informação presente na enciclopédia esta a ser recolhida de uma grande variedade de fontes, incluindo várias bases de dados especializadas, como a AmphibiaWeb ou a FishBase.
"O que torna a enciclopédia possível agora, quando não o poderia ter sido há cinco anos, é o facto de existirem muitos recursos online que têm vindo a ser desenvolvidos e de que podemos tirar partido", explica James Edwards, director executivo da Encyclopedia of Life.
"Em segundo lugar, a tecnologia da informação atingiu um tal ponto que podemos retirar pedaços de informação de muitas fontes diferentes e apresentá-los de uma forma semelhante à que tem o, por exemplo, Google News, estamos a utilizar o mesmo tipo de abordagem."
Estas fontes que fornecem informação à enciclopédia fazem-no de graça, com o objectivo de levar os novos utilizadores aos seus websites para informações, com base em subscrições, adicionais.
"Se alguém tivesse que se sentar e escrever, do nada, uma enciclopédia da vida, levaria pelo menos 100 anos a completar mas nós achamos que vamos ser capazes de o fazer num décimo desse tempo", explica Edwards.
O projecto teve início na Primavera de 2007 e já tem páginas reservadas para um milhão de espécies, das quais 30 mil já foram preenchidas com informação detalhada. Também existem cerca de uma dúzia de páginas multimédia altamente desenvolvidas para dar um gostinho do que se pode esperar da EOL ao longo do tempo.
Todas as 1,8 milhões entradas devem estar completas por volta de 2017.
"Em todas as páginas, há informação fornecida pela World Conservation Union sobre o estatuto de conservação da espécie, mostrando se está ameaçada, em perigo ou extinta", diz Edwards, "pensamos que é importante ter informações sobre as espécies vivas mas também sobre as extintas."
Os criadores da enciclopédia também tencionam colocar a informação online o mais depressa possível, logo que novas espécies sejam identificadas. O projecto vai solicitar a ajuda dos utilizadores para a obtenção de fotografias e informação, que será avaliada por uma equipa de autenticação.
Apesar da ideia do catálogo da vida já existir há uns tempos, esta versão em particular teve as suas origens num artigo escrito em 1993 pelo famoso biólogo de Harvard Edward O Wilson. Nele, ele argumenta que as ciências biológicas precisavam do que apelidou "uma fotografia da Lua". Em 2006, Wilson escreveu uma carta à Fundação MacArthur de Chicago, delineando a sua ideia, o que permitiu a obtenção dos fundos preliminares para o projecto.
Fonte: Simbiotica
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