A importância da alimentação infantil saudável

27/09/2009 - 07h09

O consumo de frutas e hortaliças no Brasil é apenas um terço do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que seria de 400 gramas por dia. Além disso, avaliação feita pelo Ministério da Saúde em 14 mil crianças entre dois e cinco anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2008, aponta que apenas 25,2% delas consomem frutas entre cinco e sete vezes por semana. Por outro lado, o consumo diário de bebidas adicionadas de mel, açúcar, rapadura corresponde a 47,9% nessa faixa etária.

A situação é ainda mais grave no caso de crianças entre cinco e dez anos, quando elas começam a decidir o que gostariam de comer. De um total de 15 mil crianças entrevistadas nessa faixa etária, 38,3% informaram consumir frutas diariamente, enquanto que 26,6% disseram que balas, biscoitos recheados, chocolates e outros doces fazem parte das suas dietas entre cinco e sete vezes na semana.

Uma alimentação deficiente tem inúmeras consequências para a criança. Entre as várias situações possíveis, as mais comuns são a má formação óssea e um comprometimento da formação da dentição, já que hoje em dia, o leite é muitas vezes substituído pelos refrigerantes. Por outro lado, o aumento do consumo de fast food e de frituras, bem como uma alimentação rica em gorduras traduz-se, na maioria dos casos, num aumento de massa gorda no organismo.

As crianças que apresentam uma alimentação desequilibrada possuem uma probabilidade elevada de se tornarem adultos afetados por alguns problemas de saúde, afirma a nutricionista.

O aumento do consumo de gorduras e frituras poderá estar associado a uma hipercolesterolemia bem como a hipertensão arterial, pelo fato de muitas vezes estar também implícito o aumento da ingestão de sal. Além disso, o excesso de açúcar pode provocar diabetes a longo prazo. Assim, o excesso de peso é apenas a face mais visível de uma alimentação desregrada.

Além destas complicações de saúde, podem surgir problemas psicológicos na criança pelo excesso de peso. A crueldade e a sinceridade dos colegas da escola podem provocar complexos na criança que, por sua vez, em casos mais extremos, podem originar doenças do comportamento alimentar como a bulimia ou a anorexia.
E se as crianças são, por um lado, influenciadas por um tipo de publicidade e marketing que deturpa a idéia de uma alimentação correta, com chocolates com uma percentagem maior de leite ou com cereais hipercalóricos, há depois outro tipo de publicidade que tem o efeito inverso, caso dos anúncios de moda que deturpam por seu lado o ideal de beleza.

E é quando estes diferentes tipos de influência se confrontam que surge o perigo de aparecimento de distúrbios alimentares.

Alimentação em casa e na escola
O problema de uma alimentação incorreta é muitas vezes menosprezado, tanto pelos pais como pela escola, porque não dói de imediato. Os pais deixam arrastar a situação e não tentam regrar nem corrigir a alimentação dos filhos.

Os pais têm de compreender que uma alimentação mais saudável, hoje, vai prevenir todo um conjunto de doenças, no futuro, como a diabetes, a hipercolesterolemia ou a obesidade.

A nutricionista alerta para outro erro cometido com frequência pelos pais, nomeadamente quando dão as mesmas quantidades de comida a uma criança e a um adulto. É errado, pois não têm as mesmas necessidades nutricionais. Há a tendência para, por exemplo, dar ao filho um prato cheio igual ao dos pais. No entanto, o prato de comida deverá ser menor, uma vez que, além do excesso de peso que cria a longo prazo, pode provocar uma sobrecarga renal.

É necessário adequar as quantidades à idade e peso da criança. A nutricionista Magda Serras dá, ainda, o exemplo do leite; “Uma criança com 1 ano de idade necessita de cerca de 800 miligramas (mg) de cálcio, enquanto a partir dos 6 até aos 12 precisa de uma dose entre 800-1200 mg. Esta necessidade volta a aumentar para os adolescentes a partir dos 12 – 1200 a 1300 mg”.

Nota Luis Guerreiro: Há outras fontes de cálcio mais saudáveis e mais facilmente assimiladas do que o leite de origem animal.

Contudo, a prática de uma alimentação errada não depende apenas dos pais. As escolas têm também responsabilidade neste assunto, pelo tipo de comida que disponibilizam nas cantinas, oferecendo uma dieta desequilibrada do ponto de vista nutricional, afirma Magda Serras.

Segundo a nutricionista, regra geral, nas prateleiras do bar da escola é mais fácil encontrar bolos, batatas fritas embaladas e fatias de pizza do que um sanduíche natural ou castanhas, que seria muito mais saudável.

Mesmo os pais, ao prepararem o lanche dos filhos, devem pensar duas vezes antes de mandar um bolo. Uma sanduíche natural não dá assim tanto trabalho a preparar e é muito mais saudável.

Todavia, em nível escolar, o cenário começa a melhorar. Além disso, só é preciso um pouco de imaginação para fazer pratos saudáveis e apelativos aos olhos dos pequenos! “Um dos truques que costumo ensinar é utilizar alimentos de várias cores no prato”, comenta a nossa entrevistada. O verde, o branco, o vermelho e o amarelo dos legumes tornam o prato muito mais apetitoso e apelativo.
Além disso, trata-se também de providenciar à criança todos os nutrientes presentes nos alimentos de diferentes cores, como o tomate, o pepino, o milho, a beterraba, entre outros. (JM Online)


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