Aquecimento global ameaça aves europeias
FILOMENA NAVES
Muitas espécies correm risco de extinção No final do século, passarinhos e espécies de aves hoje comuns em Portugal, como a felosa-do-mato ou a garça-boieira poderão desaparecer de vista e, com sorte, voar para outras paragens. Mas outras aves já hoje ameaçadas, como a emblemática abetarda ou a rara cegonha-negra, arriscam-se a desaparecer. Da vista e do mapa. A razão? As alterações climáticas. Em qualquer dos dois casos haverá sempre perdas.
Estes são dados de A Climatic Atlas of the European Breeding Birds, o primeiro trabalho que avalia globalmente as consequências do aquecimento global para as 430 espécies de aves que nidificam na Europa, e que mostra como, dentro de poucas décadas, o mapa da maioria destas espécies estará radicalmente alterado, com perdas em várias regiões do continente. O atlas foi lançado pela BirdLife International e, em Portugal, pela sua parceira Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves (SPEA).
Uma das regiões (a par do Árctico) onde os efeitos "vão ser mais significativos" como explicou ao DN Domingos Leitão, da SPEA, "será justamente, a Península Ibérica, devido à situação geográfica". E a razão é simples. "Com a mudança dos padrões climáticos prevista pelos modelos de simulação do clima, as aves que nidificam na Europa tenderão a mudar-se, em média, para regiões a 550 quilómetros, para Nordeste, das que actualmente ocupam", diz Domingos Leitão. Ou seja, no extremo sudoeste do continente, a Península Ibérica "vai fornecer" espécies para essa migração forçada, mas não tem regiões "fornecedoras" de aves deslocadas. No Árctico, a situação poderá ser mais crítica, já que a Norte não há mais território disponível.
Uma certeza fica deste trabalho: a distribuição geográfica das aves europeias vai mudar radicalmente nas próximas décadas e haverá muitas perdas irreversíveis "se não forem postas em prática, desde já, medidas de protecção e conservação das espécies e dos seus habitats", que permitam expandir as áreas de ocupação territorial para as espécies em situações mais críticas ou vulneráveis, alertam os autores.
De resto, o que este atlas mostra são as actuais regiões de distribuição de cada uma das 430 espécies de aves europeias (mais de metade destas estão presentes em Portugal) e as respectivas projecções para o final do século, tendo em conta as condições climáticas previstas num cenário moderado, com um aumento da temperatura média de 3 graus Celsius. Mudando as condições climáticas, é natural que as espécies tendam a fixar-se noutras regiões onde o clima lhes seja mais favorável. "As projecções mostram as regiões potenciais de ocupação, tendo apenas em conta os parâmetros climáticos", nota o dirigente da SPEA. Não é certo que algumas aves consigam fazer a migração forçada, uma vez que há outras variáveis em jogo, como as condições de habitat, disponibilidade de alimento, etc. que poderão não existir nas novas regiões com clima adequado. Nas contas feitas pelos investigadores, 180 aves terão no futuro uma distribuição geográfica coincidente com a actual inferior a 10%. Outras 60, terão como território adequado, do ponto de vista do clima, menos de 10% do total de que dispõem agora e, das 40 espécies europeias endémicas, 30 sofrerão alterações drásticas na sua distribuição geográfica.
Fonte: DN
Muitas espécies correm risco de extinção No final do século, passarinhos e espécies de aves hoje comuns em Portugal, como a felosa-do-mato ou a garça-boieira poderão desaparecer de vista e, com sorte, voar para outras paragens. Mas outras aves já hoje ameaçadas, como a emblemática abetarda ou a rara cegonha-negra, arriscam-se a desaparecer. Da vista e do mapa. A razão? As alterações climáticas. Em qualquer dos dois casos haverá sempre perdas.
Estes são dados de A Climatic Atlas of the European Breeding Birds, o primeiro trabalho que avalia globalmente as consequências do aquecimento global para as 430 espécies de aves que nidificam na Europa, e que mostra como, dentro de poucas décadas, o mapa da maioria destas espécies estará radicalmente alterado, com perdas em várias regiões do continente. O atlas foi lançado pela BirdLife International e, em Portugal, pela sua parceira Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves (SPEA).
Uma das regiões (a par do Árctico) onde os efeitos "vão ser mais significativos" como explicou ao DN Domingos Leitão, da SPEA, "será justamente, a Península Ibérica, devido à situação geográfica". E a razão é simples. "Com a mudança dos padrões climáticos prevista pelos modelos de simulação do clima, as aves que nidificam na Europa tenderão a mudar-se, em média, para regiões a 550 quilómetros, para Nordeste, das que actualmente ocupam", diz Domingos Leitão. Ou seja, no extremo sudoeste do continente, a Península Ibérica "vai fornecer" espécies para essa migração forçada, mas não tem regiões "fornecedoras" de aves deslocadas. No Árctico, a situação poderá ser mais crítica, já que a Norte não há mais território disponível.
Uma certeza fica deste trabalho: a distribuição geográfica das aves europeias vai mudar radicalmente nas próximas décadas e haverá muitas perdas irreversíveis "se não forem postas em prática, desde já, medidas de protecção e conservação das espécies e dos seus habitats", que permitam expandir as áreas de ocupação territorial para as espécies em situações mais críticas ou vulneráveis, alertam os autores.
De resto, o que este atlas mostra são as actuais regiões de distribuição de cada uma das 430 espécies de aves europeias (mais de metade destas estão presentes em Portugal) e as respectivas projecções para o final do século, tendo em conta as condições climáticas previstas num cenário moderado, com um aumento da temperatura média de 3 graus Celsius. Mudando as condições climáticas, é natural que as espécies tendam a fixar-se noutras regiões onde o clima lhes seja mais favorável. "As projecções mostram as regiões potenciais de ocupação, tendo apenas em conta os parâmetros climáticos", nota o dirigente da SPEA. Não é certo que algumas aves consigam fazer a migração forçada, uma vez que há outras variáveis em jogo, como as condições de habitat, disponibilidade de alimento, etc. que poderão não existir nas novas regiões com clima adequado. Nas contas feitas pelos investigadores, 180 aves terão no futuro uma distribuição geográfica coincidente com a actual inferior a 10%. Outras 60, terão como território adequado, do ponto de vista do clima, menos de 10% do total de que dispõem agora e, das 40 espécies europeias endémicas, 30 sofrerão alterações drásticas na sua distribuição geográfica.
Fonte: DN
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