Oceano Árctico deve ter níveis recorde de degelo

O gelo no oceano Árctico deve regredir a um nível recorde no final deste Verão, prevêem os cientistas.

Medições feitas pelo National Snow and Ice Data Center (NSIDC) americano mostraram que a extensão da cobertura de gelo do oceano a 8 de Agosto estava quase 30% abaixo da média a longo prazo registada. Dado que a época de degelo só termina em meados de Setembro, os cientistas acreditam que este Verão vá terminar com a menor cobertura de gelo alguma vez registada.

Muitas equipas de investigadores já têm previsto que, se as condições não se alterarem radicalmente, os Verão árcticos serão completamente livres de gelo por volta de 2040.

Os dados do NSIDC demonstraram que a cobertura de gelo a 8 de Agosto era de 5,8 milhões de quilómetros quadrados, comparados com a média de Agosto entre 1979 e 2000 de 7,7 milhões de quilómetros quadrados.

Até agora, o registo inferior recorde tinha sido observado em 2005, quando o gelo do oceano Árctico tinha coberto apenas 5,32 milhões de quilómetros quadrados.


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NSIDC

Em Dezembro de 2006, um estudo realizado por investigadores americanos previu que o Árctico estará livre de gelo por volta de 2040.

Uma equipa de cientistas do National Center for Atmospheric Research (NCAR), a Universidade de Washington e a Universidade McGill descobriu que os "feed-back positivos" deveriam acelerar o declínio do sistema de gelo da região.

O gelo marinho tem uma superfície brilhante que reflecte 80% da luz que o atinge de volta para o espaço mas, à medida que o gelo derrete no Verão, mais oceano escuro fica exposto. Em vez de reflectir a luz solar, o oceano absorve 90% dela, aquecendo as águas e aumentando a taxa de degelo.

Os cientistas temem que este mecanismo de feed-back tenha consequências gravíssimas para a fauna selvagem da região, como os ursos polares, que utilizam os bancos de gelo para procurar alimentos.

A uma escala global, a Terra pode perder uma importante superfície reflectora, levando a que o planeta absorva mais energia solar e potencialmente acelerando as alterações climáticas em todo o mundo.

"Se analisarmos os dados da primeira semana de Agosto, estamos bem abaixo do que se via em 2005", explica Mark Serreze, investigador sénior do NSIDC. "Logo, a não ser que algo mude, como por exemplo o Árctico ficar repentinamente muito mais frio, vai se difícil não bater o recorde anterior."

Serreze acrescenta que era muito provável que o coberto de gelo na região polar estivesse a começar a responder às alterações climáticas com origem humana, devido à maior concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera.

"Sabemos que a variabilidade climática pode influenciar o gelo marinho mas penso que estamos a assistir a um feed-back positivo, noutras palavras, não conseguimos explicar tudo o que se está a passar apenas através de processos naturais. De modo geral, o padrão a que estamos a assistir revela que se derrete um pouco mais todos os Verões e o gelo cresce um pouco menos todos os Invernos."

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