Lançada Enciclopédia da Vida



Um esforço para coligir informação sobre cerca de 2 milhões de espécies de animais, plantas e outras formas de vida numa única base de dados foi lançada ontem.

Ao longo dos próximos 10 anos, o projecto da 'Encyclopedia of Life' vai criar páginas de Internet para todas as 1,8 milhões de espécies actualmente descritas e tenciona fornecer informação multimédia para muitas delas, incluindo vídeo, som, imagens, gráficos e texto.

Uma miríade de iniciativas para catalogar a biodiversidade na Internet já estão em curso em todo mundo mas "este é o próximo passo, onde fornecemos informação enciclopédica e não apenas um catálogo das espécies existentes", diz Frank Bisby, co-presidente de outro projecto designado Catalogue of Life. Este catálogo alcançou o impressionante marco de documentar os nomes comuns e científicos de um milhão de espécies em Março.

A Smithsonian Institution, o Field Museum, a Universidade de Harvard, o Marine Biological Laboratory, a Biodiversity Heritage Library e o Missouri Botanical Garden ajudaram a lançar o projecto, que deve ter também o apoio do Atlas of Living Australia, uma enciclopédia online sobre a biodiversidade australiana, muito em breve.

Edward O. Wilson, professor emérito da Universidade de Harvard, é um dos padrinhos do projecto. Ele prevê que a compilação da informação mundial sobre a biodiversidade e torná-la acessível irá revelar novos fenómenos. "A enciclopédia será o nosso 'macroscópio', comparável ao microscópio que a biologia tem vindo a usar", diz ele.

O projecto da enciclopédia espera reunir esforços espalhados pelo mundo, incluindo o do Catalogue of Life, mas envolver os taxonomistas de um vasto conjunto de universidades na moderação de uma base de dados no estilo Wikipedia pode ser mais fácil de dizer que de fazer, salienta Rod Page, taxonomista da Universidade de Glasgow, responsável pela sua própria base de dados designada iSpecies e também envolvido no projecto.

A descrença de Page deriva da observação do falhanço de muitos projectos semelhantes, que em última análise não tiveram recursos para preencher as prometidas páginas de Internet. "Não é a primeira vez que as pessoas disseram: 'desta vez temos muito dinheiro para documentar todas as espécies online'", diz ele.

Ainda não está claro de que forma a Encyclopedia of Life vai ser mantida a longo prazo. Bisby diz que para o Catalogue of Life, pelo menos 2 a 4 dólares por espécie e por ano são precisos para manter cada página da base de dados. Mas os custos são com certeza significativamente maiores com a enciclopédia, que tenciona oferecer uma gama superior de informação multimédia.

"Só para o material electrónico em geral, a forma como a vamos sustentar para sempre é uma questão imensa", diz Page.

A MacArthur Foundation está a investir um fundo de arranque de $10 milhões no projecto, com $50 milhões já prometidos no total. Outros $2,5 milhões virão da Alfred P. Sloan Foundation.

A equipa da enciclopédia espera ser capaz de ligar os utilizadores a uma massa de conhecimento de qualidade controlada, incluindo recursos especializados para os taxonomistas, biólogos moleculares, geneticistas, fisiologistas e conservacionistas. Isto deve ajudar os cientistas de todas as disciplinas.

Por exemplo, dados sobre os habitats podem permitir aos conservacionistas modelar mais facilmente os efeitos das alterações climáticas sobre uma espécie em particular, diz Bisby. "Se for tudo bem feito, pode ser verdadeiramente fabuloso", diz Page.


Saber mais:

Encyclopedia of life

Integrated Taxonomic Information System

Catalogue of Life

The Global Biodiversity Information Facility

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