Temperaturas globais devem descer este ano

La Nina 2008 Forecast (Source: UK Met Office Hadley Centre)

La Niña significa 'a menina' em espanhol e refere-se a um vasto arrefecimento o Pacífico central e de leste. A subida das temperaturas no lado ocidental do Pacífico implicam mais energia na atmosfera e aumentam a frequência de chuva forte e trovoadas. Tipicamente o fenómeno dura no máximo 12 meses e causa menos danos que o fenómeno irmão, El Niño, que é mais forte.

As temperaturas globais vão descer ligeiramente este ano em resultado do efeito de arrefecimento do fenómeno La Niña no Pacífico, dizem os meteorologistas das Nações Unidas.

O secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Michel Jarraud, referiu que era provável que a corrente La Niña se prolongasse até ao Verão.

Isto significaria que as temperaturas médias globais não subiram desde 1998, levantando algumas questões sobre a teoria das alterações climáticas.

Mas os peritos dizem que claramente ainda estamos num período de aquecimento a longo prazo e prevêem um novo recorde de temperaturas altas no espaço de cinco anos.

A OMM salienta que a década de 1998 a 2007 foi a mais quente de que há registo. Desde o início do século XX, a temperatura superficial global subiu 0,74ºC. Enquanto a NASA cita 2005 como o ano mais quente, o Centro Hadley do Reino Unido considera esse ano o segundo mais quente, atrás de 1998.

Os investigadores dizem que a incerteza nos dados observados para qualquer ano em particular é maior do que estas pequenas diferenças de temperatura. O importante, dizem eles, é a tendência de subida a longo prazo.

O La Niña e o El Niño são duas correntes naturais do Pacífico cujos efeitos são tão importantes que se propagam a todo o mundo. O El Niño aquece o planeta quando está activo e o La Niña arrefece-o. Este ano, o Pacífico está sob a influência de uma poderosa La Niña.

O fenómeno já contribuiu para chuvas torrenciais na Austrália e para algumas das temperaturas mais baixas de que há memória na China. Jarraud diz que o efeito se deve prolongar até ao Verão, reduzindo as temperaturas a nível global em algumas décimas de grau.


Este raciocínio implicaria que as temperaturas globais afinal não subiram desde 1998, quando o El Niño esteve a aquecer o mundo, levando uma pequena minoria de cientistas a argumentar que o aquecimento global atingiu o seu pico e que a Terra se mostrou bem mais resistente aos gases de efeito de estufa do que se previa.

No entanto, Jarraud insiste que não considera que essa argumentação fosse válida e salienta que as temperaturas de 2008 ainda serão bem acima da média do século.

"Quando analisamos as alterações climáticas não podemos olhar apenas para um ano em particular", diz ele, "Temos que analisar tendências ao longo de um período de tempo longo e a tendência das temperaturas globais continua ser indicativa de um claro aquecimento."

"O La Niña é parte do que chamamos 'variabilidade'. Sempre existiram e sempre existirão anos mais quentes e mais frios mas o importante nas alterações climáticas é que a tendência é de subida. O clima, em média, está a aquecer mesmo que existe um arrefecimento temporário devido ao La Niña."

Adam Scaife, cientistas chefe da modelação da variabilidade climática no Centro Hadley do Exeter, refere que a melhor estimativa que têm para 2008 é de cerca de 0,4ºC acima da média de 1961-1990 mas pode ser ainda superior se se incluir na comparação o início do século XX.

Scaife referiu: "O que está a acontecer é que o La Niña chegou e diminuiu as temperaturas ligeiramente mas estas alterações são muito pequenas, quando comparadas a tendência de alterações climáticas a longo prazo e estamos confiantes que no espaço de poucos anos o recorde actual de temperaturas de 1998 será batido, assim que o La Niña termine."


Fonte: Simbiotica

Saber mais:

Organização Mundial de Meteorologia (OMM)
El Niño - Wikipédia
Época de furacões de 2007 vai ser avassaladora

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