Orvalho nas pétalas de uma rosa

Por trás da beleza natural de um botão de rosa coberto de orvalho está um mistério velho de décadas: porque é que as minúsculas gotinhas de água não caem, mesmo quando viramos a flor de cabeça para baixo?

Agora, os investigadores deslindaram o segredo do truque da rosa e replicaram-no num material feito pelo Homem.

As gotas de água formarem pequenas contas em materiais naturais não é algo raro mas em muitas flores e folhas essas contas deslizam ao mais pequeno toque, arrastando poeiras e insectos com elas. O efeito é conhecido dos biólogos por 'auto-limpeza' e tem sido muito bem estudado pelos investigadores que buscam materiais mais eficientes a repelir a água.

A água desliza porque as superfícies são muito ásperas a uma escala microscópica e as extremidades angulosas estão cobertas de cera. As moléculas de água apenas ficam em contacto com uma minúscula fracção da superfície e mesmo essa coberta por ceras repelentes de água.

Lin Feng, da Universidade de Tsinghua em Pequim, descobriu que ainda que as pétalas de rosa estejam cobertas por projecções semelhantes, apresentam sulcos de declive suave entre elas e não estão cobertas de cera. As projecções mantêm as gotas de orvalho numa forma esférica mas a água escorre parcialmente para os sulcos, causando uma certa adesão e impedindo a pequena gota de rolar.

Uma vez percebido o que as pétalas de rosa faziam para manter a água sobre elas, a equipa ficou curiosa e resolveu tentar replicar o efeito.

Colocaram álcool polivinílico sobre pétalas de rosa e deixaram secar, de modo a obter um molde plástico da superfície da pétala. Este filme, descobriram eles, tinha as mesmas propriedades da pétala da rosa: conseguia manter gotículas entre 3 a 5 microlitros, mesmo quando de cabeça para baixo.

"É muito interessante que os autores tivessem conseguido fazer um molde da superfície natural da pétala que revelasse o mesmo comportamento, mesmo com materiais diferentes", diz Ronald Fearing, engenheiro biomimético da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Tal como com as patas das osgas, parece que a forma física da superfície é muito mais importante que as propriedades químicas do material para a criação da aderência.

Para uma rosa, esta aderência pode ser útil se as gotículas reflectoras de água ao brilharem ao Sol atraírem mais insectos polinizadores. Em laboratório, pode ser útil para dispositivos que necessitem de manter pequenas quantidades de líquidos em sua volta sem verter ou ser contaminado. "Estas descobertas apresentam-nos muitas aplicações interessantes na manipulação de microfluidos", diz Fearing.

Fonte: Simbiotica

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