Terrapia: dez anos de alimento vivo e vida saudável

(19/02/2008)
‘Tembiu Poran Aguijeveté! Alimento bonito, agradecido’. É cantando em tupi guarani e português que os integrantes do Projeto Terrapia Alimentação Viva na Promoção da Saúde do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz) homenageiam a terra e os alimentos proporcionados por ela e iniciam o dia de atividades. No início de sua segunda década de trabalho, o Terrapia promete muitos projetos e inovações para 2008, entre eles, um site, aulas de ioga regulares e mais dias de funcionamento da Cantina Viva. Com cada vez mais participantes, o Projeto formou cerca de 70 alunos em Produtores Orgânicos de Sementes Germinadas e Brotos de Cultivo Doméstico em 2007 e contabilizou o expressivo número de sete mil visitas.

Para Maria Luiza Branco Nogueira da Silva, coordenadora do Terrapia, a mudança do sistema de Curso, adotada até 2006, para a modalidade de Seminários permitiu mais liberdade aos interessados e resultou em muito mais visitas e conhecimento do Projeto. “Isso foi principalmente um mudança de atitude, pois nem sempre as pessoas interessadas têm disponibilidade de tempo para participar de todas as reuniões. Formando blocos de temas e receitas específicas permitimos a eles uma participação mais livre, mais voltada para os seus interesses. Achamos extremamente interessante não fechar nenhuma possibilidade para ninguém”, explicou Maria Luiza. É bom lembrar que as inscrições para os Seminários estão abertas e podem ser feitas por meio do e-mail: terrapia@ensp.fiocruz.br ou pelo telefone 2598-2659.

O primeiro seminário do Terrapia de 2008 será realizado em 27 de março. Desde o início do ano, no entanto, estão sendo ministradas oficinas sobre alimentação viva e alimentos germinados às terças e quintas-feiras na Horta do Terrapia. “Além disso, a Cantina Viva, que oferece refeições vivas, já retomou suas atividades, que desde o ano passado acontecem na Horta do Terrapia todas as quartas-feiras”, contou Maria Luiza.

Os alunos que participam dos 15 seminários passam por uma avaliação prática e oral de seu aprendizado. “Nós conversamos sobre seus anseios de quando chegaram aqui, qual foi o efeito do alimento vivo na vida de cada um deles, suas experiências e expectativas. É um momento de muita emoção, todos abrem os seus corações. Além disso, os alunos fazem diversas receitas e concluímos os Seminários com um grande almoço de confraternização”, comentou.

Novas receitas e o tradicional suco de clorofila

Os alunos que participarem dos seminários em 2008 poderão aprender novas receitas que serão incorporadas. “Além de receitas de pão, leite e queijo vivos também teremos uma série de receitas líquidas interessantíssimas. Nosso novo destaque é para os consomés de legumes (ver abaixo). Eles são de fácil digestão e mais fáceis de serem consumidos por pessoas que têm dificuldade de mastigação, pessoas idosas, etc. Essas sopinhas vivas podem ser servidas frias ou amornadas e já foram incorporadas ao cardápio do cantina viva”, disse Maria Luiza.

A coordenadora contou que o suco de clorofila é a sempre a primeira receita passada aos alunos, é a primeira experiência deles com os alimentos vivos. “Nesses dez anos de Projeto, descobrimos que o suco de clorofila foi a receita que a maioria das pessoas que passaram por aqui conseguiram introduzir na sua alimentação diária. As pessoas vêm e participam, algumas adotam completamente a alimentação viva e outras apenas complementam a alimentação ‘regular’ com esses alimentos. Mas o hábito de tomar suco de clorofila pela manhã é unânime nos participantes”, disse Maria Luiza.

Ela explicou ainda que a clorofila tem uma estrutura molecular semelhante a da hemoglobina. “A diferença é que a hemoglobina tem um núcleo de ferro e a outra um núcleo de magnésio. Quando essa substância entra no organismo, ele mesmo se encarrega de trocar o magnésio pelo ferro se tornando uma nova hemoglobina, que é completamente absorvido pelo corpo ajudando a retirar toxinas e oxigenar células. O suco revitaliza o ser humano, dá um gás para começar o novo dia”. Maria Luiza afirma ainda que com uma semana as pessoas já sentem as mudanças da ação do suco no organismo.

“Fundamentalmente o Terrapia é um suporte que possibilita ambientes especiais para mudanças de hábitos de vida. Aqui no Rio de Janeiro existem muitos outros grupos que adotaram a alimentação viva. Com essa idéia, nós da Fiocruz e a PUC, que também tem um núcleo significativo de alimentação viva, funcionamos como lugares de aquecimento para disseminação de informação aos outros grupos. Em cada pequeno grupo existem pessoas específicas que ficam antenadas conosco e são encarregadas de disseminar as informações e novidades para os seus núcleos. O alimento vivo é uma idéia que vem crescendo progressivamente”, alegrou-se Maria Luiza.

A coordenadora lembrou também que ninguém sai do Terrapia como culinarista de alimento vivo. E afirmou: “Esse não é o nosso foco. Estamos voltados para a produção individual de sementes com maior consciência na idéia da alimentação e do impacto ambiental da natureza causados pelos nossos hábitos. Isso aqui é um laboratório de investigação da produção e uso de sementes orgânicas e germinadas”.

Site e ioga nos planos para 2008

A construção do site do Terrapia, cujo lançamento está previsto para este ano, já está em andamento. Segundo Maria Luiza, o trabalho está bem adiantado, faltando apenas a parte gráfica. "A estrutura já está toda definida e agora falta apenas o aspecto gráfico que dará vida ao site. Nossa idéia é usar desenhos e pequenos vídeos com a demonstração de desenvolvimento e montagem de receitas, de germinação de sementes, entre outros”, adiantou, enfatizando: "O site será muito interativo e, além disso, servirá como fonte de divulgação e alimentação de novas técnicas e experiências. Será, no meu entender, a grande janela do Terrapia para o mundo pois. De acordo com Luiza, com o site será possível suprir uma grande demanda de informação oriundas de outras cidades e países, e dar suporte a esses pequenos grupos. "Além disso, fortificar a rede de compra de sementes pelo país também é muito importante”, afirmou.

Para 2008, também estão previstas aulas de ioga com Geraldo Guimarães todas as quintas-feiras às 7h da manhã. A atividade é voltada para todos os interessados, que participam ou não dos seminários do Terrapia. As aulas são gratuitas e terão foco na respiração. “É muito importante que todos desenvolvam a respiração de forma correta porque nós nos alimentamos pelo pulmões, pela e boca. Uma dado importante que temos aprendido com as aulas é que respirar não é apenas simplesmente colocar ar para dentro e sim para fora do corpo”, contou Maria Luiza.

Veja aqui como chegar à Horta do Terrapia



Receita: consomé de legumes e sementes germinadas:

Ingredientes:
1 xícara de aveia e girassol sem casca
2 batatas baroas médias
2 tomates
¼ de um pimentão vermelho
½ abacate
½ molho de basilicão
Limão, molho shoyu, azeite e pimenta fresca à gosto

Preparo:
Processe tudo no liquidificador e coe em um pano limpo ou em um coador de voal (à venda no Bazar do Terrapia). Sirva frio ou amornado.

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