Mais da metade dos índios no Alto Xingu está acima do peso, revela artigo



Igor Cruz

Um estudo publicado em agosto na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz encontrou, entre os índios aruák (como os povos waurá, mehináku e yawalapati) do Alto Xingu, no Mato Grosso, uma elevada prevalência de excesso de peso, aumento da taxa de lipídios no sangue e pressão alta. Esses resultados, se comparados aos de pesquisas anteriores, revelam uma piora das condições de saúde dos índios, sobretudo dos homens. Esta população, cujos hábitos de vida conferiam proteção contra doenças crônicas, está se tornado vulnerável a problemas cardiovasculares, diabetes e outros agravos.

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Índios waurá se preparam para uma dança ritual no Alto Xingu (Foto: Nicolas Reynard/The New York Times)

O estudo foi coordenado pelo professor Roberto G. Baruzzi, do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Integrante da equipe de pesquisa, a doutora em saúde pública Suely Gimeno relata que a alimentação das tribos está passando por mudanças. Peixe assado ou cozido, mandioca, amendoim, milho, banana, cana, mel e frutas ainda são destaques nas refeições. No entanto, em tempos mais recentes, outros ingredientes têm sido adicionados, como o sal comum, o açúcar e o óleo de cozinha – este responsável pela ingestão mais freqüente de frituras. As dietas dos índios são, hoje, mais ricas em carboidratos e gorduras e mais pobres em fibras.

Essas mudanças na alimentação, somadas a outras transformações no estilo de vida, como redução da atividade física, têm como conseqüência o maior risco de obesidade e de doenças associadas ao excesso de peso. Os pesquisadores da Unifesp, após examinaram cerca de cem índios adultos do sexo masculino, verificaram que 52% deles se encontravam acima do peso ideal, sendo que 15% estavam obesos. Além disso, 38% apresentavam pressão alta e 77% tinham taxas elevadas de lipídios no sangue. Entre as cerca de cem índias adultas que participaram do estudo, mais da metade apresentava obesidade abdominal.

“O processo de transição epidemiológica e nutricional observado em nosso meio (e também nas populações indígenas) tem em comum a consolidação do excesso de peso como um agravo nutricional associado à presença de diversas doenças crônicas não-transmissíveis”, diz o artigo publicado na revista da Fiocruz. “Esses achados sugerem a necessidade de implementação de medidas urgentes que visem tanto ao controle quanto à prevenção da obesidade e outros fatores de risco cardiovasculares também entre esses indivíduos”.



Leia o texto completo no endereço da Fiocruz.

Fonte: Agência Fiocruz

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