Organização Pan-Americana de Saúde quer banir gordura trans

Lígia Formenti, de Brasília

A gordura trans, ou hidrogenada, pode ser banida das Américas num curto espaço de tempo. Um documento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que será apresentado nesta quarta-feira, no Brasil, Estados Unidos e Chile, defende a eliminação deste tipo de gordura - usada em uma série de produtos industrializados e encontrada em alimentos fast food - e a restrição de gorduras saturadas. Formulada por 21 especialistas, a proposta tem como principal objetivo reduzir o número mundial de problemas cardíacos.

Em outubro, o documento deverá ser submetido à votação no Conselho Diretivo da OPAS, formado por ministros de saúde. "Nesta oportunidade é que prazos deverão ser acertados para a substituição da gordura trans por outros tipos, menos prejudiciais à saúde", afirmou o professor titular do departamento de nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e um dos integrantes do grupo de trabalho, Carlos Monteiro. Especialistas dão como certa a adoção da medida no Brasil, depois de sua aprovação pelo Conselho da OPAS.

Para fundamentar o pedido de restrição total da gordura trans, pesquisadores do grupo de trabalho citam um trabalho feito pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. O trabalho mostra que uma redução de 4,5 gramas diárias deste tipo de gordura na dieta poderia evitar mais de 10 mil mortes por ano.

Usada desde o início do século passado, a gordura hidrogenada teve seu consumo ampliado a partir da década de 50. Até pouco tempo, era um dos ingredientes da margarina - que pessoas usavam para fugir da gordura animal e evitar, assim, problemas cardíacos. A tática, no entanto, foi inútil. Nos últimos anos, os malefícios da gordura trans começaram a ser descobertos e hoje ela é considerada como uma das principais vilãs da saúde pública. Estudos demonstram íntima relação entre o consumo excessivo deste tipo de gordura com enfartes. Há também trabalhos que sugerem ainda que a gordura também aumenta o risco de diabetes e morte súbita.

Com a mesma velocidade que malefícios da gordura trans foram propagados, providências para redução do consumo foram adotadas no mundo. Na Dinamarca, o produto foi banido. Fabricantes tiveram oito meses para se adaptar. Hoje, algumas redes de fast-food já reduziram de forma significativa o uso deste tipo de gordura. Algumas marcas de margarina também alteraram sua composição. "Não é uma mudança que provoque um impacto financeiro significativo para as indústrias", garante o professor Monteiro. Ele estima que, caso a recomendação seja adotada no Brasil, em dois anos já seria possível ter o banimento da gordura trans.

Fonte: http://cienciaesaude.uol.com.br/

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