Um terço das espécies de peixe do Rio Amarelo já se extinguiram


Mais de 30% das espécies de peixe do Rio Amarelo já se extinguiram, revelaram funcionários governamentais chineses esta semana. "Existiam mais de 150 espécies de peixes a viver no Rio Amarelo mas agora um terço desapareceu de vez", referiu o ministro da agricultura num jornal local.

O funcionário do ministério da agricultura também referiu que as capturas n rio declinaram em 40% e enfatizou o papel do Homem, com a construção de barragens e a poluição, nesta catástrofe ambiental. "A sobre-exploração, as descargas sucessivas e os projectos hidroeléctricos ao longo do rio degradaram o ecossistema fluvial", disse ele.

O governo chinês estima que 66% da água do Rio Amarelo esteja tão poluída que é imprópria para consumo humano. Jennifer Turner, chefe do fórum sobre o ambiente chinês do Woodrow Wilson International Center for Scholars em Washington, D.C., diz que as águas poluídas do rio são o reflexo de um problema nacional que ameaça tanto a vida selvagem como a saúde pública.

"O Rio Amarelo é o rio mãe", diz Turner, referindo-se ao facto de esta via fluvial ter sido crucial para o desenvolvimento da civilização chinesa no norte do país. "Se o rio mãe está doente, é uma forte indicação de que a China não tem capacidade para proteger os seus recursos hídricos."

O governo chinês também considera que perto de 70% dos rios e lagos do país estão fortemente poluídos.

O Rio Amarelo é o segundo maior rio da China, logo a seguir ao Yangtze, percorrendo perto de 5500 Km desde o planalto árido de Qinghai no Tibete à baía Bo Hai no Mar Amarelo. Ao longo do seu percurso, o rio é fonte de água para mais de 155 milhões de chineses.

Mas o rio tem sofrido uma diminuição do caudal nos últimos anos, a ponto de em anos de seca não chegar água a certas zonas. A redução da precipitação é apontada como causa desta redução e sugere que as alterações climáticas podem piorar o problema.


Ainda assim, a acção humana também tem responsabilidades, com as toneladas de água removida do rio para alimentar as florescentes cidades, industrias e campos agrícolas ao longo das margens. "O problema é o rápido desenvolvimento da bacia do rio nos últimos 25 anos", diz Turner.

Em 2006 o nível do rio atingiu mínimos históricos, uma situação que exacerba o problema da poluição. "A diluição é a solução para a poluição", diz Turner, "logo o rio estar a secar tem sido o golpe final para as populações de peixe."

Apesar das espécies extintas estarem perdidas para sempre, outras ainda podem ser salvas e as águas do rio podem ser limpas. Turner diz que tudo tem que começar com alterações políticas.

"As reformas económicas chinesas foram bem sucedidas porque descentralizaram a autoridade para os governos locais", explica ela, "mas a sua motivação é o desenvolvimento económico. Muitos dos problemas de poluição estão associados a corrupção e o governo central não tem tido poder para aplicar as leis ambientais."




O Rio Amarelo, também conhecido como Huang He, é o segundo mais longo rio da China, medindo 5.464 km com uma bacia de 752.000 km².

É de grande importância para a economia chinesa pois o seu vale tem terras férteis, bons pastos e importantes jazidas minerais.

Foi nesse rio que a civilização chinesa começou.

Domesticação do Rio Amarelo


Huang He na cidade de Lanzhou

O Rio Amarelo recebe no verão um grande volume de águas originadas do degelo nas montanhas no oeste da China, e isso causava grandes inundações períódicas em toda a bacia. O loesse trazido pelo rio sedimenta-se, causando seu assoreamento, agravando as enchentes. No início do estabelecimento humano, as enchentes repentinas causavam tantas mortes que os chineses ainda apelidam o Rio Amarelo de "Rio das Lamentações". Por causa destas eventualidades, os chineses demoraram séculos para ocupar de forma permanente a grande e fértil planície central da bacia do Rio Amarelo.

O controle das inundações surgiu em algum momento por volta de 2.200 a.C., quando um extenso sistema de diques, canais de escoamento e reservatórios foi construído, contendo o excesso de água proveniente do degelo e possibilitando o cultivo permanente da planície central.

A construção destes sistemas data de antes dos registros escritos, e por isso sua documentação posterior é cercada de lendas. Uma delas a atribui a um imperador lendário, Yü o Grande, que teria coordenado a construção dos diques e terminado com uma inundação que teria durado 13 anos. Após tal feito, ele teria sido alçado ao status de divindade. A lenda perpetrou-se na cultura chinesa posterior, e há um provérbio local que diz: "Não somos peixes graças a Yü".

Fontes: simbiotica.org e Wikipedia

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