Gastrite - 80% dos portugueses infectados por Helicobacter pylori

80% dos portugueses infectados por Helicobacter pylori.

Quase 100% da população adulta da América do Sul e da África está infectada.

Sabe-se que 50% da população mundial se encontra infectada por este microorganismo. Em Portugal, esta infecção estende-se a cerca 80% da população adulta. Contudo, de entre os indivíduos infectados, só 10% a 20% é que desenvolvem doenças sintomáticas no estômago ou no duodeno, que podem ser de diversos tipos: gastrites, úlceras gástricas ou duodenais, cancro gástrico de tipo carcinoma (cancro do epitélio) ou linfoma (cancro de linfócitos).

A infecção por Helicobacter pylori é feita por via oral, através de transmissão oro-oral ou feco-oral. A ingestão de águas e de alimentos contaminados, ou mesmo o contacto pessoa-a-pessoa, podem ser processos de transmissão da bactéria.

A melhoria das condições económicas e sanitárias e o aumento dos cuidados de saúde têm contribuído para a diminuição da incidência da infecção por Helicobacter pylori e, consequentemente, do cancro do estômago.



Natureza do Helicobacter pylori

Helicobacter pylori é uma bactéria em forma de bastonete espiralado, semelhante a um sacarrolhas, com vários flagelos unipolares. Esta bactéria coloniza o estômago, movendo-se através do muco até ao epitélio gástrico.
A sobrevivência da bactéria no meio ácido do lúmen do estômago, parecia ser um enigma. Hoje, sabe-se que a capacidade de sobrevivência da bactéria se deve a vários factores. Um deles é a capacidade que este microorganismo tem de se mover e de mergulhar na camada de muco, protegendo-se, deste modo, do suco gástrico. Esta mobilidade é facilitada pela sua forma e pela presença de flagelos. Outro factor é o aumento do pH periplasmático bacteriano.

"Helicobacter pylori sintetiza e excreta a enzima urease que, degradando a ureia, produz CO2 e amónia. Esta ajuda a neutralizar a acidez gástrica, criando assim um nicho ecológico relativamente próximo da neutralidade, óptimo para a sobrevivência da bactéria", explicou Fátima Carneiro.

Além disto, a bactéria tem também a capacidade de aderir (através de moléculas de adesão, as adesinas) à mucosa gástrica o que impede que seja levada, pelos movimentos peristálticos, para o intestino. A bactéria pode danificar a camada de muco que reveste o epitélio do estômago. Após a lesão desta camada, atinge as células produtoras de muco, existentes no epitélio estomacal, lesando-as e provocando uma reacção inflamatória. Daí que quanto mais espessa for a camada de mucinas, mais dificuldade terá o Helicobacter pylori em atingir o epitélio estomacal e mais protegido estará o hospedeiro.



Os perigos da infecção por Helicobacter pylori

O perigo está na produção de citotoxinas por Helicobacter pylori que danificam a mucosa, provocando uma reacção inflamatória. Por sua vez, esta reacção desencadeia uma resposta do sistema imunológico, atraindo ao local os linfócitos. Estes vão em defesa do organismo mas, infelizmente, poderão também contribuir para causar lesões.

Como a reacção inflamatória pode durar anos, em algumas situações, pode dar lugar a uma gastrite crónica com redução (atrofia) das glândulas gástricas que produzem enzimas e ácido clorídrico, acompanhando-se de hipocloridria.

Esta situação pode, posteriormente, desencadear o aparecimento de uma úlcera gástrica. Neste caso, ocorre a destruição parcial do epitélio e do tecido conjuntivo subjacente, com a constitição de uma espécie de "ferida" revestida por restos necróticos, fibrina e células inflamatórias.

A hipocloridria predispõe também ao aparecimento de cancro gástrico, mas não ao aparecimento de úlcera duodenal.

Note-se contudo que, para muitas pessoas, esta bactéria pode ser inofensiva, isto é, a interacção com o hospedeiro não é sempre de patogenecidade. Podem estabelecer-se relações de comensalismo, dependendo da estirpe do microorganismo ou das condições mantidas com o hospedeiro.

De acordo com informações fornecidas por Fátima Carneiro, esta situação deve-se à existência de estirpes que apresentam diferentes graus de virulência, uma "más", capazes de causar doença, e outras "neutras" ou mesmo "boas", sem capacidade patogénica. Tudo depende da presença ou ausência de determinados genes bacterianos e destes apresentarem variabilidade genética que condiciona diferentes graus de virulência.

As estirpes mais virulentas são as que apresentam os genes cagA e alguns alelos do gene vacA.

Investigadores verificaram que, em algumas estirpes de Helicobacter pylori, existe, por exemplo, o gene GST-u, responsável pela produção de uma enzima com capacidade de destruir várias substâncias cancerígenas. Estas pesquisas revelaram ainda que era mais comum o cancro de estômago em pacientes infectados por Helicobacter pylori sem o gene GST-u no seu genoma do que em indivíduos infectados por Helicobacter pylori em que esse gene esteja presente.



Infecção adquirida na infância

A infecção pela Hp adquire-se normalmente na infância e, caso não haja tratamento, permanece ao longo da vida. Fátima Carneiro esclareceu que não é aplicado tratamento de erradicação em todos os indivíduos infectados por Helicobacter pylori porque nem todos estão infectados com estirpes virulentas.
Tal como foi referido, muitas das infecções são "benignas" e um tratamento excessivo poderia conduzir a um aumento de resistência de Helicobacter pylori aos antibióticos. Além disso, o tratamento é dispendioso em termos de saúde pública.

Isto não invalida o facto de ser necessário investigar e tratar os indivíduos infectados e com sintomas, por exemplo os que têm úlcera do estômago ou do duodeno assim como os que tenham sido submetidos a cirurgia por cancro gástrico.

Os sintomas são muito variados, compreendendo sensações de azia ou de queimor ao nível do estômago, dores abdominais, náuseas, vómitos, flatulência e diminuição do apetite, que deverão levar os indivíduos a consultar o médico.

O diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori pode fazer-se por exame histológico de biópsias obtidas por endoscopia, por testes respiratórios com ureia "marcada" ou através da pesquisa de anticorpos no soro. O exame histológico de biópsias permite, para além do diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori, estudar as lesões provocadas na mucosa gástrica por este microorganismo.

O tratamento consiste, geralmente, numa terapia tripla (ou quádrupla), à base de um anti-ácido e dois antibióticos diferentes, para que a sua erradicação seja eficaz, pois este microorganismo, como outras bactérias, adquire resistância aos antibióticos.



Outros factores de risco

Para além dos dois factores de risco já referidos (espessura do muco e presença de Helicobacter pylori), Fátima Carneiro referiu a existência de muitos outros factores quer inerentes ao próprio hospedeiro, relacionados com a constituição genética dos indivíduos e os grupos sanguíneos, quer ambientais, como a alimentação.

Relativamente aos grupos sanguíneos, os indivíduos com sangue tipo O têm maior risco de serem infectados por Helicobacter pylori, embora os de tipo A tenham maior probabilidade de desenvolverem cancro de estômago.

No que respeita à alimentação, há que ter em conta que a incidência de cancro de estômago depende também dos hábitos alimentares. Uma equipa de investigadores portugueses (A. Costa Pereira, L. F. Azevedo e outros) concluiu que o consumo de vegetais está intimamente ligado a um menor número de mortes por este tipo de cancro. A mesma equipa verificou que no norte de Portugal é grande o consumo de batatas, arroz e vinho, sendo também mais elevado o número de mortes por cancro de estômago. Na zona sul, onde a alimentação é mais rica em vegetais e frutos o número de mortes por cancro do estômago é mais baixo.

Portanto, actuando conjuntamente, frutos e vegetais, ricos em vitaminas C e E, carotenos, ácido fólico, fibras, etc, podem reduzir o risco de desenvolvimento de cancro do estômago.


Trabalho realizado pelo grupo da Escola Secundária Cal Brandão.
Apoio e revisão científica de Fátima Carneiro, investigadora do IPATIMUP
Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto

Outras fontes:
http://www.gastroalgarve.com/doencasdotd/estomago/helicobacterpylori.htm



Por que brócolos/brócolis é tão saudável?



Umas das razões são as propriedades anticancerígenas e outros nutrientes que discutiremos depois nas propriedades fitoquímicas que também combatem outras doenças. Estudos recentes relataram que o brócolis contém um elemento químico (fitoquímico) que inibe o desenvolvimento da bactéria H Pylori!

Helicobacter pylori (H Pylori) é a causa principal de gastrite e úlcera estomacal. Infelizmente, estudos têm mostrado uma correlação entre repetidos ataques de H Pylori com o câncer no estômago. A H Pylori tem provado ser uma variedade muito obstinada de bactéria como alguns de nós devem saber depois de múltiplas dosagens de antibióticos durante o período de infecção recorrente. Os fitoquímicos encontrados no brócolis, de acordo com esses estudos, têm demonstrado inibir o desenvolvimento, em culturas de células humanas e de ratos, até de variedades da bactéria resistentes a antibióticos.

O que é um fitoquímico? Fitoquímicos são compostos não-nutrientes encontrados em plantas que têm atividade biológica no corpo humano. Afinal de contas, plantas estão no planeta há muito mais tempo que nós. Então esses compostos têm desempenhado um papel na sua sobrevivência e o desempenham em nossa sobrevivência também.

Brócolos/Brócolis contém alguns fitoquímicos e o mais conhecidos são Sulforafano e Indoles.
Brócolos/Brócolis também contém outros tipos de fitoquímicos também conhecidos por terem ou capacidades de proteção contra o câncer/cancro, ou propriedades de produção de enzimas que destroem células cancerígenas. Sulforafano é o principal fitoquímico descoberto que elimina a H Pylori.

Agora, caso tudo isso ainda não seja suficiente, brócolos/brócolis também contém grande quantidade de Vitamina C, e levando-se em consideração o peso contém mais vitamina C do que a laranja (1 xícara de brócolos tem quase o dobro de vitamina C do que uma laranja). Brócolos/Brócolis também contém Vitamina A, folacin, potássio, cálcio e 5 gramas de fibras alimentares por xícara. Com 25 calorias por xícara cru o brócolos/brócolis nos dá muitas razões para comê-lo frequentemente.

Brócolos é um desses alimentos que nos abastece sem nos encher. Coma-o com um ótimo prato de baixa caloria, ou o adicione às saladas.

NOTA: Para facilitar o entendimento usei os dois termos brócolos/brócolis e cancro/câncer(português de Portugal e português do Brasil)


Fonte: http://www.copacabanarunners.net/brocolis.html

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