Sons de gargalhadas estimulam outros cérebros a sorrir

Sons de gargalhadas e risos são ‘contagiosos’ devido a um sistema de espelho existente no cérebro humano. Cientistas apresentam estudo que demonstra que existe uma zona do cérebro que activa músculos faciais em resposta a estímulos auditivos.




O acto de bocejar, por vezes, parece desencadear uma corrente de bocejos junto de outras pessoas. Este é um fenómeno sobre o qual os mais atentos já se terão questionado e para o qual cientistas indicam existir dentro de um nosso cérebro um sistema de ‘imitação’ facilmente influenciável e contagioso.

De acordo com os cientistas, o mesmo parece acontecer em expressões verbais num grupo de amigos ou imitação de movimentos e posturas corporais. Os investigadores defendem que esta ‘imitação’ de comportamentos é comum nos humanos devido a um aspecto de relacionamento e fortalecimento das relações sociais.

Mas se alguns estudos já demonstraram evidências sobre a possibilidade da existência de redes ‘espelho’ corticais sensoras-motoras terem um forte impacto nos aspectos visuais da comunicação entre os primatas, o mesmo não tinha acontecido, até agora, para interacção auditiva-motora.

Na actual edição, 13 de Dezembro, da publicação cientifica Journal of Neuroscience, cientistas do University College London, no Reino Unido, apresentam um estudo onde demonstram como o som de uma gargalhada de uma pessoa pode desencadear um sorriso ou gargalhada noutra pessoa.

De acordo com os especialistas, isso acontece ao nível do cérebro, já que perante o estímulo de um som agradável, como uma gargalhada ou sorriso, outra pessoa tende a activar os músculos faciais, também, para sorrir.

«Nós demonstramos que uma rede humana de regiões do córtex premotor activadas durante o movimento facial está também envolvida no processo auditivo de vocalizações afectivas não verbais», escrevem os cientistas no Journal of Neuroscience e adiantam que, «com esta rede espelho auditiva-motora, diferentes subsistemas funcionais respondem preferencialmente a valência emocional e propriedades de estimulação de vocalizações ouvidas».

Para chegarem a esta conclusão, os cientistas ingleses submeteram um grupo de pessoas a sons agradáveis, como gargalhada, e a sons desagradáveis, como os de vómito. Para monitorizarem a reacção dos voluntários, observaram os cérebros dos mesmos através de imagens de ressonância magnética funcional.

Os cientistas indicam que todos os sons desencadearam respostas no córtex premotor do cérebro (uma área que está envolvida na activação dos músculos faciais), no entanto, referem que a resposta neural no córtex foi duas vezes superior perante os sons agradáveis do que os desagradáveis. Dados que levam os cientistas a concluir que o sons agradáveis são mais ‘contagiosos’ que os desagradáveis.

«Os nossos resultados demonstram que ouvir vocalizações não verbais pode automaticamente envolver a preparação de gestos orofaciais de resposta, um efeito que é maior para valência positiva e grande estimulação de emoções», escrevem os cientistas no Journal of Neuroscience.

Por outro lado, «o envolvimento automático de gestos orofaciais de resposta pelas vocalizações emocionais sugere que as interacções auditivas-motoras fornecem um mecanismo fundamental para espelhar os estados emocionais dos outros durante o comportamento social dos primatas. A facilitação motora por emoções vocais positivas sugere um mecanismo básico para estabelecer laços consistentes entre grupos sociais de primatas», concluem os cientistas.

Comentários

Mariana Soares disse…
Oi Luis, muito interessante esta pesquisa (sabe a fonte?).
O mestre budista Thich Nhat Hanh reflete sobre o poder do sorriso de forma simples e poética e gostaria de compartilhar aqui:
"O sorriso refresca todo o seu ser e fortalecerá sua prática. Não tenha medo de sorrir. Ele nutre mais paz e alegria dentro devocê."
(do livro: Meditaçao Andando)
Namastê.
Mariana
Luis Guerreiro disse…
Eu li esse livro há tanto...

A fonte é Edição de 13 de Dezembro, do "Journal of Neuroscience"

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